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Channel: História Militar - Carlos Daroz
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LANCEIROS NEGROS: A HISTÓRIA DA TRAIÇÃO FARROUPILHA AOS ESCRAVOS LIBERTOS

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Entre 1835 e 1845 o império brasileiro testemunhou o mais longo conflito ocorrido em nosso território, a Revolução Farroupilha. E, é neste contexto histórico, que surgiram os lanceiros negros farroupilha. Recrutados em meio aos negros campeiros e domadores da atual Região Sul do Estado gaúcho (Canguçu, Pelotas, Bagé, Piraí…), os lanceiros quando na sua fundação foram organizados em duas divisões: “uma de cavalaria, e a outra de infantaria, criados respectivamente, em 12 de setembro de 1836 e 31 de agosto de 1838”. As referidas divisões, segundo o historiador e oficial do Estado Maior do Exército Brasileiro, Cláudio Moreira Bento “eram constituídas basicamente, de negros livres ou de libertos pela República Rio-Grandense,(…).”

Temidos pelo fato de serem truculentos e ao mesmo tempo exímios esgrimistas, esses combatentes, sobretudo a cavalaria, utilizava como equipamentos de combate: lanças compridas; coletes de couro cru; esporas afiadas presas aos pés e boleadeiras. A boleadeira, por exemplo, quando arremessada capturava o inimigo que porventura estivesse distante de uma montaria.

Lanceiro negro em ação na Batalha de Porongos


Subordinados a vários ex-oficiais do militarismo imperial brasileiro, entre eles, os idealizadores dos lanceiros, coronéis Joaquim Pedro Soares e Teixeira Nunes, o efetivo formado pela parcela mais discriminada da população, isto é, os negros, ocuparam um importante destaque na nomenclatura do conflito. Isto porque, foram muitas as batalhas em que os milicianos agiram em defesa dos mesmos objetivos ensejados pelos revolucionários, ou seja, o de garantir um futuro melhor e mais justo para todos os provincianos.

Sob os olhares de Bento Gonçalves, do casal Garibaldi e de David Canabarro, os revolucionários negros participaram efetivamente da tomada de Porto Alegre, da conquista de Laguna, e do conflito na Região de Lages, além da Batalha de Porongos.

De acordo com historiadores, Canabarro teria ordenado desarmar os cerca de 600 lanceiros na noite de 14 de novembro de 1844. Tal determinação não chamaria a atenção, se ela não tivesse sido transmitida na mesma noite do ataque imperialista. São muitas as fontes afirmando o “pacto de extermínio dos negros com Caxias para que não houvesse impedimento na assinatura do tratado de paz com os revoltosos”. A realização do provável acordo “arquitetado por Caxias ”tinha embasamento alicerçado em duas vertentes naturais. Ao exterminar o maior número de negros possível, certamente diminuiriam também as exigências dos revoltosos no que tange o acordo de paz. Por outro lado, “manter a liberdade do grande contingente negro com experiência militar era um grande risco para sociedade”.

Desarmados e sem apresentar nenhuma reação, a tropa de choque mais temida do Sul brasileiro foi dizimada no cair da madrugada. Infelizmente, o passado relacionado aos lanceiros negros farroupilha sempre esteve atrelado aos bastidores da historiografia oficial, e somente em 1870, é que surgiu o primeiro livro sobre o assunto.

De 7 a 20 de setembro, a história deste grupamento é relembrada na maior festa popular do Rio Grande do Sul através da Semana Farroupilha.


Referências:

BENTO, Claúdio Moreira. O negro e descendentes na sociedade do Rio Grande Do Sul (1635- 1975). Porto Alegre, RS: Grafosul, 1976.

BUENO, Eduardo. Brasil: uma história. A incrível saga de um país. São Paulo: ática, 2003.
Moda na história/Família Real no Brasil/Revolução Farroupilha. Revista Descobrindo a História. São Paulo: Mythos, v.06, 2008.

Fonte: Jornal O Expresso

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JAPÃO NÃO VAI PEDIR DESCULPAS POR PEARL HARBOR

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País assegura que primeiro-ministro vai prestar apenas homenagem às vítimas.

O Governo japonês disse nesta terça-feira que o primeiro-ministro, Shinzo Abe, prestará homenagem às vítimas de Pearl Harbor mas não pedirá desculpa, durante a sua visita à base norte-americana no final do mês. "Esta visita é para honrar as almas dos falecidos na guerra, não é para pedir perdão", assegurou o porta-voz do Governo, Yoshihide Suga, durante uma conferência de imprensa. Abe anunciou na véspera que será o primeiro líder nipônico a visitar Pearl Harbor, coincidindo com o 75º aniversário do ataque da marinha japonesa à base norte-americana, que causou a morte de 2.400 militares e civis e desencadeou a entrada dos Estados Unidos na 2ª Guerra Mundial. 

Durante a sua visita ao Havaí a 26 e 27 de dezembro, o primeiro-ministro estará acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Fumio Kishida, que qualificou o gesto como "uma demonstração da reconciliação entre o Japão e os Estados Unidos". Abe e o Presidente norte-americano, Barack Obama, que vai acompanhar o líder japonês durante a visita à base e que terminará o seu mandato em janeiro, vão celebrar o seu último encontro no Havaí. "A reunião será mais um exemplo do grande papel que a aliança entre o Japão e os Estados Unidos tem para a paz e estabilidade da região Ásia-Pacífico e para a comunidade internacional", indicou o ministro japonês.

Primeiro-Ministro japonês Shinzo Abe

No passado mês de maio, Obama visitou Hiroshima, tornando-se no primeiro Presidente dos Estados Unidos em exercício a viajar para a cidade japonesa onde, há 71 anos, durante a 2ª Guerra Mundial, as tropas norte-americanas lançaram uma bomba nuclear. Obama aproveitou a visita para prestar homenagem às mais de 140 mil vítimas imediatas do ataque atômico. Apesar de não ter apresentado um pedido de desculpas, o Presidente norte-americano defendeu o objetivo de conseguir um mundo sem armas nucleares.

Fonte: Correio da Manhã


NOVO ROBÔ SUBMARINO CAPTURA IMAGENS EM ALTA DEFINIÇÃO DO USS ARIZONA

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Um novo tipo de robô submarino tornou possível observar o interior do USS Arizona, o navio de guerra afundado, bombardeado há 75 anos em Pearl Harbor, Havaí.


Por Maria Gallucci

O equipamento submersível operado remotamente, obteve imagens nunca vistas do navio para o novo documentário ‘Pearl Harbor: Into the Arizona’, uma coprodução entre a CuriosityStream e a PBS. 

Na filmagem, o uniforme de um oficial, agora coberto de algas, ainda está pendurado em seu cabide, em um dos aposentos. O chapéu de um dos membros da tripulação ainda conserva seus detalhes brilhantes. O armário do banheiro contém seus objetos originais, enquanto um cobertor cobre uma cama intacta.

O Arizona foi atingido quatro vezes por bombardeiros japoneses em 7 de dezembro de 1941, e acabou afundando. Cerca de metade dos 1.117 tripulantes mortos naquele dia estavam a bordo do navio.

O USS Arizona envolto em chamas após o ataque japonês


Desde então, ninguém viu o interior do Arizona abaixo de seu segundo deck. O U.S. National Park Service proíbe mergulhos não oficiais no local, e não permite que visitantes entrem no casco do navio.

Modelos anteriores de robôs não conseguiram navegar pelos espaços apertados sem ficar presos nos cabos que os conectavam à base na superfície, conforme explicaram os produtores do novo documentário. As condições desfavoráveis de luz também dificultavam a captura de imagens de alta qualidade.

Foi então que a equipe trouxe um novo robô submarino desenvolvido pela Marine Imaging Technologies. O equipamento operado remotamente, batizado de 11th Hour, tem uma espécie de carretel automático que elimina os problemas com os cabos, e sua câmera de altíssima definição 4K 3D dá uma nova clareza às imagens feitas no fundo do mar.

Mergulhador guia equipamento operado remotamente perto do local onde está o USS Arizona em Pearl Harbor, Havaí.


Os cineastas fizeram uma parceria com o National Park Service’s Submerged Resources Center e a Woods Hole Oceanographic Institution para capturar imagens dos decks inferiores do Arizona.

Com pouquíssimos sobreviventes do USS Arizona vivos até hoje, e poucas pessoas que estavam vivas quando os ataques ocorreram, nós temos a obrigação de preservar e registrar estas lições da história para as gerações futuras,” disse Jorge Franzini, produtor da CuriosityStream, em um comunicado.

Nós penetramos apenas a superfície do que esta tecnologia é capaz de fazer,” ele acrescentou. “É animador pensar em qual poderá ser a próxima expedição do 11th Hour.

Fonte: Yahoo

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HÁ 100 ANOS, O FIM DA SANGRENTA GUERRA DO CONTESTADO

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Por Tatiana Beltrão



Adeodato Ramos havia passado boa parte do gelado inverno catarinense de 1916 embrenhado na mata, fugindo de seus perseguidores. Depois de uma noite de geada, o último líder rebelde da Guerra do Contestado estava exausto. Ao sair da mata e sentar-se à beira da estrada para se aquecer ao sol, foi flagrado por uma patrulha. O “temido facínora”, o “sanguinário chefe dos fanáticos”, o “flagelo de Deus”, como o descreviam os jornais da época, entregou-se sem nem sequer esboçar resistência.


A captura dele, na virada de julho para agosto, marcaria o fim da guerra, que se arrastou por quatro anos e transformou a região do Contestado (área disputada por Santa Catarina e Paraná) no palco da revolta mais sangrenta do século 20 no Brasil.


Os rebeldes chegaram a se espalhar por uma área equivalente ao tamanho de Alagoas. Entre 1912 e 1916, eles enfrentaram as forças policiais e militares dos dois estados e do Exército. Os insurgentes eram movidos por motivos que iam do messianismo à luta pela terra. Eram contra o poder público e os coronéis locais. Reagiam ao impacto da construção de uma estrada de ferro, que os expulsou da terra onde viviam.


Estima-se que pelo menos 10 mil pessoas pereceram na região do Contestado, tanto nos combates quanto de fome e de doenças como o tifo, que se alastrou pelas “cidades santas” erguidas pelos revoltosos. Entre os mortos, milhares de mulheres e crianças.


A guerra mobilizou metade do efetivo do Exército: mais de 7 mil soldados, nos momentos de luta mais intensa.




Messianismo


A indefinição dos limites territoriais entre Santa Catarina e Paraná vinha desde o Império, e até a Argentina pleiteava a posse de áreas dos dois estados. O Supremo Tribunal Federal deu ganho de causa aos catarinenses em 1904 e reafirmou sua decisão nos anos seguintes, mas a sentença era ignorada pelo governo paranaense. Nesse cenário de conflito, a revolta prosperou.


A guerra começou pequena, com um grupo reduzido de sertanejos (moradores desses campos do Sul, chamados de sertão na época) que em 1912 reuniu-se em torno de um curandeiro. José Maria seguia a tradição de outros dois curandeiros que haviam passado por lá anos antes e eram considerados “monges” pelos sertanejos. Ele também fazia profecias: anunciava uma monarquia celestial em que todos viveriam em comunhão, dividindo bens.


Dos seguidores do novo monge, muitos eram posseiros, sitiantes e pequenos lavradores que haviam sido expulsos das terras em que viviam pelo grupo americano responsável pela construção da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, do megaempresário Percival Farquhar.


Além da concessão, Farquhar ganhou do governo brasileiro as terras situadas às margens da ferrovia, uma vasta faixa de 15 quilômetros de cada lado.

 

Depois da construção da estrada de ferro, a região, coberta de matas de árvores nobres como a araucária, começou a ser desmatada. O empresário ergueu lá a maior madeireira da América do Sul na época e uma companhia colonizadora que, depois do desmate, venderia as terras a imigrantes europeus. Famílias que viviam no local foram expulsas por milícias armadas da empresa, com apoio das autoridades brasileiras.



Primeira batalha


O monge José Maria e os fiéis se instalaram em Taquaruçu, nos arredores de Curitibanos (SC). Temendo que o grupo fosse usado por inimigos políticos, um poderoso coronel da cidade pediu ao governo catarinense tropas para dispersar um “ajuntamento de fanáticos” que supostamente queria proclamar a Monarquia no Sul do Brasil.


Ao saber que a força policial havia sido chamada, os fiéis fugiram para Irani (SC), localidade que na época estava na área do Contestado.


A chegada do grupo foi vista pelo Paraná como uma investida de Santa Catarina para forçar a posse do território contestado. Em resposta, o Paraná enviou um destacamento policial para expulsar os supostos invasores. Em outubro de 1912, a ação terminou de forma trágica, com 21 mortos. Entre eles, o monge José Maria e o comandante das forças de segurança do Paraná, coronel João Gualberto.

Comandante João Gualberto (montado) a caminho da batalha, pouco antes de morrer em combate
 

Documentos históricos guardados no Arquivo do Senado mostram a reação dos senadores ao conflito. Dois dias depois da batalha, a morte do comandante foi anunciada no Plenário do Senado, sediado no Palácio Conde dos Arcos, no Rio.


O senador paranaense Generoso Marques falou aos colegas sobre a “horda de bandidos e fanáticos” que havia invadido o Paraná e leu um telegrama enviado pelo governador do Paraná, Carlos Cavalcanti, ao Congresso. O governador comunicava que o estado havia pedido ao presidente da República, Hermes da Fonseca, a intervenção de forças federais.

O senador catarinense Abdon Batista apoiou o colega:
— Esse acontecimento, ao mesmo tempo em que nos cobre de pesado luto, nos anima e nos incita na obrigação de secundar as forças do estado vizinho para que, de uma vez, sejam extirpados os elementos maus que procuram perturbar nossa vida de trabalho e progresso.


Ao longo do conflito, os dois estados trocariam acusações de incentivar os revoltosos e até de fornecer-lhes armas.



Exército encantado


Depois da morte do monge, os devotos se dispersaram. O messianismo, porém, permaneceu. No ano seguinte, difundiu-se a crença de que José Maria voltaria do céu, acompanhado do “Exército Encantado de São Sebastião”. Uma criança de 11 anos dizia ver o monge em sonhos pedindo aos fiéis que se preparassem para uma guerra santa. O grupo rebelde voltou a se reunir em Taquaruçu.


Agora não eram apenas os antigos seguidores do monge José Maria que se prepararam para a luta. Somaram-se a eles descontentes em geral: mais colonos expulsos, fazendeiros que se opunham aos coronéis, tropeiros sem trabalho, desempregados da obra da ferrovia e até ex-combatentes da Revolução Federalista (1893–1895), que tinham experiência com armas e contestavam a República.

Artilharia das forças paranaenses que seria usada nos ataques contra os sertanejos
 

— Num determinado momento, torna-se uma guerra de pobres contra ricos— diz o historiador Paulo Pinheiro Machado, autor do livro "Lideranças do Contestado". — Uma guerra daqueles que queriam formar suas comunidades autônomas, onde todos viveriam em comunhão de bens, o que era uma negação da própria ordem republicana, da concentração fundiária, do poder dos coronéis da Guarda Nacional e da força da polícia, do Exército e da companhia norte-americana ferroviária sobre eles.


Machado contesta a visão de que o fanatismo religioso de sertanejos pobres e ignorantes foi o principal combustível da revolta. O pesquisador sustenta que, paralelamente à crença na guerra santa, os rebelados haviam desenvolvido uma nítida consciência de sua marginalização social e política e de que “lutavam contra o governo, que defendia os interesses dos endinheirados, dos coronéis e dos estrangeiros”.



“Novo Canudos”


Na época, porém, a visão predominante na imprensa, refletida no Congresso Nacional, ignorava os problemas que motivaram a insurreição sertaneja. Em setembro de 1914, o senador Abdon Batista desqualificou no Plenário denúncias do deputado federal Maurício de Lacerda, do Rio de Janeiro, que afirmava que a usurpação de terras era a principal causa do conflito:

— É uma lenda. Essa gente não tem terras nessas zonas, o que querem é viver sem trabalhar.


Uma das poucas vozes dissonantes no Congresso, Lacerda disse à imprensa que o Contestado era “um novo Canudos” e defendia os revoltosos, “brasileiros donos de suas terras e que foram usurpados por uma empresa estrangeira”.

— As vítimas, como era natural, defenderam-se. O que se devia esperar? Que o Estado fosse em socorro daqueles homens, mas verificou-se o contrário — declarou aos jornalistas.


O deputado denunciava que dois influentes políticos paranaenses, “protetores da empresa estrangeira que havia se apoderado à força das terras dos sertanejos”, conseguiram que o governo mandasse forças para “defender os ladrões e matar brasileiros que licitamente defendiam suas propriedades”.


Esses políticos eram o senador Alencar Guimarães (que havia governado o Paraná) e o vice-governador Affonso Camargo.  Guimarães defendeu-se no Plenário do Senado.

— Nunca fui homem de negócios, jamais advoguei interesses de qualquer companhia nacional ou estrangeira que colidissem com interesse do Estado.



“Pavor e pena"


Expedições militares tentaram desmobilizar o movimento, atacando Taquaruçu. Depois de várias tentativas, o reduto foi destruído em fevereiro de 1914. A força militar bombardeou a comunidade de longe. Atingiu principalmente mulheres, crianças e idosos, pois a maior parte dos homens havia partido para formar outro reduto, o de Caraguatá.


Foi um massacre. Metralhadoras, canhões e até granadas foram usados no ataque. No livro A Campanha do Contestado, o militar Demerval Peixoto, que participou dos combates como soldado, reproduz o relatório do médico que acompanhou a expedição:


“Pernas, braços, cabeças, casas queimadas... Fazia pavor e pena o espetáculo que se desenhava aos olhos. Pavor motivado pelos destroços humanos; pena das mulheres e crianças que jaziam inertes por todos os cantos”.


A revolta da população contra o massacre só fez fortalecer o movimento, e os sertanejos começaram a expandir suas ações. Milhares de novos adeptos se mudavam para os redutos. Novas “cidades santas” surgiam. A maior delas, Santa Maria (que não tem relação com o município gaúcho homônimo), tinha 25 mil pessoas.


Ao mesmo tempo, o movimento se militarizou, com líderes “de briga” aliados aos religiosos. No inverno de 1914, os sertanejos começaram a saquear fazendas, roubando gado e comida e arregimentando pessoal (até sob ameaça) para reforçar os redutos. Passaram a atacar e ocupar cidades. Nos ataques, estações de trem e repartições públicas eram queimadas.


Com apoio dos governadores de Santa Catarina e Paraná, em 1914 o governo federal decidiu empreender uma grande operação militar para aniquilar a insurreição. Sob o comando do general Setembrino de Carvalho, 6 mil soldados rumaram para o sul do país. Além deles, 2 mil civis (chamados vaqueanos), a maioria integrantes das guardas privadas armadas mantidas pelos coronéis da região, foram contratados para auxiliar o Exército. A ordem do governo era clara: “acabar com os fanáticos”, como contou o próprio general Setembrino em suas memórias.

General Setembrino de Carvalho (de quepe branco) em estação em União da Vitória (PR)

 Quando o cerco aos redutos se apertou, começou a faltar comida, remédios e munição para os rebeldes. Sobreviventes relataram que, no final, comeram até couro de cintos e arreios para não morrer de fome. Para evitar deserções, alguns líderes, como Adeodato, impuseram um regime de terror nos redutos, executando os suspeitos de traição.


O reduto de Santa Maria foi destruído na Páscoa de 1915. Em telegrama a Setembrino, o capitão responsável pelo ataque detalha:

“Tomei e arrasei 13 redutos com enormes sacrifícios do meu heroico destacamento. Matamos em combate perto de 600 jagunços, não contando o grande número de feridos. Arrasei perto de 5 mil casas e 10 igrejas”.


Os últimos combates ocorreram em dezembro de 1915, e os rebelados, derrotados, se dispersaram. Houve rendições em massa das famílias sertanejas.


Os vaqueanos começaram então uma caçada aos últimos líderes rebeldes. Muitos deles foram mortos em execuções sumárias, mesmo depois de rendidos. Alguns vaqueanos ganharam fama por retirar sertanejos da cadeia para executá-los.



Acordo de limites


Com a captura de Adeodato Ramos, o último e mais temido líder dos rebelados, a guerra foi encerrada de vez, naquele inverno de 1916. Logo em seguida, em outubro, finalmente veio a assinatura do acordo de limites entre Santa Catarina e Paraná. Pressionados pelo presidente Wenceslau Braz, cada um dos dois estados teve que ceder um pouco. A partilha, porém, foi vista como favorável aos catarinenses, que ficaram com 28 mil dos 48 mil quilômetros quadrados da área contestada.


Na assinatura do acordo, no Palácio do Catete, no Rio, o governador de Santa Catarina, Felipe Schmidt, comemorou a paz, encerrando um “passado amargo” que fazia os dois estados se olharem com desconfiança, como “dois povos estranhos que aguardassem, de arma em punho, a hora da peleja”.


O governador do Paraná, Affonso Camargo, também exaltou a paz, mas deixou claro o ressentimento com um desfecho que considerava injusto. Ele justificou sua decisão de assinar o acordo mesmo assim citando a necessidade urgente de encerrar uma “luta fratricida sem precedentes”:

— Ali caíram sem vida oficiais do Exército, bravos soldados das forças nacionais e estaduais e milhares de sertanejos, na sua maioria laboriosos, em uma confusão desumana que dolorosamente impressionou todo o país.


Ao citar os sertanejos “em sua maioria laboriosos”, o governador reconhecia que o movimento, hoje visto como uma das maiores revoltas camponesas do Brasil, era mais que uma combinação de fanatismo e banditismo.


Essa consciência se ampliaria a partir dos anos 1970, explica o historiador Paulo Pinheiro Machado. Com a redemocratização do país, criou-se um ambiente favorável para a retomada da memória e dos estudos sobre a Guerra do Contestado.


No Senado, essa releitura histórica ficou patente numa sessão especial realizada em agosto de 2009 para lembrar a guerra. No Plenário, os senadores ressaltaram o caráter de revolta social do movimento, as injustiças cometidas contra a população pobre do Contestado e a ausência do Estado.


“Quando o Estado falta, não cumpre com seu dever, se omite, o resultado é este: as pessoas reagem”, disse o senador Raimundo Colombo, hoje governador de Santa Catarina.


O então senador Flavio Arns, do Paraná, afirmou que o governo desconsiderou uma população pobre para privilegiar empresários e fazendeiros.


Na época da guerra, uma rara visão lúcida do conflito veio justamente de um comandante do Exército, o jovem capitão Mattos Costa. Idealista, ele defendia uma solução pacífica e morreu em combate, em 1914. Ficou registrada em relatos militares sua concepção da guerra: “A revolta do Contestado é apenas uma insurreição de sertanejos espoliados nas suas terras, nos seus direitos e na sua segurança. A questão do Contestado se desfaz com um pouco de instrução e o suficiente de justiça, como um duplo produto que ela é da violência que revolta e da ignorância que não sabe outro meio de defender o seu direito”.



Último líder dos rebeldes ganhou fama de “demônio”


A Guerra do Contestado começou com um líder considerado santo — o monge José Maria — e terminou com outro tido como o próprio diabo — Adeodato Ramos.


“O demônio está encarcerado”, anunciou em agosto de 1916 o jornal O Imparcial, de Canoinhas (SC), referindo-se à captura de Adeodato, que tinha fama de assassino e era temido pelos próprios companheiros.

 

O repórter do jornal O Estado, de Florianópolis, porém, se surpreendeu ao entrevistar Adeodato na prisão:  “Nós, que esperávamos ver o semblante perverso de um bandido, cujos traços fisionômicos estivessem a denotar sua filiação entre os degenerados do crime, vimos, pelo contrário, um mancebo em todo o vigor da juventude, de uma compleição física admirável, esbelto, olhos de azeviche [pretos], dentes claros, perfeitos e regulares, e ombros largos”, escreveu, destacando a postura recatada do “célebre bandoleiro”.


O jornal O Dia, de Florianópolis, relatou que ele respondia aos policiais de forma serena e “tinha o olhar suave”.


Adeodato era uma figura controvertida. “É evidente que ele cometeu muitas atrocidades nos redutos, mas não era muito diferente de outros líderes rebeldes”, escreveu o historiador Paulo Pinheiro Machado, ressaltando que houve uma “demonização” do último líder rebelde, alimentada pelos próprios sertanejos.


Conta-se que, no julgamento, após a ouvir a sentença de 30 anos de prisão, o réu declamou no tribunal versos irônicos:


“Para tirar o mal do mundo / Tinha feito uma jura
Ajudei nosso governo / A quem amo por ternura 
Acabei com dez mil pobres / Que livrei da escravatura 
Liquidei todos os famintos / E os doentes sem mais cura 
Quem é pobre neste mundo / Só merece sepultura.”


Adeodato foi morto em 1923, numa suposta tentativa de fuga da prisão.



Fonte: Agência Senado

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QUANDO A GUERRA IMITA A MODA

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O magnífico uniforme com o qual o Exército russo entrou em Paris após a vitória contra Napoleão se transformou não só de acordo com as novas exigências da vida militar, mas também da moda. No lugar do fraque eram usadas jaquetas mais curtas, e calções pelos joelhos deram lugar às calças. Como resultado, no final do século XIX, a moda masculina era completamente diferente da do início do século. E o mesmo se aplicou ao uniforme militar.

Por Alexandr Verchínin


Os uniformes militares da era napoleônica desapareceram logo depois da morte do imperador francês, em 1821. A modernização do uniforme militar russo teve início quatro anos depois da morte do tsar Aleksander I, que derrotara Napoleão no campo de batalha, mas seguia as mesmas tendências de uniforme do inimigo.

A principal inovação no reinado do seu sucessor, o tsar Nikolai I, foi o abandono de alguns elementos da veste antiga. Após as mudanças, a jaqueta tipo fraque transpassada, com abotoamento duplo, alongada atrás e mais curta na frente, virou “coisa do passado”. Em seu lugar passou-se a usar a jaqueta de abotoamento simples, cujas abas caíam sobre os quadris.

Para substituir os calções, foram introduzidas pela primeira vez calças compridas e enfiadas dentro das botas. A barretina foi perdendo gradualmente o status de principal adorno da chapelaria militar – sofreu algumas alterações, e, em meados do século, já tinha sido quase que universalmente substituída pelo quepe.

Porém, introduzido no Exército no final do século XVIII, o quepe também não teve aceitação generalizada. Era mais um tipo de chapéu informal que os militares usavam quando não estavam em serviço. Quem usava quepe com maior regularidade estaria provavelmente tentando ser original ou criar uma imagem diferente. Foi assim que o quepe sem pala virou o tipo de chapéu favorito do marechal de campo Kutuzov, que derrotou Napoleão.


Nikolai, o Estilista

Em meados do século XIX tudo mudou: o quepe sem abas passou a ser amplamente usado. Já os oficiais, estes só usavam quepes com pala. A barretina do uniforme cerimonial foi substituída pelo capacete, que era feito de couro e reforçado com uma estrutura metálica. O couro levava uma camada protetora de esmalte e, na frente, uma pequena pala.

Em ocasiões festivas colocava-se em cima do capacete um enfeite de crina de cavalo, uma espécie de espiga de metal, ou até mesmo a águia bicéfala, também de metal.

Capacete da Guarda Imperial com a águia bicéfala russa


Cabe lembrar que o famoso capacete alemão com a ponta de lança em cima, o pickelhaube, com o qual Otto von Bismarck posou de bom grado, teve origem russa.

No início da década de 1840, esse capacete foi bolado pelo próprio Nikolai I usando como modelo o capacete dos antigos guerreiros russos. O capacete de couro esmaltado tinha uma pala na frente, uma aba na parte de trás e em cima levava um enfeite em forma de granada flamejante.


Toque caucasiano

A Guerra do Cáucaso, que a Rússia travou por várias décadas, introduziu na vestimenta do soldado russo elementos completamente novos. A papakha – gorro de pele dos homens das montanhas – começou a ter uso generalizado nas tropas. Ela era usada não apenas por combatentes das forças militares do Cáucaso, mas por soldados de todo o país.

Cossacos russos utilizando o gorro papakha 


Também a partir do Cáucaso se espalhou a moda da tcherkéska – um tipo de caftã (casaco longo) que ajustava na cintura, comum entre os moradores das montanhas. Confortável ​​e prática, a tcherkéska foi primeiro adotada por cossacos e, mais tarde, o seu uso acabou se espalhando por todo o Exército. As tcherkéskas de gala eram elementos importantes do guarda-roupa do tsar.


Moda da virada

Ao contrário das épocas anteriores, todos os oficiais podiam usar bigode durante o reinado de Nikolai I. Na época, assim como hoje, a imagem do homem com pelos no rosto ganhava popularidade. O próprio tsar e seus principais comandantes deixaram o bigode crescer.

Além disso, aos poucos passaram a usar distintivos nos ombros, e a patente militar passou a ser indicada pelo número de estrelas. A espada, um elemento integrante do estatuto oficial desde a época de Pedro I, foi substituída pelo sabre, que ficava preso em um cinturão rico e ornado.

Oficial do Regimento de Dragões de Novgorod na década de 1870


Em 1862, os capacetes e antigos quepes sem pala foram oficialmente substituídos pelo quepe de pala larga e reta. O laço preso a ele designava o tipo de tropa, e alguns oficiais usavam crinas de cavalo fixadas ao quepe.

Assim, o uniforme do Exército russo manteve até 1881 muitos elementos nada práticos, mas bem coloridos, como tiras bordadas nas fardas dos oficiais, exuberantes crinas na chapelaria etc. Com a aproximação do final do século, os uniformes militares foram sendo simplificados.

No lugar dos quepes, pequenas chapkas (gorros) de pele de cordeiro foram introduzidas e, posteriormente, acabaram sendo de novo substituídas pelo quepe tradicional com pala. Os oficiais passaram a usar uma espécie de túnica militar, que, no verão, era de cor branca, enquanto os soldados ganharam a guimnastiôrka, um tipo de camisa mais comprida e larga, confeccionada de tecido grosso e que inicialmente era usada para a prática de ginástica.

Fonte: Gazeta Russa

IMAGEM DO DIA - 24/12/2016

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Tropas alemãs cantando ao redor de uma árvore de natal em plena trincheira, na frente oriental em 1914.

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A "MATADEIRA" DE CANUDOS

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Por José Gonçalves do Nascimento




O Withworth 32 era uma geringonça de 1,7 tonelada, que precisava de 20 juntas de bois para ser puxado. Os sertanejos apelidaram-no de "matadeira". A condução dessa poderosa máquina de guerra até os sertões da Bahia afigurou-se um erro de estratégia dos militares, visto tratar-se a mesma de uma peça excessivamente pesada e, por conseguinte, imprópria para regiões acidentadas, como aquela em que tinha curso o conflito armado entre o Exército Brasileiro e os adeptos de Antônio Conselheiro. Tratava-se de um artefato de uso da Marinha do Brasil, que acabou incluído no rol de armamentos destinados à guerra de Canudos. 

O Withworth 32 era um canhão pesado, pouco adequado para ações no terreno acidentado do sertão




Sobre ele escreveu Euclydes da Cunha: 

“...A pesada máquina, feita para a quietude das fortalezas costeiras - era o entupimento dos caminhos, a redução da marcha, a perturbação das viaturas, um trambolho a qualquer deslocação vertiginosa de manobras”. E arremata: “Era preciso, porém, assustar os sertões com o monstruoso espantalho de aço”
( CUNHA, Euclydes da. Os Sertões, 1ª edição. Rio de Janeiro: Laemmert & C. Editores, 1902, p. 391).




“Era dificílimo acertar o alvo com esse canhão. A balística exigia cálculos a cada tiro, havia mais de um engenheiro para cada canhão”, afirma o escritor Godofredo de Oliveira Neto, sobrinho neto do general Mesquita, oficial na guerra de Canudos. No dia 29 de junho (1897), durante intenso canhoneio, o Withworth 32 sofreu uma explosão, provocando a morte de dois oficiais do exército: o médico Alfredo Gama e o 2º tenente Odilon Coriolano. A peça estava posicionada no Alto da Favela, de onde tentava bombardear o povoado de Canudos. Alguns historiadores acham que a explosão se deveu a uma sabotagem dos canudenses, que se infiltraram nas tropas da quarta expedição, usando uniformes militares.



Certa feita, Antônio Pajeú e Joaquim Macambira Filho formaram um grupo, junto com outros 10 combatentes, para atacar o canhão. Todos foram mortos nesta heroica tentativa. Apenas um conseguiu escapar para contar a história (No hino da artilharia brasileira há uma referência a este fato). Abandonado pelas tropas no final da guerra, o Withowort 32 receberia, anos mais tarde, os cuidados do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca), sendo posto em imponente pedestal. Em 1940 recebeu a visita do presidente Getúlio Vargas, que cumpria agenda política na Canudos pós-conselheirista. 

Muito desgastada pela exposição ao tempo, a "Matadeira" repousa em Monte Santo




Com a construção do açude do Cocorobó, nos anos sessenta, foi transportado para Salvador, ficando exposto no Museu do Unhão. Em 1983, foi removido para a cidade de Monte Santo, onde permanece até hoje. Ali, ele divide espaço com mais dois monumentos: a estátua do Conselheiro e o busto do Marechal Bittencourt.



Fonte: Jornal do Sertanejo


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FELIZ 2017

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Ao findar o ano de 2016, agradecemos todos os amigos que prestigiaram e visitaram o Blog Carlos Daroz - História Militar.

Desejamos um feliz 2017, pleno de saúde, realizações, conquistas e muita História Militar. 

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A MISSÃO MILITAR FRANCESA NO JAPÃO

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É bastante conhecido o papel da Missão Militar Francesa junto ao Exército Brasileiro, entre 1919 e 1940.  O que poucos sabem, contudo, é que a França também enviou uma missão militar para o Japão no final do século XIX, que ansiava por se modernizar nos moldes ocidentais.  


O trabalho dessa missão pode ser visto, ainda que de forma romanceada, no celebrado filme O último samurai, estrelado por Tom Cruise.



A Missão Militar Francesa ao Japão (1867-1868) foi a primeira missão militar ocidental no Japão. Foi criada por iniciativa de Napoleão III, como resultado de um pedido do Shogun Tokugawa Yoshinobu. A Missão treinou o exército por pouco mais de um ano, antes da derrota das forças shogunais perante as forças imperiais na Guerra Boshin. Depois da guerra a Missão foi obrigada a deixar o país por decreto imperial de outubro 1868.


A Missão era composta por dezoito membros, convocados pelo Ministro da Guerra, General Jacques Louis Randon, escolhidos por suas habilidades: seis oficiais (representando a infantaria, a cavalaria, a artilharia e a engenharia), dez sargentos e um soldado.

A Missão Militar Francesa de partida para o Japão, em 1866. Ao centro Charles Chanoine, Jules Brunet é o segundo à partir da direita



Participaram da Missão:


Comandante

Capitão Charles Sulpice Jules Chanoine


Oficiais

Jourdan, capitão, engenheiro do 1º Regimento de Engenharia.

Charles Albert Dubousquet, tenente do 31º Regimento de Linha, instrutor de infantaria.

Édouard Messelot, tenente do 20º Batalhão de Caçadores a Pé, instrutor de infantaria.

Léon Descharmes, tenente do Regimento de Dragões da Guarda da Imperatriz, instrutor de cavalaria.

Jules Brunet, tenente do Regimento de Artilharia Montada da Guarda, instrutor de artilharia.


Sargentos

Jean Marlin, sargento do 8º Batalhão de Caçadores a Pé, instrutor de infantaria.

François Bouffier, sargento do 8º Batalhão de Caçadores a Pé, instrutor de infantaria.

Henry Ygrec, sargento do 31º Regimento de Linha, instrutor de infantaria.

Emile Peyrussel, sargento, sub-mestre da Escola do Estado-Maior, instrutor de cavalaria.

Arthur Fortant, sargento, Regimento de Artilharia Montada da Guarda, instrutor de artilharia.

L. Gutthig, Trompetista do Batalhão de Caçadores da Guarda.

Charles Bonnet, sargento, Chefe-Armeiro de 2ª Classe.

Barthélémy Izard, sargento, Chefe-Artífice do Regimento de Artilharia Montada da Guarda.

Frédéric Valette, sargento, especialista em madeira.

Michel, sargento, Engenheiro do 1º Regimento de Engenharia.

Jean-Félix Mermet, brigadeiro, especialista em aço.


A missão deixou Marselha em 19 de novembro de 1866 e chegou a Yokohama em 13 de janeiro de 1867. Sua chegada foi saudada por Léon Roches e pelo contra-almirante Pierre-Gustave Roze, comandante da Divisão Naval dos Mares da China, que voltava ao Japão depois de liderar uma expedição contra a Coreia (12 de setembro a 12 de novembro de 1866).

Oficiais franceses treinando os soldados do Shogun em Osaka em 1867
 

Mesmo depois do decreto imperial para a retirada da Missão, Jules Brunet e quatro de seus sargentos (Fortant, Marlin, Cazeneuve e Bouffier), preferiram ficar no Japão e continuar a apoiar o Shogun. Eles se demitiram do exército francês, e foram para o norte do Japão com o que restava dos exércitos do shogunato, na esperança de organizar um contra-ataque.


O conflito continuou até a Batalha de Hakodate, em maio de 1869, onde ocorreu a vitória definitiva das forças imperiais.


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PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR - GENERAL JOHN BURGOYNE

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* 24/2/1722 - Bedfordshire, Inglaterra

+ 4/8/1792 - Londres, Inglaterra


O general John Burgoyne foi um oficial do exército britânico, político e dramaturgo. Participou da Guerra dos Sete Anos, mas ficou mais conhecido por seu serviço na América.


John Burgoyne nasceu em uma família rica por parte de mãe e com tradição militar por parte de pai. Aos dez anos se matriculou em uma escola militar em Westminster. Mais velho, foi comissionado como oficial e avançou rápido pelas patentes até chegar ao posto de General.


Guerra dos Sete Anos

Um mês depois do início da Guerra dos Sete Anos, Burgoyne recebeu uma comissão no 11º Regumento de Dragões. Em 1758 ascendeu de capitão a tenente-coronel no Regimento de Guardas de Coldstream.

Em 1758 participou de várias expedições feitas contra a costa francesa, incluindo o reide em Cherburgo. Durante este período, ele foi pioneiro na introdução de cavalaria ligeira no Exército Britânico. Os dois regimentos então formados foram comandados por George Eliott (depois Lord Heathfield) e por ele. Burgoyne admirava o pensamento independente entre os soldados comuns e encorajava seus homens a usarem sua própria iniciativa, em contraste com o sistema estabelecido empregado na época pelos britânicos.

Campanha portuguesa

Em 1761, foi eleito para uma cadeira no parlamento pelo condado de Midhurst, e, no ano seguinte, serviu como brigadeiro em Portugal, que tinha acabado de entrar na guerra. Burgoyne distinguiu-se conduzindo sua cavalaria na captura de Valença de Alcántara e de Vila Velha de Ródão, compensando a perda portuguesa de Almeida. As vitórias desempenharam um papel importante para repelir uma grande força espanhola inclinada a invadir Portugal.

Em 1768, elegeu-se para a Câmara dos Comuns pelo condado de Preston, e durante os próximos anos ele ocupou-se principalmente com seus deveres parlamentares, onde se notabilizou por sua franqueza e, em particular, por seus ataques a Lord Clive, que na época era considerado o principal soldado da nação. Ele alcançou proeminência em 1772, exigindo uma investigação da Companhia das Índias Orientais, alegando corrupção generalizada por seus funcionários.


Guerra de Independência dos EUA

Burgoyne teve seu serviço mais distinto na Guerra de Independência dos Estados Unidos. Ele planejou uma grande invasão para encerrar a Revolução Americana e foi apontado para comandar uma tropa que vinha do sul do Canadá para marchar até o norte dos Estados Unidos, especialmente para conquistar o baluarte revolucionário na região da Nova Inglaterra. John seguiu com o plano, movendo-se pela fronteira canadense mas avançou rumo ao sul de forma lenta, permitindo aos americanos se reagrupar e preparar. O plano era unir forças com uma tropa inglesa em Nova Iorque, mas o exército que estava lá preferiu partir mais cedo e ir na direção contrária, rumo a Filadélfia. Esse desencontro isolou Burgoyne e os americanos contra-atacaram na região de Saratoga. 

Preso e cercado, sem chances de ser resgatado, Burgoyne decidiu se render, ao lado dos seus 6 200 homens, a 17 de outubro de 1777. Sua rendição, segundo o historiador Edmund Morgan, "foi o ponto decisivo da guerra, porque a vitória deu animo aos americanos e, acima de tudo, convenceu as potências inimigas da Inglaterra na Europa a apoiar as Treze Colônias".

O General Burgoyne se rendendo em Saratoga

Burgoyne foi libertado em seguida pelos americanos, junto com seus oficiais. Todos os demais permaneceram para atrás como prisioneiros de guerra. Burgoyne foi duramente criticado quando retornou a Londres e nunca mais recebeu um comando.

Após a aposentadoria, ele escreveu algumas peças, como The Maid of the Oaks e The Heiress, mas sua carreira como dramaturgo nunca foi tão proeminente. Ele acabou servindo também como membro da Câmara dos Comuns do Parlamento por muitos anos, representando Midhurst e Preston. 

Faleceu em 1792, em Londres.



LIVRO - MORRER NA GUERRA: A SOCIEDADE DIANTE DA MORTE EM COMBATE

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Está disponível o livro MORRER NA GUERRA, da pesquisadora Adriane Piovezan.


Sinopse
 

O campo de estudos sobre a morte e o morrer se encontram em expansão na atualidade. O interesse pelo tema, tornado clássico por alguns historiadores franceses já nas décadas de 1970 e 1980, parece a cada ano aumentar. Mais ainda, cresce o número de historiadores que se debruçam sobre o tema da morte em guerra. Interpretar o sentido e as implicações de eventos e processos como a relação entre a morte e as leis, os métodos e locais de sepultamento, os cemitérios do campo de batalha e toda uma série de procedimentos de ordem prática que indivíduos e instituições exercem em relação aos mortos são reveladores da história cultural, política e institucional das sociedades nas quais se inserem. O livro examina tais questões a partir de uma documentação inédita. 

Com a entrada do Brasil nesse conflito mundial em 1942, e o envio da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para o teatro de operações na Itália em 1944, ocorreu a consequente criação de um Pelotão de Sepultamento (PS). Essa unidade gerou diversas fontes passíveis de problematizar a preparação individual do soldado para a probabilidade de sua própria morte. Partiu-se da análise de devoções individuais deles, expressas nos objetos religiosos encontrados pelo PS em seus cadáveres. Ao mesmo tempo, procedimentos institucionais destinados ao tratamento dos mortos em guerra, os monumentos fúnebres e o repatriamento dos restos mortais dos soldados caídos no front, permitem interpretar as tentativas de construção de um culto cívico aos mortos no Brasil Contemporâneo.


Autora
 
ADRIANE PIOVEZAN é graduada em História pela UFPR (1997), Mestre em Estudos Literários (UFPR - 2006) e Doutora em História pela UFPR (2014). Se dedica aos estudos da morte no Brasil Contemporâneo. Atualmente é professora de História do Brasil nas Faculdades Integradas Espírita.



Ficha Técnica
 
ISBN:978-85-444-1287-9
Editora: EDITORA CRV
Distrubuidora: EDITORA CRV
Número de páginas: 294
Ano de edição: 2017
Formato do Livro: 16x23 cm

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MORRE AOS 105 ANOS A JORNALISTA QUE NOTICIOU O INÍCIO DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

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Clare Hollingworth, a ex-correspondente de guerra britânica que noticiou primeiro o início da Segunda Guerra Mundial, morreu aos 105 anos em Hong Kong.

Nascida em Leicester, a cerca de 150 km de Londres em 1911, Hollingworth foi a primeira a informar a invasão alemã à Polônia em agosto de 1939, episódio que marcou o começo do conflito na Europa. Depois da Segunda Guerra, ela ainda fez reportagens sobre conflitos no Vietnã, na Argélia e no Oriente Médio.

Hollingworth era uma repórter novata no jornal britânico Daily Telegraph quando se viu diante do "furo do século". Ela percebeu a concentração das tropas alemãs na fronteira polonesa quando viajava da Polônia para a Alemanha em 1939.

Em uma entrevista, afirmou: "Eu tenho um interesse apaixonado por guerra, e se alguém é interessado assim pela guerra não pode evitar estar nela. Eu aprecio cada momento".

Em setembro de 1939 Clare Hollingworth foi a primeira jornalista a noticiar a invasão da Polônia pelos alemães: o "furo do século"
 

Refugiados

Mas Hollingworth tinha um segredo que só foi divulgado muitos anos depois da Segunda Guerra: ela ajudou milhares de refugiados a fugir do nazismo. Em seu último aniversário, de 105 anos, ela recebeu um presente especial: uma mensagem de agradecimento de uma das refugiadas que ajudou a salvar.

Margo Stanyer tinha 4 anos de idade quando deixou a Polônia. Ela e sua mãe eram de uma família de comunistas da Hungria. Durante sua tentativa de fuga do nazismo na Europa, as duas foram presas na Polônia. Ambas passaram fome por cinco dias na cadeia até que a mãe de Stanyer a segurou nas barras da cela e pediu que ela chorasse. O choro chamou a atenção de uma integrante da resistência polonesa e as duas acabaram sendo resgatadas e levadas a um apartamento - onde foram entrevistadas por uma britânica.

Margo Stanyer, hoje com 81 anos, conta que guardou os documentos que lhe permitiram entrar na Grã-Bretanha - eles haviam sido autorizados por Hollingworth.
Antes de ser jornalista, ela era uma ativista política que trabalhava para o Comitê Britânico de Refugiados.

Em Katowice, na Polônia, ela selecionava refugiados para enviar à Grã-Bretanha. Acredita-se que ela tenha negociado a emissão de vistos para entre 2 mil e 3 mil pessoas.  Muitos vistos requisitados por Hollingworth acabavam, porém, eram negados pelo governo britânico. Talvez por causa disso - sentindo-se triste pelas pessoas que não conseguiu salvar - ela decidiu não revelar nada sobre essa atividade durante muitos anos. Sua ação com os refugiados foi finalizada de forma abrupta após ela enviar pessoas "não desejáveis" pelo governo britânico.

Logo em seguida, a jornalista iniciou sua atividade como correspondente do Daily Telegraph. 


Hong Kong

No fim de sua vida, Hollingworth costumava frequentar o Clube dos Correspondentes Estrangeiros em Hong Kong. Tara Joseph, presidente do clube, disse que Hollingworth foi "uma grande inspiração" e "membro precioso" do clube.

Clare vivia há 30 anos em Hong Kong

Uma declaração publicada na página de Hollingworth no Facebook diz: "Com tristeza anunciamos que, após uma carreira ilustre que abrangeu um século de notícias, Clare Hollingworth morreu nesta noite".

Fonte: BBC


1919: A "LENDA DA PUNHALADA PELAS COSTAS" FOMENTA O NAZISMO

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Em 18 de novembro de 1919, o marechal Paul von Hindenburg usa a teoria da "punhalada pelas costas" para se eximir da responsabilidade pela derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial.




Por Henrike Scheidsbach




A comissão parlamentar de inquérito investigava a questão das responsabilidades pela Primeira Guerra Mundial, que se encerrara um ano antes. Em seu depoimento em 18 de novembro de 1919, o marechal-de-campo Paul von Hindenburg defendia a teoria de que movimentos revolucionários da Alemanha teriam "apunhalado" o Exército pelas costas.


"Um general inglês disse, com razão: 'O Exército alemão foi apunhalado pelas costas'." Essa foi uma das frases usadas por Von Hindenburg ao tentar se eximir, diante do Parlamento, de qualquer responsabilidade pela derrota da Alemanha na Primeira Guerra. Nascia ali a chamada "lenda da punhalada pelas costas" (em alemão, Dolchstosslegende), que anos mais tarde ajudaria os nazistas a tomar o poder.


O estopim do primeiro conflito mundial havia sido o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, por um nacionalista sérvio, em 28 de junho de 1914. Um mês depois, a Áustria declarou guerra à Sérvia.


No início de agosto, a Alemanha declarou guerra à Rússia e à França. A invasão da Bélgica pelos alemães, que não tinham outra forma de atingir a França, foi pretexto para a entrada da Grã-Bretanha na guerra, que envolveria ainda muitos outros países.


O plano alemão de cercar rapidamente o Exército francês fracassou. Já em outubro de 1914, a guerra na Europa Ocidental passou a ser tática, com pesadas perdas para todos e praticamente sem alteração nas frentes de batalha até 1918.

Paul von Hindenburg semeou a lenda


O abastecimento piorou a tal ponto na Alemanha que 260 mil civis morreram de fome em 1917. O anúncio alemão de contrabloqueio por submarinos provocou a entrada dos Estados Unidos no conflito.


Em março de 1918, a Alemanha ainda forçou a Rússia a assinar um acordo de paz no Leste Europeu; em agosto, praticamente capitulou diante dos aliados na frente ocidental. Segundo anotações de um comandante da região de Flandres, milhares de soldados alemães e divisões inteiras de tanques estavam virando cinza.



Fome tirou entusiasmo pela guerra


Para antecipar-se a uma vitória das tropas aliadas no ocidente, o comandante geral Erich Ludendorff pediu um cessar-fogo imediato. Na Alemanha, as mortes de civis famintos no inverno de 1917 quebrara o entusiasmo inicial pela guerra. Naquele ano, operários da indústria de armamentos entraram em greve em protesto contra a fome.


Em julho, os partidos democráticos formaram uma comissão interpartidária e exigiram do governo imperial – sem sucesso – uma "paz de entendimento, sem anexação forçada de territórios".


No início de novembro de 1918, em meio às negociações do cessar-fogo, marinheiros em Kiel impediram a partida da frota da Marinha para um combate e, com essa insubmissão, desencadearam uma reação em cadeia na Alemanha.


Na disputa pelo poder, as forças democráticas, comunistas e nacionalistas derrubaram a monarquia. Os democratas saíram vitoriosos e foram legitimados, mais tarde, pela Assembleia Nacional Constituinte. O antigo regime entregou à comissão interpartidária o governo e o pesado fardo de aceitar um acordo de paz desvantajoso, do ponto de vista da Alemanha.


Todos esses acontecimentos internos, que causaram a derrocada do antigo regime e o nascimento da democracia, serviram ao Comando Superior das Forças Armadas para desviar a atenção da própria culpa pela guerra.


O argumento de Von Hindenburg, de que as forças revolucionárias teriam desmoralizado e apunhalado o Exército pelas costas, foi propagado por militares e políticos monarquistas, através de jornais conservadores e de extrema direita, e ganhou um teor explosivo subestimado pelos democratas.


A população, inicialmente castigada pelas reparações de guerra pagas pela Alemanha, sofreu as consequências do desemprego e da inflação, sem ter um esclarecimento amplo dos verdadeiros motivos da guerra. Os nazistas aproveitaram essas circunstâncias para difamar a democracia e chegar ao poder com promessas de salvação.

Fonte: DW

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IMAGEM DO DIA - 18/1/2017

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Durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), um terço espanhol prepara-se para a batalha. Podem ser observados os armamentos típicos do século XVII, como os mosquetes, os piques e o canhão.


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PARA CIA, NORDESTE ERA CRUCIAL PARA DEFENDER EUA DE ATAQUE SOVIÉTICO

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Após ocupar o Leste Europeu, os soviéticos agora avançam pelo Hemisfério Sul. As tropas comunistas invadem a Austrália, ocupam a África e de lá partem para a conquista do território de onde lançarão a ofensiva final contra os Estados Unidos: o Nordeste do Brasil.


Por João Fellet

O cenário hipotético é narrado em um relatório da CIA (agência de inteligência dos EUA) divulgado nesta semana, entre cerca de 800 mil documentos que vieram à tona após uma longo processo movido por defensores do livre acesso à informação.

Intitulado "O fortalecimento econômico-militar do Brasil: fator de importância central para a segurança dos EUA e do mundo democrático", o documento de 33 páginas destaca o papel que o Nordeste poderia ter em um eventual confronto entre os Estados Unidos e a União Soviética na Guerra Fria.

Separada da costa africana por apenas 3 mil quilômetros, a região é descrita no relatório como sujeita a conflitos sociais e um "potencial centro de agitação e disseminação de ideais comunistas", mas considerada crucial para a defesa do Atlântico-Sul e dos Estados Unidos em caso de um ataque russo a partir da África.

Segundo a CIA, o Nordeste era tão importante para a segurança dos EUA quanto o Canadá e o Canal do Panamá, a conexão marítima entre o Atlântico e o Pacífico. A agência cita o general francês Lionel Max-Chassin, para quem uma hipotética ofensiva soviética contra os EUA incluiria ataques a partir do Ártico e da "faixa costeira entre Natal e a Bahia".

"Um segundo movimento, precedendo a invasão final, pode se voltar à conquista da zona de Cuba e do México, no sul, e da Terra Nova e Labrador, no norte. Só na última etapa uma ofensiva generalizada seria lançada contra o coração da força naval", diz o general.

Não é possível identificar a data do relatório, divulgado apenas parcialmente. Porém, eventos citados no texto indicam que ele foi elaborado na década de 1950, quando as duas potências se armavam para um possível conflito.

A Guerra Fria, como o período ficou conhecido, só se encerrou com o colapso da União Soviética, nos anos 1990.


Contrapropaganda e modernização

O documento defendia duas linhas de ação para aproximar Brasil e Estados Unidos e impedir a infiltração comunista em terras brasileiras.

No campo ideológico, a CIA sugeria a criação de um órgão de contrapropaganda para combater a influência soviética e a "eliminação ou neutralização" de grupos comunistas presentes em "todo o país e em diferentes esferas do governo".

Na economia, defendia sanar os problemas que impediam o desenvolvimento do Brasil e que poderiam facilitar a disseminação do comunismo no país, como o "atraso cultural", a pobreza e a "politização das massas por agentes comunistas".

Parnamirim Field, a grande base norte-americana em Natal


Entre as ações que a agência considerava essenciais estavam modernizar a agricultura brasileira, difundir a energia hidrelétrica e ampliar a produção de combustíveis fósseis.

Se recebesse o apoio militar devido, diz a CIA, o Brasil poderia assumir integralmente a defesa do Nordeste, do Atlântico-Sul e até participar de batalhas contra os soviéticos na Europa.

"Com uma população de cerca de 53 milhões de habitantes, o Brasil está em posição de mobilizar, num tempo razoável, entre 20 e 25 divisões de infantaria (de 400 e 500 mil homens), sem afetar muito sua economia interna", calculava o órgão.

Se, porém, os dois países não se aproximassem voluntariamente, o relatório diz que "isso obviamente levaria a uma intervenção dos EUA no território brasileiro em caso de um conflito com a Rússia".


Intervenções e Segunda Guerra

Os Estados Unidos passam a considerar o Brasil e a América Latina como parte de sua zona de segurança com a Doutrina Monroe, de 1823, que buscava restringir a ação de potências europeias nas Américas.

Outro passo foi dado em 1904 com o Corolário Roosevelt e a política do "Big Stick" (grande porrete, em português), com os quais os EUA passaram a justificar intervenções militares para preservar seus interesses na região.

Poupado de interferências mais agudas como as experimentadas por alguns vizinhos, o Brasil estreitou os laços com os Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) ao se unir aos Aliados contra Alemanha, Itália e Japão.

Soldados brasileiros são enviados à Itália, e o Brasil passa a abastecer a indústria bélica dos EUA com borracha e outras matérias-primas. No início dos anos 1940, Natal se torna a mais movimentada base aérea dos EUA no exterior, ponto de apoio para operações na Ásia, África e Europa.

A parceria deixou uma impressão tão boa nos EUA que, anos após o fim da guerra, a CIA defendeu repeti-la diante da ameaça soviética.

No fim do relatório, a agência afirma que Brasil e EUA "devem representar os últimos bastiões da liberdade, reafirmando a tradição histórica de aliados leais e sinceros".

"Acreditamos na sobrevivência das forças espirituais, do poder da fé e da doutrina cristã, e é por essa razão que nos devotamos a esta nova cruzada, que irá, certamente, confirmar uma vez mais o triunfo das forças da cultura e da civilização sobre as forças materialistas [soviéticas]", conclui o documento.

Fonte: BBC



A VERDADE SOBRE A RESISTÊNCIA FRANCESA: NEM TÃO AMPLA E NEM TÃO FRANCESA

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O historiador Robert Gildea desmonta a versão oficial do que 
aconteceu na França durante a ocupação nazista



Por Guillermo Altares


O discurso nacional que a França construiu depois da Segunda Guerra Mundial é que o país foi libertado pela Resistência, com alguma ajuda dos aliados, e que “salvo um punhado de miseráveis”, nas palavras do general Charles de Gaulle, o resto dos cidadãos se comportou como verdadeiros patriotas. Nada mais distante da realidade. O professor britânico Robert Gildea desmonta essa imagem nacional, que já estava bastante fissurada, em seu novo livro, Combatientes en la Sombra (Combatentes na sombra, em tradução livre), que traça um minucioso retrato da ocupação no qual, mais que de Resistência Francesa, ele prefere falar de “resistência na França” pelo enorme número de estrangeiros que se juntaram à luta contra o nazismo.


A França foi derrotada e ocupada pela Alemanha. Quando foi libertada e unificada de novo, criou-se uma história única que afirma que todo o país alcançou a liberdade unido sob a liderança de De Gaulle e esse relato foi propagado por meio de medalhas, cerimônias, títulos”, explica Robert Gildea, professor de História Moderna do Worcester College da Universidade de Oxford, cujo livro será publicado nesta semana na Espanha pela Taurus, com tradução de Federico Corriente. Os esquecidos nessa história não foram apenas os espanhóis que fugiram do franquismo, mas também judeus da Polônia ou da Romênia, os comunistas e as mulheres, cujo trabalho como resistentes também foi subestimado.


O livro ainda não foi publicado na França – está previsto para o ano que vem –, mas recebeu excelentes críticas no ano passado no mundo anglo-saxão em veículos de comunicação como The Economist e The New York Review of Books, cuja resenha assinada pelo grande historiador de Vichy Robert O. Paxton se intitulava “A verdade sobre a Resistência”. Gildea, que publicou outros ensaios sobre a história da França nos quais estuda o mesmo período, reconhece que a imagem ideal da sociedade francesa já havia sido questionada em filmes como o documentário A Dor e a Piedade ou Lacombe Lucien, longa-metragem de Louis Malle, que teve como roteirista o escritor Patrick Modiano, que ganhou o prêmio Nobel. No entanto, seu estudo de 650 páginas, que usa tanto fontes documentais quanto entrevistas, é o mais completo escrito até agora do ponto de vista crítico sobre a Resistência durante a ocupação, entre 1940 e 1944. O enorme sucesso alcançado na França pelas seis temporadas da série Un Village Français (Um Vilarejo Francês) demonstra o quanto continua sendo um tema delicado e sempre atual.


Temos de estudar o que aconteceu na França no contexto da luta na Europa contra o nazismo, mas também do Holocausto e da Guerra Fria. Muita gente da Resistência combateu nas Brigadas Internacionais; são o que Arthur Koestler, que compartilhou cativeiro com eles, chamou de 'escória da Terra' num livro, gente que não tinha para onde ir. Muitos republicanos foram presos na França. O objetivo deles era acabar primeiro com os nazistas e depois com Franco, de fato, fizeram uma tentativa fracassada de invadir a Espanha em 1944. O relato simplista da libertação nacional francesa só fornece uma parte da história, não toda”, continua Gildea em uma conversa telefônica.


O papel dos comunistas também foi muito importante, especialmente durante a libertação de Paris. Durante muitos anos houve um confronto entre as duas versões, a gaullista e a comunista. Em 1944, os nazistas capturaram um grupo de resistência formado por comunistas e judeus da Europa de Leste e o usou como propaganda dizendo que eram 'criminosos estrangeiros', mas havia algo de verdade nisso”, afirma.


O livro de Gildea não estuda apenas os grandes movimentos históricos, mas está cheio de personagens como Jean-Pierre Vernant, um dos grandes helenistas franceses, que foi uma figura muito importante na Resistência, mas nunca quis se vangloriar disso. Quando a guerra terminou, durante a qual arriscou a vida muitas vezes, voltou para seus livros e seus clássicos. Também aparece Lew Goldenberg, filho de revolucionários russos de origem judaica próximos de Rosa Luxemburgo, que se negou a aceitar o armistício, ou Leon Landini, um jovem toscano que participou do descarrilamento de um trem alemão em outubro de 1942, quando tinha 16 anos.


E, naturalmente, estão os republicanos espanhóis, não apenas os membros de La Nueve, a mítica brigada que foi a primeira a entrar em Paris em agosto de 1944 e cujo papel foi silenciado durante anos – só em 2008 foram inauguradas placas mostrando o seu percurso. No livro aparecem combatentes como Vicente López Tovar, nascido em Madri em 1909, que passou a juventude em Buenos Aires, lutou na defesa de Madri e na Batalha do Ebro e, depois de fugir para a França, participou da organização do maquis. “A Guerra Civil tinha nos endurecido muito”, disse o próprio López Tovar a Gildea.


“Depois do desembarque na Normandia, em junho de 1944, houve uma guerra civil dentro da Segunda Guerra Mundial, não somente entre os resistentes e os nazistas, mas também com a milícia, a força paramilitar de Vichy”, diz o professor de Oxford. Em relação à ocultação do papel desempenhado pelas mulheres, Gildea explica que só foram contempladas com medalhas aquelas que participaram de ações militares, enquanto muitas mulheres trabalharam na organização da resistência, papel tão perigoso quanto o combate, mas nunca totalmente reconhecido. Tudo isso não significa que os franceses não tiveram nenhum papel, mas não foram os únicos heróis daquela guerra.



"O que esses espanhóis todos estão fazendo desfilando?"


A libertação de Toulouse, em 19 de agosto de 1944, foi coordenada pelas forças lideradas por Jean-Pierre Vernant, mas os republicanos tiveram um papel essencial. De fato, regiões como o Périgord ou cidades como Foix foram liberadas diretamente pelos espanhóis, coisa que não agradou muito De Gaulle. Gildea relata que o general visitou Toulouse muito rapidamente porque não queria perder nenhum pingo do controle sobre os territórios dos quais os nazistas estavam sendo expulsos. 

Os republicanos participaram do desfile da libertação com os capacetes dos soldados alemães pintados de azul. Quando De Gaulle viu isso, exclamou: “O que estão fazendo todos esses espanhóis desfilando com as Forças Francesas livres?”. É uma anedota que, para o historiador britânico, reflete a profunda mudança que estava acontecendo na narração da Resistência e na tomada do poder na França.


Fonte: El País

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UMA ARMA UNIFORME CONTRA OS INIMIGOS

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Muitos consideram que a história do uniforme militar na Rússia teve início com o czar Pedro I, o Grande. No entanto, em busca de maior unidade e eficiência, tropas russas do século 16 já contavam com soldados uniformizados.

Por Aleksandr Verchínin


O uniforme militar não tem como objetivo servir à moda. É claro que o soldado deve ter um aspecto impecável, mas também não deve se destacar por sua aparência – aqui a moda se sujeita a leis diferentes das da vida social. Como um elemento integrante do Exército regular, o uniforme disciplina, cria um elo especial entre os soldados e, em última instância, introduz um sistema especial de diferenciação.

Na Idade Média não existia a noção de vestimenta militar uniformizada. Todo mundo vestia o que calhava. Quanto mais de destacava a armadura do cavaleiro, maior era o seu status. Já o soldado moderno, ganha não por suas qualidades individuais, mas como parte de uma formação militar – justamente a união que o uniforme simboliza.

Na Rússia, muitos consideram que a história do uniforme militar nacional teve início com Pedro I, o que não é exatamente verdade. Os padrões elaborados para a vestimenta de todos os soldados do Exército apareceram somente no início do século XVIII. Porém, eles foram introduzidos em solo já preparado.

Até o século XVII, o Exército russo, assim como a maioria das forças europeias, não tinha um padrão único para vestes militares. A espinha dorsal dos exércitos da época tinha a seguinte configuração: milícia nobre montada.

O pomeschik (senhor feudal na Rússia) recebia um lote de terra do Estado e, com a renda dela, tinha que se armar e participar de campanhas militares. Ele tinha que cumprir a norma em “termos equinos, humanos e bélicos”. Assim, equipavam-se dentro de suas possibilidades e do modo que considerasse aceitável.

É evidente que não se pensava aqui em nenhuma uniformização da roupa militar: os coloridos caftans russos (casaco até os joelhos abotoado pela frente) eram vistos junto a roupas de couro tártaras e armaduras polonesas obtidas como troféu de guerra. Esse tipo exército apresentava baixo desempenho em combate.


Moda streltsi

Em meados do século XVI, Ivan, o Terrível, decidiu formar as primeiras forças armadas regulares da Rússia. Surgiriam, então, os regimentos de streltsi (“flecheiros”), que contavam com 3.000 homens. Eles combatiam com um novo tipo de arma, os mosquetes manuais, vivem em quartéis nos arredores de Moscou, passaram a receber uma quantia regular e ganharam uniformes: um caftan com um corte específico e sem cor definida nos primeiros tempos. Registros de época revelaram a existência de caftans vermelhos, amarelo e azuis.

Streltsi russos


Com a aproximação da virada do século, a cor também foi uniformizada. Em 1606, um observador estrangeiro descreveu o regimento de infantaria de streltsi “com caftans de lã vermelhos e uma faixa branca no peito”. Nessa época, já havia um destacamento de streltsi montados, porém igualmente vestidos.

No início do século XVII, surgiu um tipo único de uniforme militar entre os streltsi russos e que se manteve inalterado até Pedro I. Era basicamente composto por um caftan longo abotoado da direita para a esquerda. O número de casas da abotoadura variava dependendo do regimento, e as dos oficiais eram feitas com fios de prata ou ouro. A cor do chapéu, botas e caftan também variava conforme o regimento.

Por cima do caftan era usado um zipun (tipo de casaco) da mesma cor. Na cabeça vinha um gorro alto de pele, geralmente valiosa, e na parte da frente do uniforme exibiam toda uma variedade de emblemas em ouro ou moedas.

Os oficiais carregavam consigo um tipo especial de lança chamado protazan. Era pela cor da empunhadura da protazan que se distinguiam os diferentes títulos militares. Um elemento essencial do equipamento de soldados de baixo escalão era a faixa branca que passava por cima do ombro e que guardava cargas de pólvora e uma sacola para as balas.


Disputa de estilo

As primeiras representações de uniformes russos foram feitas por ilustradores estrangeiros em meados do século XVII. “Os caftans deles”, escreveu um austríaco ao serviço do Exército russo, “eram bastante vistosos: em um regimento eram confeccionados com lã verde clara, e em outra, verde escuro, abotoados no peito, segundo os costumes russos, com cordões de ouro”.

Soldado russo em 1720


Segundo a opinião pública, a primeira pessoa a introduzir um uniforme militar unificado para seus soldados foi o inglês Oliver Cromwell, em 1645. A moda teria então se espalhado 30 anos mais tarde por todo o continente a partir da França.

Poucas pessoas sabem que na época descrita pelo escritor Alexandre Dumas em seu romance “Os Três Mosqueteiros”, os guardas reais franceses ainda não usavam a sua famosa capa azul com a cruz. Na realidade, ela foi introduzida apenas 50 anos mais tarde, na década de 1670, quando Charles d'Artagnan, o protótipo real do herói de Dumas, já não estava mais vivo.

Por isso, é de se imaginar que o caftan dos streltsi russos esteja entre os primeiros tipos de uniformes militares na Europa – ou até mesmo seja o primeiro de todos.

Fonte: Gazeta Russa


IMAGEM DO DIA - 30/1/2017

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Durante a guerra de 1866, a infantaria prussiana investe contra uma bateria de canhões austríaca

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"ATÉ O ÚLTIMO HOMEM": SOLDADO RETRATADO EM FILME DE MEL GIBSON SE RECUSOU A MATAR INIMIGOS POR TEMOR A DEUS

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Personagem principal do novo filme de Mel Gibson, Desmond Doss teve um testemunho impactante de superação e desafios para conservar seus valores de fé, durante a Segunda Guerra Mundial.


Quando Mel Gibson revelou que novo filme seria um drama sobre a Segunda Guerra Mundial e o primeiro homem a contrariar as 'regras de guerra', se recusando a pegar em armas, o ator e diretor teve cinco palavras para descrever o soldado da história: 'heróis reais não vestem Spandex'— fazendo referência ao tecido comumente utilizado para a fabricação das roupas super heróis dos quadrinhos.

O filme "Hacksaw Ridge" (no Brasil, "Até o último homem") conta a verdadeira história de Desmond Doss, um rapaz adventista que se alistou no exército durante a Segunda Guerra Mundial, determinado a salvar vidas na linha de frente como um médico, mas se recusou a carregar uma arma consigo, porque dizia que sua fé não permitia atirar em alguém.

Doss, que morreu em 2006, foi condecorado com a Medalha de Honra do Congresso pelo presidente Harry Truman em 1945, após salvar sozinho a vida de mais de 75 de seus companheiros, durante a batalha de Okinawa (Japão).

O presidente Harry Trumman condecora Doss com a Medalha de Honra do Congresso


Durante a batalha, seu batalhão foi atacado no topo de um penhasco de mais de 120 metros de altura — local que acabou dando nome ao filme 'Hacksaw Ridge' ('Cume de Hacksaw').  Os soldados norte-americanos escalaram a montanha, mas foram recebidos com lança-chamas e tiros de metralhadora dos japoneses.  Enquanto outros recuavam, Doss — um socorrista interpretado por Andrew Garfield no filme — recusou-se a procurar abrigo e passou a cuidar dos feridos feridos. Ele levou os homens, um por um, à beira do precipício e os desceu baixo, usando uma maca que ele mesmo improvisou.

Doss, um membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, cresceu em Lynchburg, Virginia. Quando ele era criança, seu pai comprou um poster emoldurado dos 'Dez Mandamentos' e uma dessas ordenanças falava forte ao coração do garoto: "Não matarás".  "Eu me perguntava: 'como no mundo, poderia um irmão fazer uma coisa dessas?'. A ideia de matar alguém simplesmente imprime um horror no meu coração. Como resultado eu levei isso para o lado pessoal, como se Deus me dissesse: 'Desmond, se você me ama, você não vai matar ninguém", disse Doss certa vez a Larry Smith, durante o documentário 'Beyond Glory', que contava a história de soldados que ganharam medalhas de honra.

Desmond Doss cresceu em uma cidade pequena, na borda das montanhas de Blue Ridge, na Virgínia (EUA), onde ele acabou vendo seu pai bêbado abusar de sua mãe.

O filme 'Hacksaw Ridge' mostra um incidente de sua infância, no qual Doss entrou em uma briga com seu irmão e acertou a cabeça do garoto com com um tijolo. O acontecimento deixou Desmond muito arrependido. Logo depois, Doss tornou-se um pacifista e passou a se interessar cada vez pela medicina, embora não tivesse condições financeiras para bancar os estudos em uma faculdade.

Em abril de 1942, Doss estava com 23 anos e trabalhava em um estaleiro, quando foi chamado para o exército. Ele teve o direito de tornar-se um 'objetor de consciência', depois de ter se recusado a portar armas, devido a seus princípios de fé. Em seguida, ele se alistou no exército como médico.  Ele escolheu se tornar um socorrista, com o objetivo de seguir o sexto e o quarto mandamentos: honrar o sábado.  Apesar dos adventistas do sétimo dia considerarem a importância de guardar o sábado, Doss acreditava que não haveria problemas em servir como socorrista sete dias por semana, alegando que "Cristo curou no sábado".

Desmond Doss com suas condecorações


"Eu senti que era uma honra servir a Deus e ao meu país", disse ele ao Richmond Times-Dispatch, em 1998. "Eu não queria ser conhecido como alguém que violou as regras do exército, mas tenho certeza que não sabia exatamente no que eu estava entrando".

Pouco antes de entrar efetivamente para o serviço militar em agosto de 1942, Doss se casou com sua namorada, Dorothy, uma enfermeira. 

Doss enfrentou o preconceito dos outros soldados, devido à sua devoção à oração, sua recusa em pegar em armas e comer carne, além do respeito que tinha com relação ao sábado. Certo dia, de acordo com o New York Times, um oficial tentou classificá-lo como um portador de doença mental.  O pacifismo de Doss o levou a ser ameaçado por uma corte marcial, mas o problema foi resolvido e ele foi para a guerra.

Já na batalha de Okinawa, na primavera de 1945, foi durante um sábado, 5 de maio, que Doss e seus companheiros de tropa viveram os momentos de tensão, escalando o cume de Hacksaw. Ele conseguiu descer os soldados feridos do penhasco usando um tipo de maca improvisada, apoiada por uma corda que ele havia, com nós que havia aprendido a dar quando era criança e brincava de marinheiro. Depois de descer cada homem ferido, Doss desceu da montanha ileso.  Acredita-se que Desmond tenha salvo mais de 75 soldados, porém ele mesmo corrigiu este número, baixando esta conta para aproximadamente 50 homens. 

Pouco mais de duas semanas depois, em 21 de Maio, Doss foi ferido nas pernas por uma explosão de granada, durante um ataque noturno, enquanto permanecia em território exposto, ajudando outros soldados. De acordo com informações passadas na citação de sua Medalha de Honra, ele cuidou de seus próprios ferimentos, em vez de pedir a ajuda de um outro soldado.  Doss esperou por cinco horas, até que dois de seus companheiros conseguiram alcançá-lo para levá-lo a um local seguro.

Doss e os homens que o levavam foram depois capturados em um ataque inimigo. Quando Doss viu um homem mais gravemente ferido nas proximidades, se arrastou em direção à maca daquele soldado para ajudar a tratar dos ferimentos de seu colega. Mas, enquanto esperava que os carregadores da maca voltassem, Doss foi atingido novamente e fraturou o braço. Ele improvisou uma tala e se arrastou por cerca de 275 metros até um posto de socorro.

Em 12 de outubro de 1945, o presidente Harry Truman condecorou Doss com a Medalha de Honra por suas ações em Okinawa. "Através de sua coragem excepcional e determinação inabalável diante das condições desesperadamente perigosas, Doss salvou a vida de muitos soldados", dizia o texto da Medalha de Honra. "Seu nome tornou-se um símbolo de toda a 77ª Divisão de Infantaria pela bravura excepcional, muito acima e além do que o dever chama".

Desmond Doss com sua esposa Dorothy


Nos cinco anos seguintes, Doss teve que passar por diversos hospitais para tratar seus ferimentos, e também acabou perdendo um pulmão, devido à tuberculose.

Por causa de suas doenças, Desmond não conseguiu encontrar um trabalho estável e acabou se dedicando à vida ministerial. Trabalhou com jovens em programas patrocinados pela igreja nos estados da Geórgia e do Alabama. Na década de 1950, Doss e sua esposa Dorothy se mudaram para a cidade de Lookout Mountain, a noroeste da Geórgia, onde construíram uma casa e criaram seu filho, Desmond Jr, de acordo com registros da Biblioteca da Virgínia.

Dorothy morreu em um acidente de carro, em 1991 e Doss casou-se com Frances May Duman, uma viúva com três filhos adultos, em 1993. Doss morreu, aos 86 anos, em março de 2006, em razão de uma grave doença respiratória. Ele foi enterrado no cemitério nacional de Chattanooga, no Tennessee (EUA).



Garfield — o ator que interpreta Doss no novo filme — ficou famoso anteriormente por fazer o papel do herói dos quadrinhos, Homem Aranha. Porém o astro de Hollywood não escondeu a satisfação em ter atuado no papel mais recente e afirmou que o soldado cristão foi muito mais inspirador do que o herói mutante.

"Ele tinha uma sabedoria em seu coração, entendendo que ele não deveria tirar a vida de um homem, mas queria servir a algo maior do que ele e encontrou sua própria forma de fazer isso", acrescentou.

"Hacksaw Ridge" foi lançado nos cinemas dos EUA no dia 4 de novembro. A pré-estreia no Festival de Veneza terminou com aplausos que duraram cerca de 10 minutos.

Fonte: Portal guiame.com.br


IMAGEM DO DIA - 4/2/2017

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Tropas Federais mexicanas à espera de Francisco Villa na cidade de Torreón.



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