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CONHEÇA A COMANDANTE QUE DISPAROU OS MÍSSEIS TOMAHAWK CONTRA A SÍRIA

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Em tempos em que se discute o papel da mulher como combatente nas forças armadas e de efervescência no movimento feminista, vale a pena conhecer a trajetória de Andria Slough, comandante do destróier USS Porter, uma das belonaves que lançou os mísseis Tomahawk contra instalações militares da Síria.


No último dia 7 de abril os EUA lançaram um ataque com mísseis Tomahawk contra a Síria pela primeira vez desde que a guerra civil naquele país começou há seis anos, tendo como alvo a base aérea de Shayrat perto de Homs (imagem acima). Os EUA alegaram que esse foi o local a partir do qual as forças sírias lançaram um ataque químico contra a cidade de Khan Sheikhun, na capital rebelde, dias antes.

A comandante do USS Porter - um dos dois destróieres da Marinha que lançaram os mísseis de cruzeiro - é uma graduada da Academia Naval de Annapolis da turma de 1998. A Comandante (no Brasil, posto equivalente a capitão-de-fragata) Andria Slough se formou na academia com diploma de bacharel em engenharia oceânica e comanda o destróier lançador de mísseis guiados USS Porter (DDG-78) desde 28 de janeiro de 2016, sendo a primeira mulher a liderar o navio. 

O destróier lançador de mísseis guiados USS Porter (DDG-78), da Classe Arleigh Burke, com capacidade para operar o sistema de mísseis balísticos AEGIS,

O presidente Donald Trump ordenou ao destróier, juntamente com o USS Ross (DDG-71), que lançasse 59 mísseis de cruzeiro Tomahawk em resposta a um ataque com armas químicas contra civis sírios no início desta semana. Os mísseis atingiram uma base aérea, onde os militares sírios supostamente lançaram armas químicas contra seu povo.

Durante sua carreira no mar, desenvolvida quase que integralmente a bordo de destróieres, Andria Slough serviu como oficial de centro de informações de combate, auxiliar e oficial de eletricidade no USS O'Brien (DD-975). Posteriormente também trabalhou como oficial de armamento no USS The Sullivans (DDG-68); oficial imediato e comandante do navio-varredor USS Defender (MCM-2) e oficial imediato no próprio USS Porter.

A Comandante Andria Slought, com ampla experiência de serviço em destróieres, foi a primeira mulher a comandar o USS Porter e, atuando na linda de frente de combate das forças armadas dos EUA, disparou os mísseis Tomahawk contra alvos militares na Síria.

Quando desembarcada, a Comandante Slough serviu no Centro de Treinamento e Preparação de AEGIS (sistema defensivo de mísseis balísticos) em Dahlgren, Virgínia, e como instrutora técnica para comandantes e oficiais imediatos. Participou do desenvolvimento inicial da capacidade de Defesa de Mísseis Balísticos AEGIS e chefiou a Força-Tarefa LCS/DD (navios de controle do litoral e destróieres). Transferida para a sede do Comando Central dos EUA em Doha, Catar, atuou no Centro de Coordenação da Força das Forças Amigas como Oficial de Operações Navais. Serviu, ainda, como Diretora-Adjunta de Operações Marítimas da Defesa de Mísseis Balísticos Marítimas e Treinamento, do Escritório do Programa de Defesa de Mísseis Balísticos da AEGIS.

A formação da Comandante Slough inclui um Mestrado em Políticas Públicas e Administração, com concentração em Estudos de Segurança e Inteligência, da Universidade de Pittsburgh, e qualificação como um Oficial de Serviço Conjunto. Seus prêmios pessoais e condecorações incluem a Medalha de Serviço Meritório da Defesa, a Medalha de Serviço Meritório, prêmio de Piloto de Navios da Frota do Pacífico do Ano e o Prêmio de Liderança Vice-Almirante John D. Bulkeley. 

Fotografia aérea analisando o resultado dos ataques contra a base aérea síria de Shayrat.


Fonte: US Navy e The Capital Gazette



CONFERÊNCIA EM PORTO ALEGRE - MORTE, MUSEU E HISTÓRIA

SIMÓN BOLÍVAR DERROTA OS ESPANHÓIS NA VENEZUELA

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Em 24 de junho de 1821, Simón Bolívar comandou o exército de rebeldes sul-americanos que derrotou os espanhóis em Carabobo, perto de Caracas, na principal batalha pela independência do país.


Por Norbert Ahrens


A luta pela independência das colônias e vice-reinos espanhóis na América do Sul já durava 12 anos quando o rei da Espanha, Fernando VII, decidiu enviar reforço europeu para as suas tropas, no início de 1821. O inimigo a ser derrotado chamava-se Simón Bolívar, comandante que superava os espanhóis em determinação e, se necessário, em brutalidade.

Oriundo de família aristocrata criolla, José Antonio de la Santíssima Trindad Simón Bolívar y Palácios (1783-1830) ficou conhecido como El Libertador das colônias espanholas da América do Sul. Educado por um discípulo de Jean-Jacques Rousseau, passou a juventude na Espanha e França, onde acompanhou movimentos revolucionários.


"Guerra até a morte"

Ele retornou à Venezuela em 1807 e iniciou atividades anticoloniais clandestinas. Em 1813, entrou com suas forças em Caracas, onde foi recebido como libertador, mas em seguida enfrentou oposição, sendo levado a refugiar-se na Jamaica. Lá escreveu a célebre Carta da Jamaica, em que expôs as razões da emancipação americana.

De volta ao continente, obteve brilhantes vitórias militares e tornou-se capitão-geral dos revolucionários no norte da América do Sul. Na manhã de 24 de junho de 1821, comandou 5 mil patriotas e um pequeno batalhão de soldados britânicos que enfrentaram cerca de 7 mil espanhóis na planície de Carabobo, cerca de 100 quilômetros a sudoeste de Caracas, na principal batalha pela independência da Venezuela.

Simón Bolivar, El Libertador


Segundo Salvador de Madariaga, historiador espanhol, o exército da Espanha controlava Carabobo e o vale por onde os separatistas queriam chegar à planície. Bolívar foi informado, porém, da existência de uma trilha pouco usada, por onde enviou, sua cavalaria. Comandada pelo major José Antonio Páez, esta surpreendeu os espanhóis pelas costas, exatamente no momento em que Bolívar os atacava pela frente. Os espanhóis entraram em pânico e fugiram para não se tornar prisioneiros de guerra.


Consagração do mito

Cinco dias depois, El Libertador entrou pela segunda vez vitorioso em Caracas. A batalha de Carabobo consolidou o mito de Simón Bolívar, mas ainda seriam necessários mais cinco anos de lutas até a vitória decisiva sobre os espanhóis.

A revolta contra a metrópole fora desencadeada pela Revolução Francesa e foi favorecida pela ocupação da Espanha por Napoleão Bonaparte. "Nesse outono do reinado espanhol, governadores e vice-reis começaram a cair como folhas secas", escreveu Madariaga.

À frente de seu exército, Bolívar atravessou a Cordilheira dos Andes, tomou Bogotá e proclamou a República da Colômbia (união da Venezuela e Nova Granada), da qual foi eleito presidente. Ele comandou também as guerras de independência do Equador, Peru e Bolívia. Em 1826, era o chefe supremo do Peru e acumulava a presidência da Colômbia e da Bolívia.

Embora admirasse pessoalmente os feitos militares de Bolívar, o monarquista Madariaga não perdoou que o "Libertador tenha derrubado o império espanhol".

A máxima de Bolívar — "guerra até a morte"— foi uma realidade constante em sua vida. Em 1830, diante dos conflitos separatistas internos, abandonou o poder e se retirou para Santa Marta, na Colômbia, onde morreu de tuberculose antes de completar 48 anos. Santa Marta havia sido exatamente a cidade que por mais tempo permanecera fiel à coroa espanhola.


Sonho de um bloco hispânico unido

"A América é nossa pátria. Nossos inimigos são os espanhóis. Nossa bandeira é a independência; nosso objetivo, a liberdade." Assim Bolívar sintetizava seu pensamento libertário. Seu grande sonho era criar uma nação latino-americana que integrasse os hispano-americanos com os luso-americanos, como um bloco equivalente à América Saxônica. Mas morreu sem ver realizado esse sonho: a América Hispânica dividiu-se num grande número de pequenas de nações.

Em seus últimos dias de vida, Bolívar só colheu decepções, como descreve Eduardo Galeano, no livro As caras e as máscaras. "Nas ruas de Lima estão queimando sua Constituição os mesmos que lhe tinham dado de presente uma espada cheia de diamantes. Aqueles que o chamavam ‘Pai da Pátria’ estão queimando sua efígie nas ruas de Bogotá. Em Caracas, o declaram, oficialmente, ‘inimigo da Venezuela’. Lá em Paris publicam artigos que o infamam; e os amigos que sabem elogiá-lo não sabem defendê-lo... Bolívar, pele amarela, olhos sem luz, tiritando, delirando, baixa pelo Rio Magdalena rumo ao mar, rumo à morte."


Fonte: DW


I ENCONTRO DO LABORATÓRIO DE HISTÓRIA MILITAR E FRONTEIRAS DA UNIVERSO

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Caros amigos e amigas, 

Na próxima 5ª feira, dia 18, acontecerá o I  Encontro do Laboratório de História Militar e Fronteiras da Universidade Salgado de Oliveira, em Niterói-RJ, com o tema Dimensões da História Militar.

Inscrições no local. Haverá emissão de certificado.

Participem, nos sentiremos honrados com a presença de vocês.


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FORTALEZA DE MALACA

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A Fortaleza de Malaca localizava-se na cidade de Malaca, na Malásia. A estrutura que em nossos dias é denominada como "A Famosa" (em malaio, "Kota A Famosa") foi em tempos a Porta de Santiago. Esta era uma das antigas portas que se abriam da muralha para a cidade, defendida pelo baluarte de mesmo nome, voltado para o mar, que ali chegava à época.

Em sua origem, "A Famosa" era o epíteto da primitiva torre, erguida por Afonso de Albuquerque quando da conquista da cidade em 1511, mas que foi severamente danificada quando do cerco de 1640-1641, e que culminou com a conquista da cidade pelos holandeses.


"Fábrica da Cidade de Malaca: intramuros. Anno 1604.", por Manuel Godinho de Erédia. Em primeiro plano no interior da cerca, a torre de Albuquerque, "A Famosa".


Constituindo-se em um portal de entrada para o comércio com a China e o Extremo Oriente, Malaca foi o local para onde o comércio islâmico se voltou, após ser expulso do Oceano Índico pelas armadas de Portugal. No século XVI, este dinâmico entreposto contava com uma população estimada de 100 mil habitantes, defendido por um exército que ascendia a 30 mil homens. Pelo seu porto passavam os navios que exploravam as ilhas da atual Indonésia e dele teria partido a nau de Cristóvão de Mendonça que, de acordo com as "Décadas da Ásia", do cronista João de Barros, e a análise de oito cartas náuticas francesas da chamada "Escola de Dieppe" (a mais antiga das quais datada de 1536), teria sido o primeiro europeu a chegar à Austrália.

O primeiro contato entre Portugal e Malaca foi estabelecido por Diogo Lopes de Sequeira em 1509. Pouco depois, em agosto de 1511, foi conquistada pelo segundo Vice-rei do Estado Português da Índia, Afonso de Albuquerque, à frente de 17 navios e uma força de 1.200 homens que derrotou as forças do sultanato local. Albuquerque compreendeu que a cidade poderia representar uma importante ligação portuária para o comércio com a China, e de Malaca enviou mensageiros aos reinos do Sião, do Pegu (Burma), às Molucas e à própria China. No mesmo período, outros portugueses estabeleciam feitorias em lugares como Goa e Macau, a fim de criar uma sequência de portos amigáveis para as trocas comerciais luso-chinesas.
 

A fortificação portuguesa

Dando cumprimento às ordens régias de D. Manuel I (1495-1521), Albuquerque iniciou a construção de uma fortificação em posição dominante no alto de um monte, local onde antes se erguia a mesquita da cidade, empregando pedra retirada deste e de outros edifícios religiosos, bem como dos túmulos dos antigos sultões, além de pedra importada de zonas vizinhas, uma vez que em Malaca ela não existia.

A "Fermosa" ou "Famosa", como é designada em alguns textos do primeiro quarto do século XVI, foi erguida por Tomás Fernandes, e constituía-se primitivamente em uma torre assobradada de quatro pavimentos, servindo de residência ao capitão da praça, envolvida por um muro.

O seu primeiro capitão, Rui de Brito Patalim, tomou a seu cargo as obras de ampliação dessa estrutura, acrescentando mais um pavimento à torre. Agora com cento e trinta palmos de altura servia como atalaia, permitindo descortinar o horizonte por detrás da colina da cidade. Esta estrutura resistiu aos ataques e cercos de Malaios, Achéns e Bugis em 1551, 1568, 1575 e 1586. Entretanto, como as demais fortificações em estilo manuelino no Oriente, revelou-se ineficaz ante a artilharia de origem turca que o Sultanato de Achém, principal rival dos portugueses na região, passou a empregar a partir da década de 1560.

Por essa razão, uma nova cerca, em pedra, começou a ser erguida envolvendo a cidade, a partir de 1564. Em 1568, data de um dos raros desenhos quinhentistas de Malaca que chegaram até nós, não estava ainda concluída, sendo parte de sua extensão ainda em madeira. "A Famosa" passou então a ser designada como "Fortaleza Velha", constituindo uma cidadela intramuros da cidade.

Entre o final da década de 1560 até cerca de 1590, várias foram as alterações introduzidas na defesa. Na parte da cerca da cidade voltada ao mar, construiu-se o baluarte de São Pedro, também denominado como "Couraçada". A extremidade norte da cerca passou a terminar no baluarte de São Domingos e a extremidade sul no de Santiago, ligados por uma paliçada. No centro da paliçada pelo lado sul foi erguido o baluarte das Onze Mil Virgens. O perímetro murado da cidade totalizava então 1310 braças. Quatro portas davam acesso ao recinto fortificado, uma de cada lado. As mais usadas eram a Porta da Alfândega, que dava acesso à ponte sobre o rio de Malaca, e a Porta de Santo Antônio, a leste do baluarte das Onze Mil Virgens.

Pouco se conhece sobre a intervenção do milanês Giovanni Battista Cairati, arquiteto-mor de Portugal no Oriente sob o reinado de Filipe II de Espanha (1580-1598). Em 1588 esteve em Malaca para inspecionar as obras que ali se executavam. Introduziu melhorias e projetou estruturas que não chegaram a ser executadas, quer pelos elevados custos das obras de defesa, quer porque a zona voltada para o mar oferecia uma defesa natural então considerada suficiente. O projeto figurava presumivelmente num desenho de Manuel Godinho de Erédia, datado de 1604 que, não correspondendo às estruturas defensivas que a cidade então possuía, contém algumas das mais recentes inovações em matéria de arquitetura militar.

Nos últimos anos de domínio português, Malaca foi transformada numa Praça-forte quase inexpugnável, convicção que era partilhada pelos neerlandeses. Assim, nos anos que se seguiram, assistiu-se a um permanente assédio das forças da Companhia Neerlandesa das Índias Orientais a este território, que se iniciou em 1606 sob o comando de Matelief, a quem se opôs heróicamente André Furtado de Mendonça.

Os melhoramentos então introduzidos devem ter sido da responsabilidade de António Pinto da Fonseca, que chegou a Malaca em 1615 como visitador e inspetor-geral das fortalezas da Índia e que ali permaneceu, vindo a falecer em 1635, tendo ocupado diferentes cargos no governo da praça. A maior parte da cidade era então defendida por uma cerca de pedra e cal com vinte pés de altura e seis baluartes capazes de absorver o impacto da artilharia agressora, nomeadamente após a construção, no ângulo leste, de um baluarte de grandes dimensões sob a invocação da Madre de Deus. Parte do perímetro da cerca da cidade possuía então contra-muro e, em determinadas seções foram erguidas plataformas que permitiam os tiros da artilharia em diferentes direções.

Frequentemente ameaçada, posteriormente o perímetro da cidade também foi amuralhado, reforçado por seis baluartes.

 
O domínio Neerlandês

A praça-forte caiu em janeiro de 1641 no contexto da Guerra Luso-Neerlandesa, diante de uma força de 3000 homens a serviço da Companhia Neerlandesa das Índias Orientais, sob o comando de Caatekoe. A pequena guarnição portuguesa de 260 homens foi forçada a capitular, após um assédio de cinco meses, quando já não possuía alimentos, munições, e nem hipótese de ser socorrida.

A Fortaleza de Malaca sob o domínio neerlandês

Tal como os portugueses haviam feito 130 anos antes, os neerlandeses deram prioridade à reparação da fortaleza e à introdução de melhorias no poder de fogo como se lê no relatório do Governador Balthasar Bort de 1678. Já haviam renovado a porta que nos subsiste hoje, conforme a inscrição epigráfica que registra "ANNO 1670" sobre o seu arco. Encimando essa inscrição encontra-se a pedra de armas da Companhia Neerlandesa das Índias Orientais.

 
O domínio britânico

A praça mudou de mãos uma vez mais, em 1795, quando os neerlandeses o entregaram aos ingleses para impedir que caísse nas mãos do expansionismo francês de Napoleão Bonaparte. Em 1807, o Governador inglês, William Farquar, ordenou a demolição da fortificação, a pretexto das elevadas despesas da manutenção e, afirma-se, para prevenir que ela fosse utilizada contra os interesses britânicos na região. 

Nesse momento as defesas foram mais uma vez testadas, uma vez que centenas de trabalhadores não conseguiriam partir nem remover as antigas pedras, tendo sido necessário recorrer a explosões consecutivas que, uma testemunha ocular, descreve deste modo: "...pedaços do forte tão grandes como elefantes, foram pelos ares e caíram ao mar". Por intervenção oportuna de Thomas Stamford Raffles, fundador de Cingapura e grande apaixonado pela história, que visitou Malaca em 1810, esta pequena porta foi poupada da destruição.

Ruínas da Porta de Santiago na Fortaleza de Malaca

 
Descobertas arqueológicas
 
Em junho de 2003, uma estrutura, denominada como "Bastião de Santiago", foi descoberta durante as escavações para a construção do Dataran Pahlawan.

Em fins de novembro de 2006, durante os trabalhos de escavação de uma torre giratória de 110 metros de altura na parte antiga da cidade, veio à luz um trecho do que se acredita tenha sido o antigo "Bastião de Middelburgh". Dada a importância da descoberta, a construção da torre foi adiada indefinidamente. As autoridades museológicas de Malaca acreditam que a estrutura tenha sido erguida pelos neerlandeses, durante o seu período de ocupação, entre 1641 a 1824.


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REALIZADO O I ENCONTRO DO LABORATÓRIO DE HISTÓRIA MILITAR E FRONTEIRAS DA UNIVERSO

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Realizou-se no dia 18 de maio o I Encontro do recém-criado Laboratório de História Militar e Fronteiras da Universidade Salgado de Oliveira, com a mesa redonda "Dimensões da História Militar".

Na oportunidade, além de questões epistemológicas, os professores participantes da mesa apresentaram suas pesquisas em andamento.

- Prof. Jose Miguel Arias Neto, "A imprensa militar no Brasil e na Argentina no século XIX".

- Prof. Francisco Eduardo Alves de Almeida, "A Divisão Naval de Operações em Guerra".

- Prof. Carlos Daroz, "Trincheiras de papel: a Revolução de 1932 nas páginas dos jornais".

- Prof. Fernando Rodrigues, "Procurando a agulha no palheiro certo: a pesquisa nos arquivos militares".

Está programado para o segundo semestre o segundo encontro, que abordará a guerra nas Américas.

Algumas imagens do evento:




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CONFERÊNCIA NO IGHMB: "OS GAVIÕES DE PENACHO: A AVIAÇÃO CONSTITUCIONALISTA NA REVOLUÇÃO DE 1932"

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Caros amigos e amigas,

No próximo dia 23 de maio (3ª feira), às 14:30h, apresentarei no Instituto de Geografia e História Militar do Brasil a conferência

"OS GAVIÕES DE PENACHO: A AVIAÇÃO CONSTITUCIONALISTA NA REVOLUÇÃO DE 1932".

Vocês são meus convidados. Entrada franca. 

O Instituto de Geografia e História Militar do Brasil fica na Casa Histórica de Deodoro, Praça da República nº 197, Centro, Rio de Janeiro-RJ.


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ISRAEL DESCLASSIFICA MILHARES DE DOCUMENTOS DA GUERRA DOS SEIS DIAS

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Israel desclassificou nesta quinta-feira milhares de documentos oficiais que datam da Guerra dos Seis Dias e que relatam as discussões das autoridades israelenses sobre o futuro da Cisjordânia, cuja ocupação há 50 anos é o centro do conflito entre israelenses e palestinos.


Os arquivos nacionais israelenses publicaram milhares de documentos, gravações e depoimentos da guerra de 5 a 10 de junho de 1967, bem como das semanas anteriores e seguintes.  No final do conflito, que opôs Israel ao Egito, Jordânia e Síria, o Estado judeu ocupou a Cisjordânia, Gaza, Jerusalém Oriental, as Colinas de Golã e a Península egípcia do Sinai.

A publicação das atas do “gabinete de segurança” israelense permite o acesso inédito a informações sobre esta guerra, que já é alvo de muitas pesquisas e trabalhos históricos.

Em 15 de junho de 1967, cinco dias após o fim da guerra, os ministros do gabinete de segurança discutiram as diversas opções para os territórios ocupados. O ministro das Relações Exteriores da época, Abba Eban, alertou para um potencial “barril de pólvora” e os riscos da ocupação israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, manifestando os termos de um debate que ainda divide a sociedade israelense.

Aqui temos a presença de duas populações, uma se beneficia de todos os direitos civis e a outra tem todos esses direitos negados”, declarou Eban em um trecho publicado pela imprensa israelense.

É um quadro com duas classes de cidadãos que é difícil de defender, mesmo no contexto da história judaica. O mundo tomará partido do movimento de libertação deste um milhão e meio de palestinos", acrescentou.

De acordo com os documentos liberados, o primeiro-ministro Levi Eshkol cogitou enviar a população árabe para o Brasil

A possibilidade de transferir os palestinos para outro país foi avaliada durante a reunião do gabinete de segurança. O primeiro-ministro Levi Eshkol disse: “se dependesse de nós, gostaríamos de enviar todos os árabes para o Brasil”.

Ao que o ministro da Justiça, Yaacov Shimshon Shapira, objetou: “Eles são os habitantes desta terra e agora vocês os controlam. Não há nenhuma razão para expulsar os árabes e transferi-los para o Iraque”.

E Lévi Eshkol respondeu: “Não seria um grande desastre (…) Nós não nos infiltramos aqui, o território de Israel é nosso por direito”.

Estes documentos permitem também acompanhar a evolução moral do governo durante a guerra, o medo por sua explosão, a euforia após a destruição da força aérea egípcia e as vitórias israelenses nas frentes jordaniana e síria.

Fonte: Isto é

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V ENCONTRO DE ESCRITORES E JORNALISTAS DE AVIAÇÃO

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Na próxima semana participaremos do V Encontro, organizado pela Associação dos Pioneiros e Veteranos da Embraer, em São José dos Campos-SP.

O editor do Blog Carlos Daroz-História Militar participará do debate “Produção e comercialização de livros no Brasil”, junto com feras como Ozires Silva, fundador da EMBRAER, Mario Vinagre, Rudnei Dias da Cunha, Leandro Casella e Edvaldo Pereira.

A mesa redonda debaterá a comercialização de livros no Brasil, os caminhos da produção literária, os obstáculos a serem enfrentados e quais são as opções disponíveis no mercado atual.

Com mediação de Claudius D’Artagnan C. Barros, o debate acontecerá no dia 2 de junho, sexta-feira, das 16h30 às 18h, no V Encontro de Escritores e Jornalistas de Aviação.

Além disso, disponibilizaremos os nossos livros para venda.

Confira a programação do encontro.




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O HEROÍSMO DOS ATIRADORES ARGELINOS NA BATALHA DE FROESCHWILLER

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Por Renato Coutinho

"Nós vamos todos morrer aqui, se necessário for!" 
Coronel Pierre François Jean Raphael Suzzoni 
(comandante do 2º Regimento de Atiradores Argelinos em 1870).


Guerra Franco-Prussiana, agosto de 1870, França invadida. Batalha de Froeschwiller/Wörth (6 de agosto de 1870): 37.000 soldados e oficiais franceses, apoiados por 101 canhões, enfrentam 81.000 soldados e oficiais prussianos, bávaros e de Württemberg, com 300 canhões. Os militares franceses combateram com uma tenacidade fora do comum naquele dia, lutando em grande desvantagem numérica e enfrentando o devastador fogo da artilharia prussiana, superior em quantidade e qualidade. Aliás, diga-se de passagem, a artilharia prussiana salvou o dia, pois as brigadas e divisões de infantaria germânicas foram repelidas com muitas baixas sofridas nas primeiras três horas de batalha. 

Vários regimentos de infantaria de linha franceses lutaram muito bem. Muitos batalhões de Caçadores a Pé, quase todos, combateram muito bem (alguns combateram de modo extraordinário), mas o grande destaque foi para os três regimentos de Zuavos e os três regimentos de Atiradores Argelinos. Eles simplesmente combateram como demônios, lutando com ferocidade e tenacidade raramente observadas em um campo de batalha, pagando preço altíssimo pela resistência incrivelmente tenaz.

O 2º Regimento de Atiradores Argelinos foi a unidade francesa que sofreu maior número de baixas naquele dia. Esse regimento de infantaria de elite foi praticamente destruído. Durante quase seis horas de intenso combate, defendendo parte de uma floresta logo abaixo da vila de Froeschwiller, o 2º de Atiradores Argelinos primeiro derrotou e repeliu uma brigada de Infantaria da Bavária, com três regimentos de infantaria, contra-atacando ferozmente com carga de baioneta depois de violento e demorado tiroteio, colocando os bávaros em fuga acelerada. Em seguida, derrotou e repeliu uma brigada de Infantaria da Prússia, também com três regimentos de infantaria, novamente contra-atacando ferozmente com baionetas após sangrento e demorado tiroteio. 

"Nós vamos todos morrer aqui, se necessário for!", bradou o Coronel Pierre François Jean Raphael Suzzoni, comandante do 2º Regimento de Atiradores Argelinos, antes de perder a vida na batalha


Antes que a brigada prussiana entrasse em contato com seu regimento, o Coronel Suzzoni proferiu a arrepiante frase que aparece no topo do texto:

- "Nós vamos todos morrer aqui, se necessário for!"

O devastador fogo da artilharia prussiana causou muitas baixas no regimento durante o ataque da infantaria prussiana, e não cessou com o recuo da brigada prussiana.

Às 14:30h, Suzzoni foi morto ao ser atingido por um estilhaço de projétil de artilharia prussiano. A batalha continuou. Regimentos das duas brigadas germânicas que foram repelidas, mais uma descansada brigada de infantaria prussiana, lançaram novo ataque com enorme apoio da precisa artilharia prussiana. 

O 2º Regimento de Atiradores Argelinos resistiu durante mais 55 minutos antes de praticamente deixar de existir. O regimento foi flanqueado por ambos os lados e quase completamente cercado. Os militares deste regimento não arredaram, não perderam a coesão, não entraram em pânico, não tentaram correr e combateram até o amargo fim.

Atirador argelino na Guerra Franco-Prussiana.  Durante a Batalha de Froeschwiller, os homens do 2º Regimento lutaram como leões e a unidade sofreu 93% de baixas.

"Estávamos em um círculo de ferro e fogo", disse um atirador argelino. Quase todos os oficiais do regimento tombaram mortos ou feridos. O 2º Regimento de Atiradores Argelinos iniciou a batalha com 2.900 militares, oficiais e praças, e terminou o dia com apenas 250 homens aptos para o combate (esses 250 conseguiram escapar do cerco sob o comando de um capitão do regimento). O regimento sofreu 2.650 baixas, aproximadamente 93% de seu efetivo.


O capitão Henry Arthur Viénot foi o oficial mais antigo a sobreviver à batalha, e liderou os 250 homens remanescentes do regimento

Se o feito e o oficial protagonista fossem norte-americanos, britânicos ou alemães, e o combate tivesse acontecido no século XX, principalmente durante a 2ª Guerra Mundial, (aparentemente, a história militar se resume ao século XX), seria um feito de armas muito mais conhecido, admirado e lembrado e, provavelmente, já teria virado filme. Porém, como o combate não ocorreu no século XX e teve militares franceses como protagonistas, desses que se rendem após o primeiro disparo (o estereótipo idiota que predomina na internet), quase ninguém conhece essa batalha e número ainda menor conhece esse combate em particular. 

Poucos já ouviram falar ou leram sobre os soldados franceses que combateram como leões na Batalha de Froeschwiller. Raramente são lembrados fora da França.

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CONSULADO DA RÚSSIA HOMENAGEIA VETERANOS DE GUERRA EM EVENTO NO RIO DE JANEIRO

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Um perdeu os pais aos quatro anos, mortos de fome. Outro se voluntariou para guerra em nome de seu povo judeu massacrado. O terceiro foi convocado e viu colegas perecerem em batalha. Estas são histórias de veteranos da 2ª Guerra Mundial, que foram homenageados hoje no Consulado Geral da Rússia no Rio de Janeiro pela comemoração do Dia da Vitória.

O evento foi organizado pelo cônsul geral da Rússia no Rio, Vladimir Tokmakov e recebeu representantes da Associação dos Veteranos do Brasil e da Prefeitura do Rio de Janeiro. No evento, Tokmakov leu aos presentes uma mensagem do presidente russo, Vladimir Putin a dois ex-combatentes brasileiros e dois russos.

"[A Segunda Guerra Mundial]" nos mostrou as consequências monstruosas da violência e da intolerância racial, do genocídio e do tratamento degradante ao homem […]. A União Soviética perdeu naquele ano mais de 30 milhões de seus cidadãos. Entre os soldados caídos nos campos de batalha, havia pessoas de todas as realidades. A tristeza passou por todas as casas e todas as famílias. Respeitaremos aqueles que sacrificaram suas próprias vidas naquela ocasião, quem combateu e quem trabalhou na retaguarda", declarou Tokmakov durante o evento.

O cônsul também leu uma mensagem enviada pelo presidente Putin, que congratulou os veteranos, os agradeceu por garantirem "o céu livre sobre nossas cabeças" e disse que o povo russo "sempre comemorará a façanha da vitória e lembrará o mês de maio triunfal de 1945". Putin recordou a honrosa colaboração também dos que pereceram e enviou uma carta oficial com um selo em homenagem aos presentes.

Participaram os veteranos russos Tamara Souza e Eduardo Yaskevich e os brasileiros Carlos Henrique Bessa e Israel Rosental.


Declaração emocionada

Ao receber a homenagem, o veterano Carlos Henrique Bessa pediu a palavra. Médico convocado ao conflito, Bessa serviu no norte da Itália junto aos combatentes brasileiros. A localização era estratégica e impediu que os alemães continuassem explorando a região, especialmente os setores de agricultura e munição.

"Cada palavra que trazem a nós, veteranos, devemos transferir, uma por uma, àqueles que tombaram e que perderam a juventude e o resto da vida para que nós pudéssemos estar aqui hoje", afirmou Bessa.

O Brasil foi o único país da América Latina a participar ativamente dos combates na Segunda Guerra (ou Grande Guerra Patriótica, como chamam os russos). Estima-se que pelo menos 471 soldados brasileiros morreram no conflito.

Fonte: Sutniknews

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A FEB NA 5ª FEIRA LITERÁRIA DE VALENÇA-RJ

OS PORTUGUESES RECONQUISTAM O ARQUIPÉLAGO DE FERNANDO DE NORONHA

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Nos últimos dias de 1629, Matias de Albuquerque organizou uma pequena expedição para expulsar os holandeses que haviam invadido a ilha de Fernando de Noronha. Composta por sete caravelões e comandada pelo capitão de milícias Ruy Calaza Borges, a força portuguesa conseguiu retomar a ilha sem dificuldades, aprisionando sete holandeses e uma lancha com seis roqueiras (canhões que disparavam projéteis de pedra). Francisco Pereira da Costa deixou um relato sobre a ação:

“Em 14 de janeiro de 1630 regressa a Pernambuco o capitão Ruy Calaza Borges, de volta de sua expedição a Fernando de Noronha, trazendo consigo sete prisioneiros holandeses. Conforme as ordens que recebera, abordou ele a ilha pela parte L.S. [sudeste] onde existe uma pequena enseada e de lá seguiu a pé com toda a sua gente para o lado em que está o porto principal, onde contava achar os navios [holandeses]. Assim o fez de noite e encontrou fundeada uma só embarcação.

Tratou logo de formar três emboscadas sendo duas ao pé do ancoradouro e outra dirigida pelo capitão Pedro Teixeira Franco, no lugar em que se fazia a aguada.

Não tardaram os holandeses em vir à terra buscar n´uma lancha, tripulada por onze pessoas. Apenas os viu em terra caiu sobre eles a nossa gente, matando-lhes quatro homens, aprisionando sete e dando liberdade a sete prisioneiros portugueses que eles empregavam no serviço de marinhagem e haviam sido apresados numa embarcação que tinham capturado, e como sucedeu isto em lugar de bordo do navio não fora visto, ordenou o capitão Ruy Calaza que na mesma noite fosse o artilheiro Jorge da Fonseca com gente sua na mesma lancha levando preparações necessárias para deitar fogo na embarcação, o que este efetuou, retirando-se apenas [quando] viu que era percebido pela gente de bordo, que pressurosa correu a extinguir o incêndio que só danificou a popa do navio.

No dia seguinte fizeram-se de vela, e a nossa gente tratou de inutilizar tudo o que eles tinham feito na ilha e constava de uma bateria capaz de oito peças, que ainda não tinha, e quatro povoações, duas aonde se recolhiam quando estavam em terra e duas de negros que haviam capturado em um navio de Angola, os quais já tinham plantado muita mandioca. Havia também uma grande plantação de legumes e fumo. Tudo isso foi destruído, aprisionando-se alguns negros, fugindo a maior parte para as altas serras da dita ilha, aonde se esconderam.”

“Carta náutica do Atlântico”, do cartógrafo holandês Harmen Jansz, mostrando a Baía de Santo Antônio com galeões fundeados.



Conheça essa e outras histórias lendo:

A GUERRA DO AÇÚCAR: AS INVASÕES HOLANDESAS NO BRASIL


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VEM AÍ A IV OLIMPÍADA DE HISTÓRIA MILITAR E AERONÁUTICA DA ACADEMIA DA FORÇA AÉREA

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Academia da Força Aérea (AFA) realizará a quarta edição da Olimpíada de História Militar e Aeronáutica com a participação da Escola Naval e da AMAN.


Ao que tudo indica, o evento parece já ter sido incorporado ao calendário escolar da AFA, que realizará nos dias 9 e 10 de agosto de 2017 a IV Olimpíada de História Militar e Aeronáutica.  A iniciativa começou de forma experimental em 2014, quando 104 cadetes da Aeronáutica formaram 26 equipes para disputarem vibrantes provas de conhecimentos da História Militar, envolvendo assuntos da Antiguidade até a Idade Contemporânea.  Naquele ano, a equipe vencedora foi a Lima Mendes, que liderou o certame do começo ao fim. Os quatro cadetes campeões ganharam uma viagem de estudos para os Estados Unidos, onde visitaram alguns dos muitos museus da capital,  Washington DC. Depois conheceram Gettysburg PA, palco da maior batalha da Guerra Civil Americana e onde se situa um importante centro histórico sobre o confronto. 

Em 2015, a competição foi bastante acirrada, com a vitória da equipe John Boyd, apesar do favoritismo da equipe Lima Mendes, que ficou com o segundo lugar. A vitória foi conquistada em uma sensacional virada na última questão, que versava sobre as causas da derrota dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. Os cadetes campeões da John Boyd realizaram uma viagem de estudos a Recife-PE, onde visitaram, dentre outras atrações, o e o museu Brennand  e o Parque Histórico Nacional dos Guararapes. As visitações tiveram o apoio do II Comando Aéreo Regional e da 7ª Região Militar. 



Em sua terceira edição, no ano de 2016, a olimpíada passou a contar com a participação de aspirantes da escola Naval e cadetes da AMAN. A última rodada de questões concentrou perguntas sobre a Segunda Guerra Mundial, envolvendo a participação da Força Expedicionária Brasileira. Após uma disputada muito acirrada, a equipe John Boyd sagrou-se bicampeã, ficando em segundo lugar a equipe Lima Mendes, também da AFA, e em terceiro a estreante equipe Saldanha da Gama, da Escola Naval. 

A Olimpíada de História Militar da AFA, que ocorre em duas tardes e duas noites, é disputada por equipes de quatro cadetes em quatro etapas. Na primeira, que é eliminatória, os cadetes são submetidos a um teste escrito de 60 questões. Para a segunda fase, as seis equipes classificadas passam por uma série de baterias no modelo quiz.  A terceira etapa consiste em apresentações temáticas que são julgadas por uma banca avaliadora composta por professores e oficiais convidados.  Na quarta e última fase, as três equipes finalistas são submetidas a uma série de baterias de questões de pronta resposta oral.  As premiações são feitas na forma de medalhas de ouro, prata e bronze, especialmente confeccionas e fornecidas pelo Instituto Histórico Cultural da Aeronáutica. 

Segundo o idealizador do projeto educacional, o coronel da reserva Claudio Calaza, a ideia advém do bem sucedido modelo das olimpíadas escolares que se utilizam o lúdico como estratégia educacional. Segundo ele, que é professor de História Militar na AFA, foi uma maneira de estimular seus alunos ao estudo frente a uma carga horária limitada da disciplina e, ainda, diante da intensa vida acadêmica do cadete da Aeronáutica. Interessante saber que o ensino da História Militar é valorizado pelas escolas militares de todo o mundo, sendo considerada uma matéria propedêutica no estudo da tática, da estratégia e da logística. O militar em formação, ao mergulhar no estudo da História Militar, acredita, naturalmente, que esses conhecimentos lhe forneçam princípios válidos para a Arte da Guerra, mediante lições e exemplos dos líderes do passado.

Desde a III Olimpíada os organizadores buscaram ampliar o projeto convidando para a competição as escolas co-irmãs da Marinha e do Exército. A Escola Naval e a AMAN participaram, em 2016, com duas equipes cada. 

Além de incrementar a disputa e a motivação, a inovação tem por base a enaltecida interoperabilidade entre as Forças, agora aplicada no plano educacional e tendo a História Militar como campo de batalha.  

Paralelamente à competição, ocorre a IV Feira de livros de História Militar, onde editoras parceiras expõem seus livros e lançamentos.

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IMAGEM DO DIA - 6/6/2017 - 73 ANOS DO DIA "D"

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Após o sucesso das primeiras levas de assalto, navios de desembarque de carros de combate desembarcam reforços e suprimentos em praia da Normandia.

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PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR - MARECHAL JOHAN BANÉR

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* 23/6/1596 - Castelo de Djursholm, Suécia

+ 10/5/1641 - Halberstadt, Alemanha

Johan Banér  foi um Marechal-de-campo sueco na Guerra dos Trinta Anos.


Johan Banér Nasceu no Castelo de Djursholm em Uppland. Aos quatro anos de idade, foi forçado a testemunhar contra seu pai, o Privy Councillour Gustaf Banér, e seu tio, Sten Axelsson Banér (também um Privy Councillour), que foram executados no Massacre de Linköping em 1600. Eles foram acusados de alta traição pelo Rei Carlos IX devido ao apoio deles ao Rei Sigismundo. Apesar de ter sido o pai do Rei Gustavo Adolfo quem executou o pai de Banér, os dois desenvolveram uma forte amizade desde cedo, em parte por que logo após a coroação de Gustavo Adolfo, ele se encarregou de reinstalar a familia Banér.

Entrou no Exército Sueco em 1615, participando do cerco sueco a cidade de Pskov durante a Guerra Ingriana, Banér provou ser um jovem excepcionalmente corajoso. Também serviu com distinção nas guerras contra a Rússia e Polônia, e chegou ao posto de Coronel aos 25 anos de idade.

Em 1630, Gustavo Adolfo chegou à Alemanha e, como um de seus principais comandantes subordinados, Banér, serviu na campanha do norte da Alemanha. Na primeira Batalha de Breitenfeld liderou a ala direita da cavalaria Sueca. Esteve presente na tomada de Augsburg e de Munique, e teve papel importante em Lech e em Donauwörth.

No ataque sem sucesso ao acampamento de Albrecht von Wallenstein, na batalha de Alte Veste, Banér se feriu, e logo depois, quando Gustavo marchou sobre Lützen, foi deixado no comando do oeste, onde se opôs ao General Imperial Johann von Aldringen. Dois anos depois, Banér, com 16.000 homens, entrou na Boêmia e, junto ao exército saxão, marchou sobre Praga. Mas a total derrota de Bernard of Saxe-Weimar na primeira Batalha de Nördlingen parou o avanço.

Johan Banér no comando de suas tropas


Depois deste evento, a Paz de Praga colocou o exército sueco em uma situação precária, mas a vitória dos aliados de Banér, Carl Gustaf Wrangel e Lennart Torstensson em Kyritz e em Wittstock (em 4 de outubro, 1636), restaurou a influência sueca no centro da Alemanha. Porém, os três exércitos unidos eram considerados inferiores em força em relação aos derrotados, de forma que, em 1637, Banér foi completamente incapaz de confrontar o inimigo. Resgatando com grande dificuldade a guarnição de Torgau, ele bateu em retirada de Oder para Pomerânia.

Em 1639, entretanto, Banér novamente vai ao noroeste da Alemanha, derrota os saxões em Chemnitz e invade a Boêmia por conta própria. O inverno de 1640–1641 Banér passou no oeste. Seu último triunfo foi um audacioso ataque no Danúbio. Levantando acampamento no meio do inverno (ato muito incomum no século XVII), ele uniu forças com a França sob representação de Comte de Guébriant e surpreendeu Ratisbona, onde a Dieta estava. Apenas o gelo impediu a captura do lugar. 

Brasão de armas da família Banér

Banér teve de retirar-se para Halberstadt. Lá, em 10 de maio de 1641, ele morreu, após designar Torstenson como seu sucessor. Ele era muito estimado por seus homens, que levaram o seu corpo no campo de Wolfenbüttel. Banér foi lembrado como um dos melhores generais de Gustavo, e ofertas tentadoras (as quais ele recusou) foram feitas a ele pelo imperador para que Banér se submetesse ao império. Seu filho recebeu dignamente o título de conde.

Johan Banér esta enterrado na Igreja de Riddarholmen em Estocolmo.


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LANÇAMENTO DE "UM CÉU CINZENTO: A HISTÓRIA DA AVIAÇÃO NA REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932"

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Está pronta a nova edição do nosso livro 

Um céu cinzento: a história da aviação na Revolução Constitucionalista de 1932.

Você é meu convidado para o lançamento no Rio de Janeiro.




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BOMBARDEIRO DA 2ª GUERRA MUNDIAL É LOCALIZADO EM PAPUA NOVA GUINÉ

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Aeronave estava perdida há mais de sete décadas, junto com seus seis tripulantes

Usando um robô equipado com sonares, pesquisadores da Universidade de Delaware, nos EUA, descobriram os destroços de um bombardeiro B-25 no fundo do mar na costa de Papua Nova Guiné. Pertencente à Força Aérea Americana, a aeronave foi abatida pelos japoneses em combates travados durante a Segunda Guerra Mundial e estava desaparecida há mais de 70 anos, junto com seus seis tripulantes.

O B-25 é considerado um ícone da Segunda Guerra, período em que foram produzidos cerca de 10 mil aviões do tipo. Eles participaram de operações diversas, de bombardeios a missões de reconhecimento, e tiveram papel importante no ataque contra Tóquio. A região de Papua Nova Guiné foi palco de combates militares entre janeiro de 1942 e o fim da guerra, em agosto de 1945, com perdas significativas de aeronaves e militares, muitos dos quais continuam desaparecidos.

Bombardeiro B-25 em uma base no Pacífico


Katy O’Connell, da Universidade de Delaware, explica que o reconhecimento de destroços sete décadas após o desaparecimento não é tarefa fácil. O primeiro passo para tentar localizar as aeronaves perdidas é a condução de pesquisas em dados militares e relatos históricos, além de entrevistas com a população local para a definição de uma área de buscas. Feito isso, mergulhadores, robôs submarinos e sonares iniciam a varredura do fundo do oceano. Os destroços foram localizados a cerca de 40 metros de profundidade.

As pessoas têm a imagem mental de um avião repousando intacto no fundo do mar, mas a realidade é que a maioria das aeronaves é danificada antes da queda, ou se quebra com o impacto— disse Katy. — E após décadas no mar, eles quase sempre estão irreconhecíveis para o olho destreinado, normalmente coberto por corais e outras formas de vida marinha.

Torreta de metralhadoras nos destroços do B-25 localizado no fundo do mar


A descoberta fez parte do projeto Recover, que reúne pesquisadores das universidades de Delaware e da Califórnia e da organização sem fins lucrativos The BentProp. O objetivo é reunir informações sobre aeronaves e soldados perdidos em combate e encaminhá-las ao Departamento de Defesa dos EUA, que decide sobre a possibilidade de missões de resgate.

Qualquer achado no campo é tratado com cuidado, respeito e solenidade— disse Katy. — Ainda existem mais de 73 mil soldados americanos desaparecidos na Segunda Guerra Mundial, que deixaram famílias sem respostas sobre seus entes queridos. Nós esperamos que nossos esforços possam ajudar a trazer um fechamento e honrar o serviço dos que caíram.

Fonte: O Globo


A INCRÍVEL HISTÓRIA DE CORAGEM POR TRÁS DE UMA FOTO

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35 anos atrás, dois torpedos do submarino nuclear britânico HMS Conqueror feriram fatalmente o cruzador argentino ARA General Belgrano. E levaram para o fundo do oceano 323 vidas. Esta é a história heroica dos dois últimos membros da tripulação que deixaram o navio, minutos antes de afundar para sempre em um mar revolto


Por Gaby Cociffi

Dois homens na popa do navio afundando. Eles seguram na balaustrada em cima de um mar tempestuoso. Eles são os últimos restantes do gigante ferido de morte.

Abandono o navio ou não?, pergunta o comandante capitão Héctor Bonzo.

Uma voz o surpreende atrás dele, pois pensava que estava sozinho no navio. Ele não reconhece o estranho contido na névoa. O homem grita:

Se não pular, eu também não vou! Eu vou ficar com você, Capitão!

São 16h35 de 2 de maio de 1982. Trinta e quatro minutos mais cedo, a partir das profundezas do mar do sul, o operador do submarino britânico HMS Conqueror lançou a pergunta que iria selar o destino do cruzador General Belgrano. — Devemos afundá-lo?

A resposta é dada em segundos a 12.489 quilômetros entre o Reino Unido e as Ilhas Falkland. O Capitão Richard Hask, da Força Tarefa, é aquele que transmite a ordem implacável de Margaret Thatcher, a primeira-ministra britânica.
— Disparem e afundem.

O cruzador ARA General Belgrano fotografado antes da guerra


Às 16h01 o primeiro torpedo Mk.8 atravessa a proa do navio, que navega a 30 milhas da zona de exclusão imposta pelos britânicos. Perfura os quatro conveses verticalmente. A água entra em todos os compartimentos. Apenas alguns segundos depois, o segundo torpedo acerta a popa.

O cruzador está inclinado para bombordo, o fogo surge das suas entranhas. Há gritos. E depois um silêncio ensurdecedor que dói. A partir da ponte, e com um megafone, o capitão Bonzo — 23 minutos após o primeiro impacto, dá a ordem: “Abandonem o navio”. Setecentos e setenta homens alcançam as balsas. Trezentos e vinte e três encontram o seu destino final no oceano.

Como ainda não foi para uma das balsas!? O que você está fazendo aqui se não há mais ninguém!?” Bonzo repreende a figura irreconhecível, coberta da cabeça aos pés com uma capa de chuva e uma balaclava cinza, que se recusa a deixar o navio. O homem que grita “Não há tempo, capitão! Você deve abandonar o navio!” está determinado a impedir que o comandante atenda à lei marinheira de ir para o fundo com o seu navio.

Às 16h01 o submarino britânico HMS Conqueror disparou o primeiro de dois torpedos Mk.8 que acertaram a proa e a popa do Belgrano. A imagem surpreendente foi tomada pelo primeiro tenente Martín Sgut, que estava em uma das balsas


Ali, de frente para o mar, para mim era mais difícil viver do que morrer”, confessou anos mais tarde o comandante do Belgrano.

Eu vi o capitão com essa atitude de afundar com o navio, e não permitiria”, explica calmamente da província de Catamarca, 35 anos depois da tragédia, o suboficial Ramón Barrionuevo, como se não tivesse conhecimento do seu ato de heroísmo. “Eu sou aquela figura que você vê na imagem, lá no convés. Fui inflar o colete do Capitão”, diz ele humildemente.

E se o capitão não pulasse, você estava disposto a ir para o fundo com o navio?

Não sei. Nós iríamos ter uma longa discussão. Eu não deixaria meu comandante sozinho no Belgrano. Porque o que estávamos vivendo lá era o pior inferno.

Com emoção, Ramón Barrionuevo — nascido em Piedra Blanca em 17 de fevereiro de 1947, filho de Gerardo, pedreiro, e Antonia Sánchez, costureira, recorda o momento em que ele viu o mar engolir o gigante de 185,5 metros. Nomeia um por um seus companheiros mortos. Lembra do Capitão Bonzo, que morreu em 2009. E se desculpa quando surgem lágrimas incontroláveis.

Desgastada pela ação do tempo, esta é a única foto do suboficial Ramón Barrionuevo junto do capitão Héctor Bonzo (em trajes civis).


Vamos ouvi-lo.

A mim cabia dar o serviço das 4 às 8h e de 16h às 20h. Eu guarnecia o compartimento de controle de cobertura de artilharia 03 no topo do navio, logo à frente do comando. Em 2 de maio, saí do meu camarote às 3h45 para dar tempo de receber informações do meu colega Juan Carlos Córdoba, e assumir o posto às 16h. Juan me passou os dados das armas carregadas, as pessoas que estavam prontas e a posição do navio. Cumprimentei-o como em qualquer dia. E ele foi para o nosso camarote na popa para descansar. Ali foi onde o segundo torpedo acertou. Eu não o vi mais.”

Às 16h01 veio o primeiro torpedo. O barulho era tremendo. O navio balançou. Eu estava sentado num banco e caí. Era como se o navio tivesse afundado debaixo dos meus pés. Eu já tinha 35 anos de idade e 14 de serviço, era especialista em armas, eu sabia que tínhamos sido torpedeados.”

“Um vigia que estava com binóculos viu o rastro na água e conseguiu gritar… ‘Torpedo!’ Abri a porta da sala de controle e o segundo impacto atingiu a popa, mas eu não pude senti-lo, talvez por causa do nervoso ou por causa da fumaça da primeira explosão, que cobriu o meu convés”.

“Eu ouvi os gritos das pessoas que estavam se queimando. Desci do terceiro convés, e eu estava carregando comigo toda a tripulação que estava no caminho. Podia ver o medo dos jovens, tentando manter a ordem. Foi um inferno“.

Dos 1093 tripulantes do navio, 770 salvaram-se nas balsas, 323 pereceram no mar


“As pessoas começaram a pular direto para as balsas porque o navio começou a inclinar cada vez mais. O vento era muito forte e as balsas batiam contra o costado do navio. Alguns foram levados em direção à proa, onde as chapas abertas afiadas as partiam ao meio. Eu vi a corrente da âncora arrastando para o fundo do oceano uma balsa com toda a tripulação dela. Ninguém pode ser salvo“.

“No convés vi o comandante Bonzo com uma faca de cozinha tentando cortar uma corda para liberar uma balsa. Se ela caísse, poderia arrastá-lo e ele não teria força para suportar o peso. Perguntei. .. ‘O que está fazendo comandante?’. Ele sabia o perigo, mas queria colocar o máximo de balsas no mar.”

“Bonzo ordenou-me a deixar o navio e eu me recusei, em seguida, olhou para mim e disse … ‘Ajude-me a ver se há mais alguém, se tem alguém ferido’, com o convés do navio quase tocando o mar, entravam toneladas de água…”.

“Eu não quero nunca mais ver na minha vida o que eu vi naquela tarde no Belgrano. Houve um marinheiro com o corpo completamente queimado, gravata e punhos da camisa estavam colados à pele, carbonizada. A pele escamosa, carne viva. Nos pediu para jogá-lo na água. Se ele caísse no mar, com o corpo queimado não teria sido capaz de sobreviver. O descemos cuidadosamente com uma corda feita com as roupas de cama que foram deixadas no convés pelos marinheiros que estavam em sua hora de descanso quando começou a tragédia”.

Às 16h50, o cruzador está inclinado a 60 graus. O Belgrano levou menos de uma hora para afundar. Sem sonares para detectar submarinos, navegava na companhia dos destróieres Bouchard e Piedrabuena que tinham o equipamento


“De repente, um rapaz veio chorando … ‘Me ajude, me ajude’, tapava o rosto com as mãos. Separamos suas mãos e a pele descascando grudou às palmas e começou a sangrar muito. Eu lhe dei um lenço para estancar o sangue. Saímos para uma balsa. E eu não o vi mais. Meses depois, em julho de 1982, eu fui para o hospital Azul, na província de Buenos Aires. E vi que alguém estava me chamando. ‘Suboficial Barrionuevo! eu tenho algo para dar lhe devolver’. “Eu não o reconheci até que ele me trouxe o lenço. Você não sabe a emoção que senti! ele estava vivo!”.

“Com o capitão Bonzo percorremos o convés para ter certeza de que ninguém tinha sido deixado para trás. Eram 16h38 e o navio estava muito inclinado. As pessoas das balsas gritavam para saltarmos na água, porque o navio afundava.”

“Fomos até a proa ali eu notei o capitão em dúvida. ‘Se você não pular, eu vou ficar também’, lhe disse. Ele olhou para mim. O Belgrano se inclinava cada vez mais. Me mandou: “Pule e eu lhe sigo”.

“Antes de saltarmos, inflei o colete salva-vidas dele. Nós amarramos lençóis como um cinto para podermos deslizar para baixo. Tiramos os sapatos para nadar melhor, e guardamos as meias nas calças. Eu saltei do topo do navio, que no momento estava a cerca de 4 metros do mar, porque o vento nos impedia de descer do lado onde o convés quase tocava a água.”

“Eu pulei na água e não senti frio, era tão grave a situação que estávamos vivendo, que havia bloqueado os meus sentimentos. Eu comecei a nadar para longe do navio, porque se ele afundasse ele iria me arrastar. Não vi mais o Bonzo, eu o perdi no oceano“.

“O navio fez um movimento, re-emergiu da água e finalmente afundou verticalmente. Em baixo dágua as caldeiras explodiram e criaram um redemoinho gigante de água “, lembra Barrionuevo


“As ondas eram enormes. Eu vi as balsas subir e descer, tremendo como cascas de nozes. De repente, veio em minha direção uma a toda velocidade empurrada pelo vento. Nadei e eu agarrei como pude. O impacto me tirou um dedo do lugar: foi a primeira vez que senti dor. Quando cheguei na balsa, comecei a tremer, era como se mil agulhas fossem pregadas no meu corpo. Eu estava congelando”.

“Olhei para fora e vi o naufrágio do navio. Foi triste ver como tal massa foi engolida pelo mar. O navio fez um movimento, re-emergiu da água e finalmente afundou verticalmente. No mar as caldeiras explodiram e fizeram um vórtice gigante de água. A última coisa que vi foi o guardabote, uma vara de 6 metros que veio à tona e flutuava no oceano. O povo gritou … ‘Viva o cruzador, viva o Belgrano, viva la Patria!’. Eu não sei de onde nós tivemos forças.”

“As balsas foram amarradas umas nas outras, para formar uma grande mancha no mar para que uma aeronave de salvamento pudesse nos encontrar. Mas as ondas eram tão altas que nós tivemos que cortar as cordas, porque as balsas pareciam que iriam se rasgar. E ficamos sós, à deriva”.

“As balsas eram para 20 pessoas, algumas tinham mais gente, outras menos. Estavam bem equipadas: sachet de água, rações alimentares (muito calóricas para ter uma porção por dia), cigarros, uma pequena Bíblia, kit de curativos, pomada, calmante, equipamentos de sinalização SOS”.

“Na minha balsa tinham 20. Havia pessoas com mãos queimadas, joelhos quebrados e outro que tinha sido operado do apêndice há três dias e não aguentava mais de dor. Eu tentei dar-lhe incentivo e calma. Um tenente começou a ler parágrafos da Bíblia. A palavra de Deus trouxe a paz em meio à tempestade.”

“Passamos mais de 48 horas à deriva. Pensei que não nunca seríamos encontrados. Eu sabia que a união dos dois oceanos puxa para o sudeste e em algum momento o mar nos arrastaria e nós iríamos morrer. Olhei para os meus companheiros e eu pensei, ‘estamos todos mortos’, mas não disse nada a ninguém. Eu lembrei dos meus quatro filhos pequenos e pedi a Deus para cuidar deles e eu orava à Virgem del Valle: …‘Mãe, eu só peço para não sofrer’“.

“Quando você está à deriva, tem que comer e beber o mínimo possível até não conseguir mais, porque não sabe quanto tempo você estará bem. E não sabíamos mesmo se estavam nos procurando. Quando fomos resgatados, tínhamos acabado de comer 20 porções e tínhamos bebido um sachê de água”.

“Durante o dia, conversávamos sobre suas namoradas, sua família, sua idade. Até mesmo os fazia rir. Tinha que mantê-los acordados, com o espírito alerta. Um rapaz entrou em colapso nervoso. E eu tive que dizer: ‘Se você não se acalmar, vamos jogá-lo na água, porque o pânico é contagioso e se você continuar assim estamos todos mortos.’”

O resgate das balsas. Elas ficaram mais de 48 horas à deriva num mar agitado, com ventos de 120 km por hora

“Quando você está na balsa você não dorme … A escuridão do mar é absoluta e tremenda e o que existe é o nada. Quando amanhecia, continuávamos com a incerteza. ‘Somos uma só balsa no mar … ela não pode ser vista por ninguém … e o inimigo está lá fora’.”

“De repente, quando já não esperávamos nada, em 4 de maio ouvimos o ruído do motor de um avião. Era um A-4Q da Armada! Nós não sabíamos se tinham nos visto … Foi um tempo quase eternal — até que começamos a ver, no meio da tempestade, as luzes de um navio apontando para o céu e depois para o mar, sacudido pelas ondas enormes. ‘Estão nos procurando!’, gritei. E o ânimo mudou.”

“Esquecemos o frio, a sede, a fome e começamos a organizar o resgate. Em meio ao mar mais revolto que eu já vi, apareceu o Gurruchaga“.

“Nós fomos resgatados. O barco estava lotado porque eles tinham resgatado outras balsas do Belgrano. Tiraram nossas roupas geladas e duras de sal e nos deram um caldo quente. Éramos tantos que acabaram os alimentos. O cozinheiro fez um pouco de pão com farinha e água. Nos acomodamos no convés como pudemos, e nos envolveram com cobertores.”

A imprensa argentina noticia a tragédia do Belgrano


“Quando entramos no Canal de Beagle, o Gurruchaga parecia uma coqueteleira. No meio das pessoas, apareceu um cabo gritando meu nome …. ‘Barrionuevo, está aqui o Barrionuevo?’ Me identifiquei. Eram 6h da manhã. ‘O capitão Bonzo está no barco e está lhe procurando, quer falar com você’, me disse. Eu não sabia que ele tinha sobrevivido, e ele não sabia se eu estava vivo … mas estava procurando.”

“De repente, a porta se abriu e apareceu o capitão. Ele andou até onde eu estava firme, esperando por ele. Ele esqueceu a hierarquia, a saudação formal. Nos demos um abraço eterno. Todo mundo começou a aplaudir. ‘Já vamos falar sobre isso que aconteceu’, me disse. E choramos abraçados. Antes de sair, ele sussurrou para mim: ‘Obrigado, obrigado.’“

“Nos encontramos muitas vezes ao longo destes 35 anos. Mas nós nunca mais voltamos a falar sobre aquela noite dramática em que nós éramos os últimos homens agarrados ao navio afundando para sempre nas profundezas do mar austral”.

Fonte: Infobae


I RECRIAÇÃO HISTÓRICA DA DEFESA DO TÚNEL DA MANTIQUEIRA

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