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ILYÁ MUROMETS: O "OURIÇO VOADOR" RUSSO

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Há um século, o primeiro avião de quatro motores em série do mundo, “Ilya Muromets”, levantou voo.


Por Ekaterina Turicheva


Enorme para a época, a máquina tinha uma envergadura de asas de 31 metros e 19 metros de comprimento, e todos os seus principais componentes eram de madeira.

A aeronave criada pelo Departamento de Aviação da Fábrica de Vagões Russo-Báltica (a Russo- Balt), sob a responsabilidade da equipe liderada pelo piloto e projetista Igor Sikorski.

O especialista do departamento científico da Sociedade Histórico-Militar Russa (RVIO), Konstatin Palhaliuk, conta que o primeiro voo do C-22 foi de teste, mas que, dois dias depois, a aeronave levantou voo com uma carga de 1,1 tonelada, um recorde para a época. A este se seguiram novos recordes.

Em fevereiro de 1914, o Ilya Muromets levantou voo com 16 pessoas e um cachorro chamado Chkalik a bordo e, em junho do mesmo ano, fez o trajeto aéreo de São Petersburgo a Kiev. Na época, Igor Sikorski tinha apenas 24 anos.

O imenso Ilya Muromets fez seu primeiro voo em 1914


Já na época o seu sucesso foi notado por Nikolai II”, observa Pakhaliuk, “e a Duma Estatal (câmara baixa do Parlamento da Rússia Imperial) premiou o construtor com a soma bem grande de 75.000 rublos reais”.

Entre 1913 e 1918, foram produzidas na Russo-Balt várias séries de Ilya Muromets. A aeronave havia sido concebida como bombardeiro e avião de passageiros ao mesmo tempo. O número total de aeronaves produzidas, de acordo com os historiadores, foi entre 60 a 80.

Pela primeira vez na história da aviação, uma máquina vinha equipada com um confortável salão separado da cabine, com quartos de dormir, aquecimento, iluminação elétrica e até mesmo um banheiro.

Se a história tivesse se desenvolvido de forma diferente, os Muromets teriam dado início à aviação de transporte regular de passageiros na Rússia. No entanto, o destino do projeto foi determinado pelo início da Primeira Guerra Mundial.



“Ouriços” voadores

“Imediatamente após o voo Petersburg-Kiev foi decidido fabricar esses aviões para as tropas”, diz Pakhaliuk. “O Muromets era usado como bombardeiro e como avião de reconhecimento; nele foi instalada uma máquina fotográfica para fotos aéreas e metralhadoras para afastar o inimigo.”

O aparelho tinha um armamento defensivo fortíssimo, praticamente sem “zonas mortas”. Devido a essas defesas, o Muromets ficou conhecido como “ouriço”.

No período entre outubro de 1914 e maio de 1918, foram perdidas 26 aeronaves deste tipo, sendo apenas uma abatida pelo inimigo. As restantes deixaram de funcionar devido a falhas técnicas, erros de pilotagem ou desastre naturais.

Os quatro motores do Muromets


O último voo do Ilya Muromets aconteceu em novembro de 1920. Após a guerra soviético-polonesa, vários Muromets fizeram as primeiras rotas aéreas de transporte de carga, mas, devido ao forte desgaste do aparelho e vida útil dos motores, os aviões foram retirados de voo.

Um dos últimos aparelhos da série foi entregue em 1922 a uma escola de formação de artilharia aérea e bombardeamento, onde em um ano ele realizou cerca de 80 voos de treino. Depois disso, os Muromets não voltaram a subir aos ares.

Fonte: Gazeta Russa



UMA ESTRANHA EFEMÉRIDE - OS 150 ANOS DA GUERRA DO PARAGUAI

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Por Vitor Izecksohn

A comemoração dos cento e cinquenta anos do início da Guerra do Paraguai passou praticamente em branco. Espremida entre os cinquenta anos do golpe militar e o centenário do início da Primeira Guerra Mundial, sobrou pouco espaço para a discussão do último grande conflito platino. Apenas um evento na Escola de Comando e Estado Maior do Exército e uma série na TV Escola, intitulada “A Última Guerra no Prata”, destacaram-se num cenário pouco alvissareiro para aqueles que pesquisam e publicam sobre o tema.

A relação dos historiadores profissionais com questões militares é relativamente recente e ainda pouco influente em termos das agendas de pesquisa, dos editais de bolsas e auxílios e da promoção de eventos de grande porte. E, no entanto, se trata de um dos campos de pesquisa acadêmica que mais cresceu nos programa de pós-graduação nas últimas duas décadas, com a multiplicação de dissertações e teses, além do surgimento de cursos específicos. Uma possível razão para essa disparidade pode ser creditada ao papel reduzido das guerras internacionais para o processo de construção do Estado nacional no Brasil. Com a exceção das participações nas duas guerras mundiais, conflitos distantes que chegaram até nós principalmente através de submarinos e formação de um contingente reduzido, o impacto das guerras foi relativamente pequeno nas instituições e na sociedade. Durante o século XIX uma guerra com as Províncias Unidas do Prata e uma intervenção mais contundente contra Rosas e Oribe adicionaram pouco ao poder despótico do Estado. Essa circunstância não diminui o papel das forças armadas como atores de ponta na história política do século XX. O que submerge é a ideia da mobilização como uma ferramenta de expansão da cidadania e da expansão do poder público.

A Guerra do Paraguai constituiu o primeiro grande momento de mobilização nacional. Pouco mais de vinte cinco anos após a derrota da última rebelião regional expressiva, foi possível obter manifestações de patriotismo que vinham de regiões completamente distantes do teatro de operações no Prata. Mas essa onda nacionalista foi obliterada por uma série de problemas burocráticos, que dificultaram a socialização nas forças armadas e pela morosidade na mobilização. Quanto mais crescia o volume de soldados, mas difícil era alojá-los, alimentá-los e transportá-los para o front. A memória popular guardou essa segunda fase, enquanto a memória institucional preservou o sacrifício dos soldados nos nomes das ruas e monumentos. Mas o Estado Imperial não conseguiu premiar os voluntários com as promessas feitas. Para o Império tratou-se de uma questão de honra, com poucos resultados práticos para além da vitória militar: não houve alterações substanciais na infraestrutura, nem o estado adquiriu uma poder maior no que se refere à capacidade de taxar ou de recrutar adequadamente a população. E, no entanto, o conflito constituiu evento fundamental para história do segundo reinado, para a política exterior do Império e para a memória social, especialmente no que se refere a monumentos e nomes de logradouros espalhados pelas cidades brasileiras.

Uniformes de oficiais do Exército Imperial durante a Guerra do Paraguai

A Guerra do Paraguai foi a última das crises platinas, destacando-se pela duração, pelo grau de mobilização e pela violência. O mais longo conflito militar das Américas proporcionou mudanças tanto nas relações entre os estados envolvidos como também na dinâmica da política interna dos países beligerantes. Para a história do segundo reinado, as causas e consequências dessa guerra permanecem fonte de interpretações bastante diversas. Poucos temas foram objeto de mudanças de enfoque tão grandes, gerando ondas de revisão que seguem transformando a visão do conflito.

Um dos efeitos principais do longo conflito foi a desorganização da vida política e institucional de quase todos os beligerantes. Exceção feita à Argentina, cujo processo de centralização foi acelerado, durante e após a Guerra nenhum dos outros beligerantes beneficiou-se com seu desenrolar. Talvez devido a essa incapacidade de utilizar conflitos externos como instrumentos de consolidação do Estado, a guerra tenha sido identificada por historiadores motivados pela teoria da dependência como conflito imperialista, mais um episódio da derrota de uma razão endógena Latino-Americana. As evidências encontradas até aqui, contudo, não respaldam essa afirmação.

Para o Império a campanha contra o Paraguai constituiu um conjunto de desafios, militares, diplomáticos e de política interna. O país não estava preparado para uma guerra de grandes proporções. Nessas condições, mobilizar a população, transformando civis em combatentes foi tarefa árdua que demonstrou a dificuldade de coordenação entre o centro político e suas diversas periferias. O não cumprimento das promessas feitas aos voluntários agravaria a desconfiança dos militares em relação aos setores dirigentes, na medida em que os sacrifícios feitos nos campos de batalha do Paraguai permaneceriam sem reconhecimento.

Foi a partir da República e, principalmente, na década de 1930, que se generalizou a construção de monumentos comemorativos à Guerra do Paraguai. Esses monumentos enfatizaram o papel dos oficiais, com pouco espaço para os soldados, os escravos e as mulheres, que ajudaram no esforço de guerra. Destacam-se as estátuas equestres que reverenciam os comandantes militares e o monumento comemorativo à Retirada da Laguna, construído na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, construído sobre as ruínas da fortaleza destruída durante a revolta dos militares ligados à Aliança Nacional Libertadora, em novembro de 1935.

Monumento comemorativo à retirada da Laguna, na Praia Vermelha

A partir de então, a memória do conflito seria manipulada de várias formas, tendendo tanto aos interesses imediatos de uma historiografia patriótica (que prevaleceu até o final dos anos 1950), quanto a visões alternativas, construídas por intelectuais críticos da forma como o poder político era exercido durante a ditadura militar. Só a partir da década de 1980 o conflito seria objeto de pesquisas conduzidas por historiadores profissionais, processo que permanece em curso mediante a publicação de livros e teses. Os novos trabalhos acompanham o aumento das pesquisas produzidas por historiadores alemães e norte-americanos além do aumento da produção comparativa no estudo sobre as guerras do século XIX. Acompanham, também, pesquisas mais gerais sobre o recrutamento militar, a criação de uma cultura disciplinar nas forças armadas brasileiras e o desenvolvimento de um sistema penal. O que parece prevalecer nesses trabalhos é uma visão menos crítica e também menos apologética do conflito. 

As pesquisas mais recentes focalizaram as repercussões da guerra em termos das questões ligadas à inclusão, à difusão do patriotismo, à profissionalização do exército e suas consequências para a ordem política, com debates sobre a maior ou menor repercussão desse processo em relação à proclamação da república, bem como a questão do recrutamento de libertos e seus impactos na economia e na sociedade do Segundo Reinado. Temas como a iconografia, especialmente o papel da imprensa ilustrada, aprofundaram as discussões sobre as representações patrióticas, a liberdade de opinião e a adesão popular ao esforço de guerra.

É de se esperar que a proliferação de pesquisas, impulsionada pelo número de historiadores interessados no tema e pela profissionalização mais intensa dos arquivos militares ofereçam contribuições que permitam conhecimento mais amplo de questões específicas, relacionadas ao impacto da mobilização sobre a sociedade brasileira e sobre suas estruturas de governo. Essas contribuições permitirão também que o assunto saia de vez do casulo disciplinar da história militar, aprofundando abordagens multidisciplinares que absorvam contribuições de outras áreas das ciências sociais e da própria história.

Fonte: Café com História



O LOCAL DA MAIOR EXPLOSÃO NÃO-NUCLEAR 70 ANOS DEPOIS

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Por Carli Velocci

Em 27 de novembro de 1944, quatro mil toneladas de bombas foram detonadas acidentalmente em RAF Fauld, um depósito de munições da real Força Aérea Britânica no interior da Inglaterra. A explosão foi tão grande que causou uma nuvem de cogumelo e pôde ser sentida até no Marrocos.

A explosão deixou uma cratera gigante, e você pode ver como ela está mais de 70 anos depois em um vídeo recente de Tom Scott, para a série “Coisas que você talvez não saiba” de seu canal do YouTube.

De acordo com Scott, o depósito subterrâneo estava cheio até a borda de bombas gigantes e munições durante a Segunda Guerra Mundial. Ele foi originalmente construído em 1930 para abrigar explosivos menores, mas o início da guerra aumentou a demanda por armas maiores e, portanto, o local de armazenamento ficou acima da capacidade.

A imensa cratera aberta pela explosão de 1944

Investigações oficiais afirmaram que a explosão foi causada por má gestão, porque a maioria dos oficiais superiores não estava por perto naquele dia, e um funcionário tentou remover o detonador de uma bomba ativa com um cinzel de latão, causando uma faísca que lançou um efeito dominó enorme em toda a instalação.

A cratera de Hanbury nos dias de hoje


Não se sabe quantas pessoas morreram como resultado da catástrofe – muitos corpos não foram recuperados – mas o número deve girar em torno de 30 a 70. Esta é muitas vezes considerada como uma das maiores explosões não-nucleares da história, e a maior de todas na Grã-Bretanha.


A Cratera de Hanbury, com cerca de 90 m de profundidade e 400 m de diâmetro, ainda é bastante notável na paisagem, mas vem sendo preenchida por terra ao longo do tempo. Como o governo afirma que ainda existem bombas ativas no local, a entrada é proibida.

Fonte: Gizmodo

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MINICURSO "O PENSAMENTO DE CLAUSEWITZ E AS GUERRAS CONTEMPORÂNEAS" NA UFPB

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Para os amigos e amigas da Paraíba, uma excelente oportunidade para conhecer mais sobre Clausewitz e seu papel na História Militar, em minicurso ministrado pelo Prof. Sandro Teixeira, da ECEME.  

Imperdível !


ARMAS - METRALHADORA NORDENFELT

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A Nordenfelt, também conhecida por Nordenfelt-Palmcrantz, foi uma metralhadora de canos múltiplos, desenvolvida no século XIX. A arma dispunha de 1 a 12 canos, dispostos em linha e disparados pela movimentação manual de uma alavanca para a frente e para trás. Foi produzida em diversos calibres, desde o de espingarda ao de 25 mm. Também foram usados calibres maiores, mas que a impediam de fazer um "tiro automático", limitando-se ao municiamento rápido.


Desenvolvimento

A arma foi desenhada pelo engenheiro sueco Helge Palmcrantz, que criou um mecanismo para carregar e disparar uma arma de canos múltiplos, através do accionamento manual de uma alavanca. O sistema foi pantenteado em 1873.


Metralhadora Nordenfelt montada em reparo naval


A produção foi financiada pelo industrial e banqueiro residente em Londres, Thorsten Nordenfelt, cujo sobrenome, mais do que o do inventor, haveria de baptizar a arma. Foi estabelelecida uma fábrica na Inglaterra e desenvolvidas inúmeras demonstrações em exposições. A arma foi adotada pela Marinha Real Britânica, complementando as suas metralhadoras Gatling e Gardner.

Durante uma demonstração em Portsmouth, uma versão de 10 canos da Nordenfelt, disparando munições de calibre de espingarda, fez 3.000 tiros em 3 minutos e 3 segundos, sem paragens nem falhas.

A arma também obteve um desempenho impressionante durante testes no Brasil, onde uma Nordenfelt de calibre 1,5 polegadas fez com que as suas munições penetrassem mais profundamente numa placa de aço de 5 cm de espessura, que as de uma peça de 3 polegadas disparadas à mesma distância.

A Marinha do Brasil acabou por adotar a arma em 1882, em dois calibres, um em 8 mm (Kropatschek) o outro de 25 mm. As Nordenfelt de 25 mm destinavam-se à repelir os ataques de lanchas torpedeiras.


Tropas da Polícia Militar do Paraná operando uma Nordenfelt durante a Revolução Federalista


Em 1889 o Exército Brasileiro seguiu o exemplo da Marinha e também se equipou com metralhadoras Nordenfelt, complementando as Gatling adquiridas em 1872. Cada batalhão de infantaria e cada regimento de cavalaria seria equipado com duas armas. Para a Infantaria foram adquiridos modelos pesados de cinco canos (também atribuídos à Artilharia de Posição) e para a Cavalaria (e também para a Artilharia a Cavalo) foi adquirido um modelo, mais ligeiro e mais móvel, de apenas três canos.

Em 1873, o Exército Português criou uma Bateria de Metralhadoras, integrada no Regimento de Artilharia Nº 1, equipada com armas Nordenfelt de calibre 11 mm. Estas metralhadoras, as primeiras ao serviço de Portugal, estavam montadas em reparos rodados como os das peças de artilharia. A Marinha Portuguesa também adquiriu metralhadoras Nordenfelt para serem montadas em reparos fixos a bordo de navios de guerra. Tanto as Nordenfelt do Exército como as da Marinha foram utilizadas em combate nas campanhas coloniais portuguesas do final do século XIX, nomeadamente nas de Moçambique em 1894 e 1895.



Com o desenvolvimento de verdadeiras armas automáticas, nomeadamente das metralhadoras Maxim, a Nordenfelt tornou-se obsoleta. A empresa Nordenfelt fundiu-se, em 1888, com a Maxim Gun Company, tornando-se a Maxim Nordenfelt Guns and Ammunitions Company Limited.


Características

Tipo: Metralhadora
Origem: Reino Unido
Em serviço: 1873 - década de 1890
Criador: Helge Palmcrantz
Calibre: Vários
Ação: Alavanca manual
Cadência de tiro: 983 tpm


Fontes:
- CHINN, George. The Machine Gun. History, Evolution, and Development of Manual, Automatic, and Airborne Repeating Weapons, v.1. Washington, 1951.
- SLEEMAN, C. The Development of Machine Guns. The North American review, v.139, Out. 1884
- ELLIS, John. The Social History of the Machine Gun. New York: Pantheon Books, 1975.


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IHGB E DPHDM PROMOVEM O SEMINÁRIO "O BRASIL E A GRANDE GUERRA"

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Nos dias 4 e 5 de outubro, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e a Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha realizaram o seminário O Brasil e a Grande Guerra: interfaces da participação brasileira na Primeira Guerra Mundial.

Durante o evento, prestigiado por expressivo público, diversos pesquisadores apresentaram suas pesquisas, com olhares diversos sobre o conflito mundial que abriu o século XX e que ora completa seu centenário.  Na ocasião, o editor do Blog Carlos Daroz-História Militar apresentou sua pesquisa Da Ilha das Enxadas a Cattewater: os aviadores navais brasileiros na Grande Guerra.

Nosso Blog parabeniza a DPHDM e o IHGB pelo sucesso do seminário. A seguir, algumas imagens do evento:

O Prof Arno Wheling, presidente do IHGB, faz a abertura oficial do seminário.


Cartaz do seminário O Brasil e a Grande Guerra


O público lotou o auditório do IHGB


O editor do Blog Carlos Daroz - História Militar fazendo sua comunicação




Comandante Lopes, Prof. Carlos Daróz e Prof. Armando Santos









IMAGEM DO DIA - 7/10/2017

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Tropas polonesas durante a Guerra Russo-Polonesa, 1919

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MUSEU AEROESPACIAL PROMOVE SHOW AÉREO


COSME LOCKWOOD GOMM - UM BRASILEIRO NA RAF NA 2ª GUERRA MUNDIAL

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Por Rafael Pinheiro Machado e Sérgio Scheinkmann

Cosme Lockwood Gomm nasceu em 15 de novembro de 1913, em Curitiba, filho de Harry Herbert Gomm e Isabel Whiters Gomm, cidadãos britânicos residentes em nosso país. Em 1932, Cosme Gomm residia em São Paulo e vivenciou a Revolução Constitucionalista que eclodiu na capital com repercussão nacional. Decidiu transferir-se para a Inglaterra e ingressar na Royal Air Force, já que possuía também a cidadania inglesa. Em 07/11/33 foi comissionado como Oficial Aviador e recebeu a matrícula militar RAF 34123.


Sua primeira designação foi em 01/10/1934 para o 45º Esquadrão de Bombardeio, estacionado no Oriente Médio e voando o Fairey IIIF, em destacamentos em Amã na Jordânia, Gaza na Palestina, Ismaília no Egito, Hinaidi, Shaibah e Mosul no Iraque e Eastleigh no Quênia. Em 07/08/36 foi promovido a Flying Officer. O Esquadrão mudou de equipamento para os biplanos de observação Hawker Hart e para os biplanos de bombardeiros Vickers Vincent em 1935, usando-os simultaneamente até trocá-los pelos biplanos Fairey Gordon em 1936, agora com base somente em Eastleigh.


Em 30 de março de 1937 o Flying Officer Gomm foi transferido para o 14º Esquadrão de Bombardeio, voando os biplanos Fairey Gordon desde Amã, Jordânia. Em 07/08/1937 foi comissionado Flying Lieutenant em exercício. A efetivação da promoção ocorreu um ano depois em 07/08/1938. O Esquadrão havia trocado de equipamento para o monoplano Vickers Wellesley desde março de 1938 e continuou baseado em Amã.


Após esse período no oriente, o F/L Gomm retornou à Inglaterra em 15/02/1939 para servir como instrutor na 10ª Escola de Treinamento Aéreo (10 SFTS), deslocando-se em 15/01/1940 para o Canadá, para um período como instrutor na 1ª Escola de Treinamento Aéreo daquele país.


No retorno à Inglaterra foi alocado ao 77º Esquadrão em 08/07/1940, subordinado ao 4º Grupo do Comando de Bombardeiros. O Esquadrão utilizava o bimotor de bombardeio Armstrong Withworth Whitley V, que portavam o código KN, a partir da base de Driffield, passando para a base de Linton-on-Ouse em 28 de agosto, após Driffield ter sido atacada por bombardeiros Ju-88s da KG-30 da Luftwaffe, ficando seriamente danificada. Foi para a base de Topcliffe em 05 de outubro. Gomm foi desligado desse esquadrão, indo para a 54ª Unidade de Treinamento Operacional (54 OTU).

Cosme Lockwood Gomm com uniforme da RAF

Em 17/03/41 O W/C Gomm foi transferido para o 604º Esquadrão (County of Middlesex), sob o comando do já famoso Wing Commander John "Cat Eyes" Cunningham, baseado em Middle Wallop e subordinado ao 10º Grupo do Comando de Caças, voando o bimotor Bristol Beaufighter 1F. Essa versão do Beaufighter estava equipada para a função de caça noturno com radar A. I. Mk.IV, 4 canhões Hispano de 20 mm no ventre e 6 metralhadoras Browning .303 nas asas. Usavam pintura inteiramente preta fosca com códigos em cinza azulado. Nesse Esquadrão Gomm completou seu primeiro turno de missões que havia começado no 77º Esquadrão e abateu 3 Heinkel He-111 em missões noturnas. 


Em 01/06/41, Gomm foi promovido provisoriamente a Squadron Leader (major) e transferido para o Quartel General do 10º Grupo (Caça), onde assumiu no dia 20. No dia 28 ainda de junho foi nomeado comandante da Base Aérea de Colerne. Função que desempenhou até 17 de setembro quando foi alocado à 51ª Unidade de Treinamento Operacional (51 OTU) para um curso de qualificação em quadrimotores. Em 17 de novembro foi comissionado como piloto de provas de quadrimotores, ligado ao QG da RAF.  Foi temporariamente nomeado Wing Commander (posto equivalente a tenente-coronel) em 01/06/1942 e em 1º de setembro teve efetivada sua promoção a Squadron Leader.


Em 07/11/1942, já no posto de Wing Commander temporário e condecorado com a Distinguished Flying Cross, Cosme Gomm ofereceu-se como voluntário para um segundo turno de operações. Aceito, foi nomeado comandante do 467º Esquadrão (Australiano), formado em Scampton com pessoal australiano, e subordinado ao 5º Grupo do Comando de Bombardeiros. Em 24/11/42 o esquadrão mudou sua base para Bottesford, Nottinghamshire, Midlands, equipado com bombardeiros quadrimotores Avro Lancaster B.I e B.III, aparelhos que o usou até sua desativação em 30/09/45. O comandante Gomm foi condecorado com a Distinguished Service Order - DSO em 11/6/43.

Distinguished Flying Cross, uma das condecorações recebidas por Cosme Gomm



Sobre o raid da noite de 20-21/06/1943, transcrevemos o seguinte tópico do livro Bomber Command War Diaries:


"60 Lancasters foram alocados para o ataque à empresa Zeppelin, na cidade de Friedrichshaven, às margens do Lago Constance (Bodensee). Essa fábrica produzia conjuntos de radar Würzburg, parte importante do sistema de controle dos caças noturnos alemães, através do qual o Bomber Command tinha que voar cada vez que atacava um objetivo na Alemanha.


Esse foi um raid especial com novas e interessantes táticas. Como no recente Dam Raid (refere-se ao muito famoso raid do Esquadrão 617º às represas Marhne, Eder e Sorpe na noite de 16-17/05/.43), o ataque deveria ser controlado pelo piloto de um dos Lancasters. Essa modalidade viria a ser conhecida como a técnica do 'Master Bomber'. O planejamento foi efetuado pelo 5o Grupo que forneceu o Master Bomber - Group Captain (Coronel) L. C. Slee e quase todos os bombardeiros envolvidos; o 8º Grupo Pathfinder enviou 4 Lancasters marcadores de alvo do 97º Esquadrão.


O aparelho do Group Captain Slee apresentou falhas nos motores e a função de Master Bomber foi passada ao segundo em comando, Wing Commander C. L. Gomm do 467º Esquadrão. O ataque, como no recente raid a Le Creusot, França, deveria se desenvolver entre 5.000 a 10.000 pés em noite de lua clara. Como a artilharia antiaérea e os holofotes estavam muito ativos, o W/C Gomm ordenou à força de bombardeiros que subisse mais 5.000 pés. Infelizmente o vento a essa nova altitude estava mais forte que o previsto, causando dificuldades.


O bombardeio foi em duas partes. As primeiras bombas foram miradas nos indicadores de alvo lançados por um dos aviões dos Pathfinders. A segunda fase foi uma corrida de bombardeio cronometrada a partir de um ponto às margens do lago e até o ponto da posição estimada da fábrica. Esta era uma técnica em desenvolvimento pelo 5º Grupo. O reconhecimento fotográfico mostrou que cerca de 10 por cento das bombas atingiu a pequena fábrica onde muito estrago foi causado. Outras fábricas nas proximidades também foram atingidas. Sabe-se que 44 pessoas foram mortas em Friedrichshaven nessa noite.


A força de bombardeiros iludiu os caças noturnos alemães que esperavam seu retorno sobre a França, ao efetuar o primeiro raid com pouso na África. Nenhum Lancaster foi perdido.


Na volta da África para as bases na Inglaterra na noite de 23/24 de junho, a força bombardeou o porto de La Spezia, na Itália, atingindo depósitos de armas e combustível, novamente sem sofrer baixas."

Bombardeiro Avro Lancaster da RAF


Na noite de 15 para 16/08/43, o 467º fez parte de um raid de 199 quadrimotores dos 1º, 5º e 8º Grupos que atacaram Milão e Turim a partir de suas bases na Inglaterra. Foi a 24ª missão do segundo turno de operações do Wing Commander Gomm. Sete bombardeiros foram perdidos nesse raid, a maioria na viagem de retorno, sobre a França. O Lancaster B.III ED998, código PO-Y do Wing Commander decolou de Bottesford às 20:34 horas e foi um dos abatidos. Caiu perto da cidade de Chartres às 23:30 horas. Dos 7 tripulantes, salvou-se apenas o Sargento J. R. Lee que foi feito prisioneiro pelos alemães e levado para o campo de concentração da Luftwaffe em Sagan. Além do piloto e do Sargento Lee, faziam parte da tripulação o Pilot Officer K. Gibson, Flying Officer T. J. Phillips, F/O A. H. Reardon RAAF, P/O H. N. Pritchard e Warrant Officer L. L. McKenny RAAF. 

Os mortos foram sepultados no cemitério da cidade de Chartres. Seus despojos foram transferidos depois da guerra para o Cemitério Militar de Saint Desir nos Calvados, França. Gomm tinha 29 anos de idade e seu corpo encontra-se na sepultura 7-G-C-6.


Em 20/08/1943, o Ministério do Ar britânico informou a família no Brasil sobre o desaparecimento em combate do Wing Commander Gomm. A confirmação de seu falecimento foi feita pela Cruz Vermelha Internacional dias depois. A Câmara Municipal de Curitiba homenageou o aviador dando seu nome a uma rua no bairro do Bigorrilho.

Fonte:  SP Modelismo

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BATALHA DE MALAKOFF: O ASSALTO FINAL E DECISIVO CONTRA SEBASTOPOL

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.O Cerco de Sebastopol foi o principal combate ocorrido durante a Guerra da Crimeia, tendo durado de setembro de 1854 a setembro de 1855. Um dos primeiros livros de Leon Tolstoi, "Relatos de Sebastopol", detalha os combates num misto de ficção e relato histórico.

Por Renato Coutinho


O Cerco de Sebastopol durou quase um ano, entre outubro de 1854 e setembro de 1855, e foi muito duro para civis e militares de ambos os lados. Os diversos combates e batalhas ao redor de Sebastopol foram muito violentos e sangrentos, culminando no assalto decisivo que ocorreu no dia 8 de setembro de 1855. Os aliados, com destaque para os exércitos francês e britânico, passaram quase um ano tentando conquistar a linha defensiva externa (secundária) de Sebastopol. Conseguiram sofrendo pesadas baixas, pois os russos não entregavam facilmente suas posições defensivas (redutos e bastiões fortificados). 

Cada ataque de infantaria aliado sofria com o pesado fogo da infantaria e artilharia russa e, quando conseguiam penetrar e ocupar uma posição após terrível combate aproximado, o contra-ataque feroz da infantaria russa não tardava. Reforços, novos regimentos de infantaria, eram lançados no combate a todo momento. Sempre que os aliados conquistavam uma posição da linha defensiva externa russa, essa posição capturada custava caro para os aliados, às vezes muito caro. 

A linha de defesa externa de Sebastopol caiu de vez quando os franceses conquistaram um reduto fortificado conhecido como "Mamelon" em junho de 1855. Os franceses sofreram cerca de 2.200 baixas capturando o “Mamelon” e os famosos Zuavos franceses tiveram papel fundamental na captura dessa posição russa.

Oficial do 1º Regimento de Zuavos na Crimeia

Como sempre, os Zuavos franceses combateram arduamente e não arredaram pé da posição conquistada. O 1º Regimento de Zuavos sofreu aproximadamente 500 baixas. conquistando o “Mamelon”, e o 2º Regimento de Zuavos perdeu 719 homens no mesmo assalto contra a posição fortificada.

O “Mamelon” era uma posição ligeiramente elevada localizada 200 metros à frente da principal posição da principal linha de defesa de Sebastopol, essa posição era conhecida como "Malakoff" ou "Torre Malakoff". Essa linha defensiva principal russa contava com vários redutos e bastiões fortificados, com uma enorme rede de trincheiras e dezenas de peças de artilharia, mas três posições eram as mais importantes: Malakoff, Redan e o pequeno Redan. Unidades de engenharia francesas passaram os dois meses seguintes, julho e agosto de 1855, cavando trincheiras debaixo de fogo russo a partir da posição do “Mamelon”, que era o ponto mais próximo da principal de defesa russa. Cavaram várias linhas de trincheiras paralelas e perpendiculares ao Malakoff, para oferecer proteção aos engenheiros franceses enquanto trabalhavam e posteriormente para os infantes franceses quando chegasse a hora do ataque, gradualmente chegando mais perto do Malakoff. No início de setembro, apesar de todos os esforços russos para impedir o trabalho dos franceses e repelir o inimigo para longe, os franceses haviam chegado a 70 metros do Malakoff. A hora do ataque decisivo estava se aproximando.

Os franceses colocaram cerca de 28.000 soldados de prontidão. Esses homens iriam participar do assalto decisivo contra a principal linha defensiva de Sebastopol. Os britânicos mobilizaram quase 14.000 homens para participar do ataque. Os franceses tinham a missão de capturar o Malakoff e o pequeno Redan, enquanto os britânicos tinham que capturar o Redan. Malakoff (ou Torre Malakoff) era a principal posição defensiva russa, era o ponto chave das defesas de Sebastopol. O Malakoff era um enorme reduto fortificado com parapeitos altos (construídos com vigas grossas de madeira e muitos sacos de areia), uma larga torre de dois andares no centro da posição (a qual contava com 8 canhões no seu interior), 16 canhões nos parapeitos e dois batalhões de infantaria russos guarnecendo o bastião. O Redan era um reduto parecido com o Malakoff, mas não contava com uma torre de artilharia. Infelizmente, o trabalho dos engenheiros britânicos não conseguiu avançar no mesmo ritmo dos engenheiros franceses e, por conta disso, seus soldados teriam que avançar 150 metros para conseguir alcançar os parapeitos/trincheiras do Redan.

General de Divisão Pierre Bosquet com oficiais de seu estado-maior. Foto batida em agosto de 1855 (um mês antes do ataque contra o Malakoff).

O ataque final contra Sebastopol ocorreu em 8 de setembro de 1855. Os infantes franceses, sob o comando do General de Divisão Pierre Bosquet, deixaram suas trincheiras e lançaram um violento e devastador assalto de infantaria contra as posições russas. O General de Divisão Patrice MacMahon (descendente de escoceses) liderou o ataque, tendo à frente o 1º Regimento de Zuavos (escolheram esse regimento de elite como ponta de lança do assalto). Os Zuavos franceses saíram desembestados de suas trincheiras e alcançaram rapidamente os parapeitos dos Malakoff. Em poucos segundos já estavam escalando e penetrando no reduto russo. Detalhe: Os franceses descobriram que os russos trocavam as guarnições na região do Malakoff por volta do meio dia. Os russos levavam alguns minutos retirando a "velha" guarnição antes de trazer a "nova" guarnição. Os franceses lançaram o ataque justamente durante essa troca. Os Zuavos do 1º de Zuavos conseguiram avançar com pouca oposição, evitando o fogo mortal da maioria dos canhões russos. Em pouco tempo já estavam dentro das defesas russas. Logo depois, o bicho pegou para valer. 

Os russos trouxeram reforços e o combate no interior da posição foi muito violento e sangrento. A batalha pelo controle do Malakoff foi de uma selvageria fora do comum. Russos e franceses passaram quatro horas se engalfinhando no interior do bastião. Ataques e contra-ataques foram ocorrendo quase sem descanso. Novas unidades de infantaria foram sendo lançadas a todo momento na luta por ambos os lados. O combate era aproximado e extremamente feroz, quase sempre corpo a corpo com baionetas, coronhas e sabres. Disparos de mosquetes e pistolas eram constantemente efetuados a curtas distâncias, num ritmo frenético. Uma luta selvagem reinou do meio dia até às 4 horas da tarde, quando finalmente os franceses conseguiram conquistar definitivamente o reduto. O Zuavo francês Eugene Libaut instalou a bandeira francesa no topo do Malakoff, marcando sua captura pelo Exército Francês.

Quadro pintado por Horace Vernet em 1858 mostrando o General MacMahon ao lado do Zuavo Eugene Libaut (ou Lihaut) no topo do Malakoff. Eugene estava fincando a bandeira francesa naquele momento.

Detalhe sinistro: os franceses que estavam dentro do Malakoff, aguardando mais um contra-ataque da infantaria russa, resolveram construir um muro dentro do pátio do reduto com sacos de areia, pedaços de madeira e cadáveres de soldados russos. Dezenas de militares russos foram empilhados e realmente serviram de proteção para os franceses.

Os franceses também conquistaram o pequeno Redan, mas os britânicos não conseguiram capturar o Redan. O assalto britânico não foi iniciado na hora combinada com os franceses, eles partiram com atraso de 10 minutos, e tinham que percorrer uma distância maior. Quando os regimentos de infantaria britânicos iniciaram o avanço, os franceses já haviam invadido o Malakoff e os sons da batalha dominavam o ambiente, ou seja, os infantes e artilheiros russos no Redan já estavam alertas quando os britânicos deixaram suas trincheiras para iniciar o assalto (sendo recebidos por um fogo devastador). Poucos militares britânicos conseguiram penetrar no reduto russo e foram repelidos com uma certa facilidade.

No ataque final contra Sebastopol, nas batalhas pela posse do Malakoff, Redan e pequeno Redan, os franceses sofreram 7.567 baixas (perdendo 5 Generais mortos e 4 feridos). Os britânicos sofreram 2.271 baixas (com 3 de seus Generais feridos) e os russos perderam 12.913 homens. Bosquet, o comandante das forças francesas nesse assalto, foi gravemente ferido e quase faleceu no hospital de campanha francês (foi a segunda vez que ele foi ferido com gravidade na Guerra da Criméia).

A perda do Malakoff, posição elevada dominante da área de Sebastopol, provocou a retirada dos russos da linha defensiva e, também, da cidade de Sebastopol no dia 9 de setembro. Eles não tinham mais condições de defender a cidade, pois os canhões de sítio franceses seriam instalados no Malakoff e poderiam facilmente bombardear Sebastopol. Assim sendo, a queda do Malakoff marcou o fim do cerco de Sebastopol. Esta foi uma vitória inteiramente francesa. Os aliados perderam aproximadamente 128.000 vidas durante o cerco de quase um ano. Por sua vez, os russos perderam cerca de 102.000 vidas ao longo do cerco.

O general MacMahon, descendente de escoceses, era o comandante das forças francesas na Crimeia.

No dia 8 de setembro, o 1º Regimento de Zuavos iniciou o assalto com um efetivo de 754 homens (soldados e oficiais)s). Sofreu 512 baixas conquistando o Malakoff. Os Zuavos franceses já eram conhecidos e respeitados ao redor do mundo, mas a conquista do Malakoff tornou-os os soldados mais admirados e temidos do mundo. Seus feitos de armas eram publicados em periódicos e publicações do mundo todo, sempre acompanhados de gravuras que mostravam a incrível tenacidade e extrema coragem dos Zuavos em ação. 

George McClellan, oficial americano e observador oficial do Exército dos EUA na Guerra da Crimeia, observou os Zuavos franceses em ação na Crimeia e fez a seguinte afirmação: "Os Zuavos franceses são a melhor infantaria do mundo, disso não tenho dúvida." 

McClellan comandou o principal exército da União em 1862 (durante a Guerra Civil Americana) - excelente teórico, excelente administrador, mas péssimo comandante de exército. Vacilava e não aguentava a pressão de ter que tomar decisões rápidas no calor do combate.

Unidades de infantaria da Guarda Imperial Francesa e outras unidades de infantaria do Exército Imperial Francês, regimentos de infantaria de linha e batalhões de Caçadores a Pé, também lutaram muito bem na ofensiva aliada do dia 8 de setembro, conquistando o Malakoff e o pequeno Redan, mas os Zuavos franceses foram considerados os grandes heróis desta vitória francesa, ficando o nome "Zuavo" eternamente associado a conquista do Malakoff. A infantaria da Guarda Imperial Francesa, fazendo parte da segunda leva que atacou o Malakoff, também combateu muito bem. Era a primeira vez que todas as unidades de infantaria da Guarda Imperial participavam juntas da mesma batalha. A Guarda Imperial iniciou o ataque com aproximadamente 5.600 homens e sofreu 2.471 baixas naquele terrível dia. O Regimento de Zuavos da Guarda Imperial Francesa, contando somente com um batalhão na época, perdeu 300 dos seus 590 homens conquistando o Malakoff (lutaram como demônios, de acordo com o depoimento de um Coronel russo).


Um brasileiro em Malakoff

O 1º de Zuavos perdeu muitos oficiais no assalto decisivo contra o Malakoff e um deles era brasileiro, ou melhor dizendo, era um franco-brasileiro. O tenente Eduardo de Villeneuve morreu dentro do Malakoff, tendo sido citado no relatório/parte de batalha escrito pelo comandante do regimento por sua conduta exemplar demonstrada durante o combate. Nascido de pai francês, Eduardo nasceu e foi criado no Rio de Janeiro. Seu irmão, o Conde Villeneuve, foi Ministro Plenipotenciário do Império do Brasil na Bélgica. Eduardo cursou a Academia Militar de Saint-Cyr, a principal academia de oficiais da França, e concluiu o curso na turma de 1851-1853 ("promoção da Águia"). Concluiu como oficial da Arma de infantaria. Essa turma recebeu o nome de "Promoção da Águia" porque, no meio do curso, Napoleão III tornou-se Imperador da França iniciando o período do Segundo Império Francês e o símbolo máximo do Império Francês era a águia imperial (herdada do 1º Império Francês da Era Napoleônica). Logo após a conclusão do curso, Eduardo foi designado para servir no 1º Regimento de Zuavos.

Um subúrbio de Paris, dentro da grande Paris, foi batizado com o nome Malakoff para homenagear essa vitória francesa. Da mesma forma, uma avenida de Paris também foi batizada com o nome Malakoff.

IMAGEM DO DIA - 15/10/2017

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O Canadá na Grande Guerra e o elevado custo de uma guerra total marcada pelo avanço tecnológico e na eficácia das armas.  Oficiais do 1º Regimento da Terra Nova. Da esquerda para a direita:
 - Capitão James John Donnely, morto em ação em 12 de outubro de 1916, aos 34 anos de idade;
- Tenente Norman Outerbridge, morto em ação em 14 de abril de 1917, aos 33 anos de idade;
- Capitão James Allan Ledingham, morto em ação em 9 de outubro de 1917, aos 29 anos de idade;
- Capitão Herbert Rendell, morto em ação em  29 de setembro de 1918, aos 29 anos de idade;
- Capitão Wilfred Pippy, sobreviveu à guerra;
- Tenente Cyril Carter, sobreviveu à guerra.



BLOG 'CARLOS DAROZ-HISTÓRIA MILITAR' ATINGE A MARCA DE 1 MILHÃO DE ACESSOS

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É com grande satisfação e sentimento de gratidão que registramos a marca de 1 milhão de acessos ao nosso Blog.

Desde 2009 o Blog Carlos Daroz - História Militar procura popularizar e democratizar o conhecimento acerca desse importante campo de estudo e pesquisa da História, o que se refletiu na preferência dos nossos leitores e amigos, bem como a expressiva quantidade de visitas.

Reafirmamos nosso compromisso e disposição em continuar trazendo conhecimentos e informações de qualidade abordando a História Militar Geral e a História Militar Brasileira.

Muito obrigado e vamos em frente!

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IMAGEM DO DIA - 17/10/2017

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Durante a Guerra de Sucessão Espanhola (1701-1714), tropas do 1º Regimento de Guardas a Pé britânico avançam para atacar Blenheim, em 2 de agosto de 1704


CONFERÊNCIA INTERNACIONAL "PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO SUBAQUÁTICO"

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Na primeira semana de novembro o editor do Blog Carlos Daróz-História Militar participará da Conferência Internacional PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO SUBAQUÁTICO, no Mindelo, em Cabo Verde.

O evento, realizado no contexto das rememorações do centenário da Grande Guerra, é promovido pelo Instituto Universitário de Arte, Tecnologia e Cultura de Cabo Verde, com o apoio das embaixadas do Brasil e da França naquele país e do Instituto Camões de Cooperação e da Língua de Portugal.

Na ocasião apresentaremos a conferência O BRASIL NA 1ª GRANDE GUERRA, analisando a participação brasileira no primeiro grande conflito ocorrido no século XX.







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SEGUNDA BATALHA DE DURAZZO (1918)

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A Segunda Batalha de Durazzo, travada na costa da Albânia no final da 1ª Guerra Mundial, representou os últimos tiros disparados pela Marinha Austro-Húngara e o maior confronto naval que os EUA participaram durante a guerra.

A Segunda Batalha de Durazzo teve início na manhã de 2 de outubro de 1918, quando aviões britânicos e italianos atacaram as concentrações de tropas inimigas e as baterias de artilharia, enquanto a frota austro-húngara, composta por três navios, continuou a navegar através do Mar Adriático. Em seguida, vários dos cruzadores italianos e britânicos formaram uma linha de dois escalões para iniciar o bombardeio de cerca de 8.000 jardas (7.315 metros) ao largo da costa. Enquanto isso, navios americanos e britânicos atacaram os três navios da Marinha Austro-Húngara, os contratorpedeiros SMS Dinara (foto acima) e SMS Scharfschütze e o torpedeiro nº 87.

Os três navios austro-húngaros navegaram ao redor do porto de Durazzo, na Albânia, disparando suas armas e evitando os torpedos e o fogo de artilharia. O torpedeiro nº 87 e os dois contratorpedeiros foram perseguidos pela força aliada ao fugirem para norte ao longo da Costa, mas conseguiram escapar. O SMS Scharfschütze obteve alguns pequenos sucessos e teve três mortos e cinco feridos, enquanto o torpedeiro nº 87 foi atingido por um torpedo, que não explodiu. O SMS Dinara conseguiu escapar ileso. 

Bateria de artilharia de costa austro-húngara


O bombardeio do porto foi realizado pelos cruzadores blindados italianos San Giorgio, San Marco e Pisa e três navios mercantes, Graz, Herzegovina e Stambul, foram atingidos. O Stambul afundou, mas os outros dois escaparam à destruição total. O navio-hospital austro-Húngaro Baron foi abordado e inspecionado por contratorpedeiros britânicos antes de receber autorização para prosseguir. 

As forças navais norte-americanas receberam a incumbência de atuarem como força de cobertura e, no início da batalha, foram usadas para abrir um caminho livre através de um campo de minas ao largo de Durazzo. Alguns dos caça-submarinos foram engajados pelo fogo das baterias de artilharia de costa, mas nenhum foi danificado. Foram então designados para se unirem a outros caça-submarinos americanos para patrulhar ao norte e ao sul da área de batalha. 

Submarino U-29 austro-húngaro

Os americanos localizaram dois submarinos austro-húngaros, o U-29 e o U-31, e logo lançaram um ataque. Os caça-submarinos lançaram um ataque com cargas de profundidade contra o U-29 que durou 15 minutos, mas o submarino conseguiu sair ileso. O U-31 também foi atacado com bombas de profundidade e também sobreviveu.  Os navios americanos, por sua vez, foram alvejados pela artilharia de costa austro-húngara, mas nenhum deles foi seriamente atingido na batalha. 

Mais tarde, as forças norte-americanas relataram ter afundado os dois submarinos, mas isso não ocorreu, e, posteriormente, os submarinos conseguiram danificar pelo menos um cruzador ligeiro aliado, o HMS Weymouth, da Marinha Real britânica, que foi atingido por um torpedo do U-31 que danificou uma grande porção de sua popa e matou quatro homens. O Weymouth estava bombardeando posições terrestres, juntamente com outros quatro cruzadores britânicos, quando o torpedo o atingiu. O navio passou o resto da guerra em reparos. 

O cruzador britânico HMS Weymout foi seriamente avariado durante a Batalha de Durazzo

Os outros cruzadores ligeiros britânicos foram levemente danificados pelo fogo das baterias costeiras, antes que estas fossem silenciadas. Um destroier britânico também foi atingido por um torpedo. 

A batalha terminou às 1:30h de 3 de outubro e o porto outrora ocupado ficou em silêncio. Em 10 de outubro, as últimas unidades austro-húngaras tinham deixado Durazzo, que acabou por ser ocupada pelos italianos em 16 de outubro.

Oficiais e praças da Marinha Austro-húngara

O bombardeio aliado contra a pequena área portuária abalou os seus pilares de madeira. Embora os civis tivessem começado a fugir da cidade no início do bombardeio, muitas baixas foram infligidas sobre a população neutra. A antiga cidade adjacente ao porto foi completamente destruída, incluindo os edifícios públicos. O palácio real de Durazzo, em breve, a residência do Príncipe Wilhelm Zu Wied, da Albânia, foi completamente destruído.

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PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR – MARECHAL ŌYAMA IWAO

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* 10/10/1842 - Kagoshima, Japão

+ 10/12/1916 - Tóquio, Japão


O príncipe Ōyama Iwao foi um marechal-de-campo e político japonês, sendo um dos fundadores do Exército imperial japonês.


Ōyama nasceu em família de samurais que pertencia ao clã Shimuzu. Foi um protegido de Okubo Toshimichi, participou da derrubada do Xogunato Tokugawa, e teve um papel importante na Restauração Meiji. Foi comandante-chefe da primeira brigada independente durante a Guerra Boshin. Durante o Cerco de Aizu, foi comandante das posições de artilharia do Exército imperial japonês, no monte Oda. Durante o cerco, foi ferido pela guerrilha de Aizu sob o comando de Sagawa Kanbei.

Em 1870, estudou na Escola Militar Especial de Saint-Cyr na França, e foi o observador militar oficial do Japão durante a Guerra Franco-Prussiana. Estudou três anos (1870-1873) em Genebra, onde aprendeu línguas estrangeiras e ficou fluente em russo. Ōyama ficou conhecido como o primeiro cliente japonês da Louis Vuitton, depois de ter comprado alguns equipamentos durante sua estadia na França. 

Posteriormente voltou à França após ser promovido general para estudos especializados. No seu regresso ao Japão, ajudou no estabelecimento do Exército imperial japonês, que foi usado para reprimir a Rebelião Satsuma, apesar de que Ōyama e seu irmão mais velho fossem primos de Saigō Takamori.

Na guerra sino-japonesa foi designado Comandante chefe do segundo exército japonês, e desembarcou na Península de Liaodong, avançou para Port Arthur em meio a uma tormenta, cruzou Shandong, onde capturou a fortaleza de Weihawei.

Por seus serviços, Ōyama foi incluído no sistema de nobreza japonesa (Kazoku) com o título de marquês, e, três anos depois, foi promovido a marechal. Na guerra russo-japonesa (1904-1905) foi nomeado comandante chefe das forças japonesas na Manchúria. Com a vitória do Japão, o Imperador Meiji o nomeou kōshaku (príncipe).

Ōyama foi ministro da guerra em vários gabinetes e, como chefe de estado, defendeu o poder autocrático da oligarquia (Genrō) indo de contra os direitos democráticos. Entretanto, sob o governo do primeiro ministro Yamagata Aritomo, foi reservado e se retirou dos assuntos políticos. Desde 1914 foi declarado Guardião do selo privado.

O General Ōyama em campanha durante a Guerra Russo-Japonesa


Tinha a habilidade falar e escrever em várias línguas europeias fluentemente, e tinha simpatia com o estilo arquitetônico europeu. Quando foi ministro da guerra, construiu uma casa em Tóquio baseado em um modelo de castelo alemão; entretanto, sua esposa reclamou e insistiu que os quartos das crianças fossem remodelados no estilo japonês, para fazer ênfase a origem japonesa deles. A casa foi destruída durante os bombardeios aéreos na Segunda Guerra Mundial. A esposa de Ōyama, Yamakawa Sutematsu, foi irmã dos antigos vassalos do clã aizu, Yamakawa Horishi e Yamakawa Kenjiro; e era conhecida como uma das primeiras estudantes femininas a serem enviados aos Estados Unidos pela Imperatriz do Japão, no começo da década de 1870. Esteve vários anos nesse país, graduando-se na Vassar College em 1882.

Ōyama foi um homem obeso, cujo peso excedia os 95 kg, e consumia muita carne. Morreu aos 75 anos em dezembro de 1916, e, recentemente, sua morte foi atribuída a complicações de diabetes.



LIVRO - STALINGRADO 1942: O INÍCIO DO FIM DA ALEMANHA NAZISTA

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Era a batalha do tudo ou nada: se os nazistas conquistassem Stalingrado, provavelmente venceriam a Segunda Guerra Mundial. Acuados, os soviéticos pagaram caro pela resistência encarniçada. Milhares de vidas foram ceifadas no trágico embate. De julho de 1942 até fevereiro do ano seguinte, o mundo acompanhou como pôde o encontro dos dois grandes exércitos. 

O autor Alexander Werth, um dos pouquíssimos jornalistas estrangeiros a cobrir a frente oriental, teve um olhar privilegiado. Assim que os alemães capitularam, Werth chega a uma Stalingrado ainda traumatizada e nos relata com vivacidade tudo o que observa. Além de ser testemunha ocular, entrevistou oficiais, especialistas militares e teve acesso a documentos originais. Stalingrado continua sendo o livro mais importante publicado sobre uma das mais sangrentas e decisivas batalhas da Segunda Guerra Mundial.


Sobre o autor

Alexander Werth nasceu em 1901, em São Petersburgo. Foge com a família para a Grã-Bretanha às vésperas da Revolução Russa e se instala em Glasgow, onde cursa os estudos superiores e se forma em Jornalismo. Contratado pelo Manchester Guardian, vai para Paris como correspondente nos anos 1930. Durante a Segunda Guerra Mundial, assume como correspondente da BBC e do Sunday Times e embarca no avião que leva a Moscou os membros da missão militar britânica. Werth permanecerá na URSS até maio de 1948, retornando à Grã-Bretanha apenas por alguns meses, de outubro de 1941 a maio de 1942. Autor de diversos livros, falece em 1969. Seu filho, Nicolas Werth, historiador especializado na União Soviética, fez as notas comentadas e o posfácio da obra.


Ficha técnica

Editora: Contexto
ISBN 978-85-7244-930-4
Formato 16 x 23
Peso 0.300 kg
Acabamento Brochura
Páginas 224




OS RUSSOS QUE VIRARAM HERÓIS NO PARAGUAI

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Fugidos de Revolução de 1917, oficiais russos encontraram em Assunção um porto seguro. Anos depois, porém, se uniram às fileiras paraguaias para defender o país na batalha contra Bolívia e hoje são homenageados em diversos pontos do país.


Por Maria Aleksandrova

No Panteão Nacional dos Heróis em Assunção há uma placa com a cruz ortodoxa e a seguinte inscrição: “Memória eterna”. Nela estão os nomes de seis oficiais russos que emigraram ao Paraguai para escapar da perseguição dos bolcheviques, após a Revolução de 1917, e lutaram na Guerra do Chaco: Ivan Beliáev, Víktor Kornilovitch Serguêi Salázkin, Nikolai Goldschmidt, Vassíli Maliutin e Boris Kasiánov.

O general Ivan Beliáev foi o primeiro a chegar ao país latino-americano, em 1924, e logo acabou sendo contratado como professor de fortificação e de francês na Escola Militar de Assunção. No entanto, preocupado com o destino de outros oficiais “brancos” que percorriam o mundo em busca de um lugar seguro, Beliáev fechou um acordo com o governo do Paraguai para a criação de uma colônia russa.

Assim, o general foi seguido por seus ex-companheiros de armas, que haviam superado a Primeira Guerra Mundial e a Guerra Civil na Rússia. Alguns deles abriram pequenos negócios no Paraguai; outros trabalhavam como engenheiros, topógrafos ou ministravam aulas na academia militar e na universidade locais.

“Paraguai, nossa segunda pátria”

Com a eclosão da Guerra do Chaco (de 1932 a 1935), os oficiais russos se reuniram.
Doze anos se passaram desde que perdemos nossa amada pátria e há doze anos que temos que agir. O Paraguai nos acolheu com calor e afeto, mas hoje chegaram dias difíceis. O que estamos esperando? O Paraguai é a nossa segunda casa, é preciso defendê-la, e todos nós somos oficiais”, disse então o capitão Nikolai Korsakov.

General Ivan Beliáev


No dia seguinte, todos os russos se alistaram como voluntários no Exército paraguaio; os oficiais militares mantiveram suas patentes anteriores, porém acrescentaram duas letras: ‘H.C.’, que significa “Honoris Causa”.

O número de oficiais russos que lutaram no lado do Paraguai variam segundo fontes diversas, mas sabe-se que no comando das tropas paraguaias havia 20 capitães russos, 13 majores, 4 tenentes-coronéis, 8 coronéis e 2 generais (um deles, Beliáev).

Alguns oficiais, entre eles Salázkin, Kasiánov, Goldschmidt, Maliutin e Kornilovitch, perderam a vida durante o conflito.


“Que lindo dia para morrer”

O primeiro oficial russo que morreu na Guerra do Chaco foi o capitão Vassíli Oréfiev-Serebriakov, um cossaco da região do rio Don. Ele comandou um batalhão durante Batalha de Boquerón, onde se deram as principais disputas do conflito.

Reza a lenda que o capitão russo comandava os soldados paraguaios durante os ataques sob os gritos de “Adiante, a Boquerón!” e “Viva o Paraguai!”. No entanto, Oréfiev-Serebriakov foi atingido no ataque quando faltavam apenas alguns metros até a primeira linha de defesa. Os soldados levaram o comandante ferido do campo de batalha somente para escutar suas últimas palavra: “Eu cumpri a ordem. Que lindo dia para morrer!”.

Após sua morte, o capitão foi premiado com a patente de major (HC) do Exército Nacional paraguaio, e uma cidade do país foi nomeada em sua homenagem: Fortín Serebriakoff (transliteração local do nome Serebriakov).


Kasiánov e a luta após a morte

Os soldados paraguaios tinha tanto apreço pelo capitão Boris Kasiánov que o russo recebeu o carinhoso apelido de “neném”. Um de seus subordinados chegou até a escrever que “estavam dispostos a seguir o comandante russo até ‘a boca do diabo’”.

Certa vez seu grupo teve de enfrentar forças superiores do inimigo. Os soldados paraguaios recordavam como o capitão havia coberto com seu corpo a enorme metralhadora do inimigo. O relatório oficial dizia que “Kasiánov morreu como um herói, silenciando a metralhadora inimiga à custa de sua própria vida”.

Soldados paraguaios durante a Guerra do Chaco


Mas a história do capitão teve continuação. Desde que era um estudante em Moscou, Kasiánov tinha um grande amigo chamado Nikolai Iemeliánov. Quando a Primeira Guerra Mundial começou, os dois se alistaram como voluntários no Exército, fizeram um curso intensivo na escola militar de cavalaria e marcharam à frente de batalha.

Com a Revolução de 1917 e a Guerra Civil, os amigos perderam contato. Kasiánov foi para o Paraguai convidado pelo general Beliáev, enquanto Nikolai conseguiu se estabelecer em Paris; ali encontrou trabalho em um banco e depois abriu seu próprio escritório de advocacia. Mas, quando soube por um jornal de imigrantes que o amigo havia morrido no distante Paraguai, fechou seu negócio na capital francesa e partiu para Assunção a fim de substituí-lo.

O ministro das Relações Exteriores de Paraguai se referiu a Iemeliánov como “o cavaleiro romântico da Rússia, movido pela grande força de espírito, o desejo de justiça e sentido de dever para com o seu companheiro morto”, e o capitão russo assumiu um esquadrão com 50 caças.

Após ser ferido, Iemeliánov teve que se retirar do campo de batalha. No entanto, seu amigo continua homenageado nas ruas de Assunção, onde há uma rua que leva o seu nome: Boris Cassiánoff (transliteração local do sobrenome russo Kasiánov).

No Panteão Nacional dos Heróis em Assunção há uma placa com a cruz ortodoxa e a seguinte inscrição: “Memória eterna”. Nela estão os nomes de seis oficiais russos


Outras via russas de Assunção

Entre outros oficiais russos cujos nomes foram parar nas ruas de Assunção estão o tenente Vassíli Maliutin, que deu sua vida pela causa do Paraguai, os capitães Serguêi Salázkin, que morreu heroicamente em defesa do Chaco, em 1933, Vsevolod Kanónnikov e Nikolai Blinov, e o coronel Gueórgui Butlerov, entre outros.

Fonte: Gazeta Russa



HISTÓRIA MILITAR NA FRANÇA - A DEFESA DE PARIS

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“A história só nasce para uma época quando ela está inteiramente morta. Assim, o domínio da história é o passado, o presente convém à política e o futuro pertence a Deus.”  
(J. Thiénot)


O futuro a Deus pertence!  A máxima de Thiénot deixa clara a imprevisibilidade do que pode acontecer com nossos projetos de vida e a incerteza da nossa caminhada.  Assim, mesmo nunca imaginando esta possibilidade, a vida trouxe o editor do Blog Carlos Daróz-História Militar a residir na França, mais precisamente em Paris, por uma temporada.

Já nos dois primeiros dias aqui, é muito fácil constatar que a capital francesa transpira história, patrimônio, cultura, tradição e, acima de tudo, encerra inúmeras referências relacionadas com a História Militar.  Nesse sentido, a partir de hoje procurarei postar aqui no Blog todas as visitas, referências, monumentos, sítios e indicações relacionadas com o tema que eu tiver condições no período em que estiver morando aqui, embora, de antemão, tenha a consciência de que será impossível esgotar o assunto, devido à sua riqueza.

Hoje começo com o belíssimo monumento A Defesa de Paris, que faz referência à obstinada defesa da capital francesa diante do cerco realizado pelos prussianos durante a Guerra Franco-Prussiana.

A Defesa de Parisé uma escultura de Louis-Ernest Barrias inaugurada em 12 de outubro de 1883 na encruzilhada de Courbevoie (hoje distrito de La Défense), no território da cidade de Puteaux, nos Hauts-de-Seine.  Homenageia a memória das vítimas militares e civis que caíram durante o cerco de Paris na Guerra Franco-Prussiana de 1870.

O escultor Louis-Ernest Barrias venceu o disputado concurso para elaboração da escultura

Contexto histórico

Em 19 de setembro de 1871, os alemães começaram a sitiar Paris. O novo governo dispôs-se a negociar com Bismarck, mas suspendeu as conversações quando soube que os alemães exigiam a Alsácia e a Lorena. O principal líder do novo governo francês, Léon Gambetta, fugiu de Paris num balão, estabelecendo um governo provisório na cidade de Tours para reorganizar o exército no interior. A partir daí seriam organizadas 36 divisões, todas destinadas ao fracasso.

Mapa mostrando o cerco de Paris pelos prussianos

Esperanças de um contra-ataque francês dispersaram-se quando o marechal François Achille Bazaine, com um exército de 173.000 homens, apresentou sua rendição em Metz, no dia 27 de outubro.

A capitulação oficial de Paris ocorreu em 28 de janeiro de 1871. Louis Adolphe Thiers, velho político francês, foi eleito pela assembleia como chefe do executivo e solicitou um armistício aos prussianos, o qual foi concedido por Bismarck. O armistício incluía a eleição de uma assembleia nacional francesa que teria a autoridade de firmar uma paz definitiva. A Assembleia Nacional Francesa reuniu-se em Bordéus, em 13 de fevereiro, nomeando Louis Adolphe Thiers o primeiro presidente da Terceira República Francesa. O acordo, negociado por Thiers, foi assinado em 26 de fevereiro e ratificado em 1º de março. A população de Paris, entretanto, recusou-se a depor as armas e, em março de 1871, revoltou-se, estabelecendo um breve governo revolucionário, a Comuna de Paris.

Em 1879, os republicanos se tornaram maioria no parlamento e se estabeleceram definitivamente no poder. O novo regime procurou distinguir-se da República de Mac Mahon, insistindo em recordar a política de defesa nacional que os republicanos haviam conduzido de setembro de 1870 a janeiro de 1871, durante a Guerra Franco-Prussiana.

Nesse sentido, em homenagem à obstinada defesa de Paris, os republicanos também manifestaram seu desejo de reintegrar a capital na comunidade nacional e acabar com as divisões nascidas da Comuna de Paris.

A construção de monumentos também afetou a ordem simbólica: a Terceira República foi percorrida do nível nacional a nível local a partir da década de 1880, por meio de uma "estatuomania" sem precedentes, que variava do Bourgeois de Calais de Rodin, ao Triunfo da República de Jules Dalou, valorizando os "pequenos patriotas", bem como a grande Pátria francesa.

Um concurso com grandes artistas

Para comemorar a defesa heroica de Paris contra os prussianos, a Prefeitura do Sena organizou, em 1879, um concurso para a construção de um monumento na rotatória de Courbevoie, localizada no final da Avenida de Neuilly, e no alinhamento do Arco do Triunfo, onde os Guardas Nacionais se reuniram antes da última batalha de Buzenval, ocorrida em 19 de janeiro de 1871 na fase final da conflito.

Cem artistas competiram, incluindo Gustave Doré, Auguste Bartholdi, Carrier-Belleuse, Alfred Boucher, Alexandre Falguière e Auguste Rodin, mas a escolha dos jurados foi pelo projeto de Louis-Ernest Barrias. O monumento foi erguido sobre o que era a rotatória de Courbevoie e ali permaneceu até 1965, instalado em uma base que, até então, havia apoiado uma estátua de Napoleão I.

A localização tornou-se o distrito comercial e financeiro de La Défense, cujo nome deriva da obra de Barrias.  Devido aos trabalhos de construção do moderníssimo distrito, a escultura foi desmontada e armazenada por vários anos, até ser reinstalada, em 21 de setembro de 1983, cem anos após a sua inauguração e praticamente no mesmo local que antes.
  
A prestigiada inauguração

Na tarde de 12 de agosto de 1883, uma grande multidão, estimada em mais de cem mil pessoas, participou da inauguração de escultura de Barrias em cerimônia presidida pelo Ministro do Interior da França, Pierre Waldeck-Rousseau.

A escultura ainda instalada sobre a base original em 1910


A cerimônia começa às 16 com uma salva de vinte e um disparos disparos de canhão posicionados no Monte Valerian, enquanto a banda de música da Guarda Republicana executava a Marseillaise. Após os discursos habituais, homenageando o patriotismo dos combatentes e a coragem heroica dos parisienses sitiados, a inauguração terminou com um grande desfile militar.

Após a partida das autoridades, o público pode finalmente aproximar-se do monumento, colocado no centro da praça instalado em uma base de granito, cercado por um portão de ferro, e iluminado por lanternas a gás nos quatro vértices.

Na inauguração, os partidários da Comuna de Paris perturbaram a cerimônia patriótica, uma bandeira vermelha foi desdobrada, e pôde-se ouvir as palavras de ordem: "vida longa à anistia; vida longa à República Social".

A escultura e suas representações

A escultura produzida em bronze representa as três figuras que simbolizam a defesa de Paris:
- Uma mulher, vestida com o uniforme da Guarda Nacional, apoiada em um canhão e segurando uma bandeira, representa a figura alegórica da cidade de Paris.
- Os defensores assumem as características de um jovem soldado mobilizado, que coloca um último cartucho no seu fuzil Chassepot. As duas figuras olham para Buzenval, o lugar dos últimos combates em janeiro de 1871.
- Do outro lado do monumento, uma menina prostrada que, com sua expressão triste e aparência miserável, personifica os sofrimentos da população civil.

A mulher vestida com o uniforme da Guarda Nacional e empunhando a bandeira representa a própria Paris. O soldado colocando o último cartucho em seu fuzil faz referência ao exército francês.


A menina prostrada , com sua expressão triste e aparência miserável, personifica os sofrimentos da população civil parisiense


Placa indicativa do monumento

Barrias inspirou-se no trabalho de Amédée Doublemard, A Defesa da barricada de Clichy, também conhecido como monumento ao marechal Moncey, da Place de Clichy em Paris.

O editor do Blog Carlos Daróz-História Militar diante do monumento A defesa de Paris

O monumento emprestou seu nome ao distrito La Défence, que se tornou o principal centro de negócios e finanças da Europa.

O distrito de La Défence, maior centro financeiro da Europa, recebeu seu nome devido à referência do monumento de Barrias

Referências
- BEST, Janice. Les monuments de Paris sous la Troisième République: Contestation et commémoration du passé. Paris: L'Harmattan, coll. Histoire de Paris, 2010.

- LAVALLE, Denis. Le monument de la Défense et la statuaire du XIX siècle. Paris: Archives départementales des Hauts-de-Seine, 1983.

EDITOR DO BLOG MINISTRA CONFERÊNCIAS SOBRE HISTÓRIA MILITAR EM CABO VERDE

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Na primeira semana de novembro, o editor do Blog Carlos Daróz-História Militar participou de uma intensa programação em Cabo Verde, na qual teve a oportunidade de realizar uma série de conferências sobre História Militar.

A primeira ocorreu no Mindelo, na Ilha de São Vicente, na conferência internacional sobre o patrimônio histórico e cultural subaquático, promovido pelo Instituto Universitário de Arte, Tecnologia e Cultura, na qual discorremos sobre a participação do Brasil na Grande Guerra.

Ainda no Mindelo, no Centro de Instrução Militar do Morro Branco, realizamos a conferência Novas dimensões da História Militar no Brasil, para os integrantes da 1ª Região Militar, onde analisamos o estudo desse importante campo do saber em nosso país, que passa por uma célere renovação.

No quartel da 1ª Região Militar, no Mindelo

Com o comandante da 1ª Região Militar, coronel José Neves

Já na cidade da Praia, na Ilha de Santiago, ministramos a mesma conferência para o Estado-Maior das Forças Armadas de Cabo Verde, despertando o interesse e a atenção dos integrantes da Guarda Nacional e da Guarda Costeira do país.

Plateia no Estado-Maior das Forças Armadas de Cabo Verde atenta à conferência

Com o coronel José das Graças, chefe de gabinete do Estado-Maior das Forças Armadas

Encerrando nossa participação, ministramos uma aula para os alunos do curso de relações internacionais do Instituto Superior de Ciências Jurídicas e Sociais com o tema História Militar e relações internacionais: a experiência brasileira, na qual pudemos analisar o emprego do poder militar brasileiro em benefício da paz mundial, sob os auspícios da ONU.

Aula no Instituto Superior de Ciências Jurídicas e Sociais

Agradecemos o protagonismo da embaixada brasileira em Cabo Verde, nas pessoas do embaixador José Carlos de Araújo Leitão e do conselheiro Ricardo Leal, que possibilitaram e viabilizaram a programação e o estreitamento das relações bilaterias entre Brasil e Cabo Verde.
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